Normalmente, os governadores dos Estado exercem alguma ascendência sobre a bancada de deputados federais, daí se entender que os candidatos que concorrem à Presidência da Câmara Federal os procurem no sentido de explorar esse capital, que pode ser traduzido em votos. Neste sentido, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara(PSB-PE) já teria recebido para as confabulacões de praxe e degustação de canapés o atual presidente daquela Casa, Rodrigo Maia(DEM-RJ - que deve ter discutido o conjunto de sua preferência para sucedê-lo - e o deputado Arthur Lira(PP-AL), que concorre àquele cargo com o apoio do Planalto. Cumprida essas formalidades, as lideranças locais do partido deixaram vazar para a imprensa que o PSB já havia batido o martelo em torno do nome do deputado Arthur Lira. Até o momemto, não houve nenhum desmentido do Palácio do Campo das Princesas em torno deste assunto, onde pode-se conclui que a informação procede.
Pragmaticamente, como aliás tem sido o comportamento deste partido nos últimos anos - seu presidente nacional declarou que tal disputa não envolve questões ideológicas, mas cargos, nomeações para determinadas comissões e coisas assim. Eu não entendo como ele pode afirmar isso, sabendo que, a partir de 2021 estarão em disputa, naquela Casa, a votação de agendas das mais relevantes para o país, com inegáveis componentes ideológicos. Uma disputa de projetos de sociedade. A consolidação de uma agenda de ultradireita e de costumes ou uma resistência civilizatória de corte pós-capitalista, que envolve questões ambientais, proteção de nossas riquezas naturais, a laicidade do Estado brasileiro, uma convivência humanitária com minorias de raça, credo, gênero e opção sexual.
Hoje, até numa eleição de síndico de prédio essas questões estão em jogo. Por exemplo, fala-se muito nas automações das portarias, as chamadas portarias remotas, que devem substituir os porteiros tradicionais, gerando milhares de desempregados. Observei uma coisa curiosa na última reunião de condomínio. Todos os condôminos ansiosos sobre a economia que isso representará em torno da diminuição dos valores da taxa de condomínio. Ninguém preocupado com a exclusão dos trabalhadores de seus empregos. O negócio é tão vantajoso para essas empresas que elas se oferecem para assumir os ônus trabalhistas pelo afastamento dos trabalhadores. Fico imaginando o nosso saudoso Dr. Miguel Arraes, do PSB de tempos idos, se contorcendo em sua tumba.
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