pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Tijolinho: Petistas a céu aberto.
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domingo, 6 de dezembro de 2020

Tijolinho: Petistas a céu aberto.


As articulações presidenciais do ex-governador Eduardo Campos causariam um estranhamento do socialista em relação ao Partido dos Trabalhadores. Na fase da lua-de-mel, tanto Lula quanto Dilma Rousseff eram muito bem recebidos aqui na província, com direito ao desfrute de iguarias de nossa gastronomia regional, acrescidas dos causos de Ariano Suassuna durante a sobremesa. Para viabilizar seu projeto político, algumas lideranças políticas locais conduziram o socialista para outros  encontros políticos - e também gastronômicos - mas desta vez regados a cozidos e cervejinhas geladas. Entre uma garfada e outra, informaram-no sobre a necessidade de afastar-se do Partido dos Trabalhadores, sob pena de não viabilizar o seu projeto. Assim foi feito e, ao longo dessa trajetória, apenas a morte prematura de Eduardo Campos permitiu uma reaproximação entre as duas legendas, ainda assim com altos e baixos, como o endosso de socialistas às tecituras que culminaram com o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República, algo nunca completamente digerido por alguns membros e militantes da legenda.

Algumas dessas questões vieram à tona durante essa última campanha municipal, que colocou de lados opostos a candidata Marília Arraes(PT) e João Campos(PSB). Sem rumo e completamente atordoado aqui na província, a única forma que o PT encontrou para continuar existindo foi procurar abrigo na legenda socialista, praticamente hegemônica na província, o que garantiu duas eleições para o Senado Federal, com Humberto Costa, e alguns cargos na administração do Governo do Estado. Dependentes políticos dos socialistas, alguns dirigentes locais sempre se opuseram às candidaturas independentes da legenda aqui no Estado, preferindo apoiar o nome apresentado pelo PSB. Ao longo dos anos, essas contradições foram aflorando, mostrando sua face mais nítida agora por ocasição da eleição municipal. De um lado, petistas autênticos, que advogam que os petistas que não estiveram engajados na candidatura do partido deveriam serem expulsos da legenda. De outro, socialistas que advogam que os petistas no governo devem entregar os seus cargos. Numa de suas primeiras declarações, o prefeito eleito, João Campos(PSB) já afirmou que não pretende convocar petistas para a gestão da máquina municipal. 

Em meio a esse imbróglio, cogitou-se de uma conversa entre o senador Humberto Costa(PT) e o governador Paulo Câmara(PSB), com o objetivo de dirimir essas arestas. Neste intervalo, o senador criticou o nível da campanha dos sociaistas no último pleito. Dirigentes nacionais da legenda também acreditam não haver mais clima para manter essa aliança, em razão do grau de animosidade entre ambas as legendas. O ex-governador Paulo Guerra ensinava que, em política, não existem as palavras "nunca" nem "jamais", o que sugere sempre a possibilidade de algum tipo de negociação conciliadora, com o arranjo de um bom argumento para jogar para a platéia. Mas, sinceramente, não acredito que o PT, espontaneamente, entregará seus cargos na adminstração pública estadual. Depois dos 50 e a leitura de alguns textos de Maquiavel, fica um pouco ingênuo acreditar que o sentar à mesa para discutir os cargos seja naquela perspectiva republicana de entregá-los por quebra de princípios ou decoro ou por não haver mais condições políticas de contribuir com a gestão.  

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