Apesar das juras e promessas do encontro protocolar de ontem entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os novos presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e do Senado Federal, Davi Alcolumbre, algo sugere que as relações harmônicas entre os Três Poderes da República estão longe de serem obtidas. Hoje, dia 04, já se fala em conversas que serão mantidas entre os novos dirigentes do Poder Legislativo e o Supremo Tribunal Federal, com o objetivo de destravar as emendas retidas. Sugere-se que os novos dirigentes vão jogar pesado em torno da independência do Poder Legislativo, compromisso essencial assumido com os seus apoiadores.
Um outro compromisso negociado com a bancada do PL é uma eventual anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro, algo dado como certo para ser pautado. Isso, aliás, vem sendo articulado desde algum tempo. Houve um tempo, quando ainda exercia o mandato, que, num desses encontros do cercadinho, o ex-presidente manifestou sua insatisfação com as atividades no Executivo. A decretação de sua inelegibilidade, porém, parece ter injetado um sangue novo nas aspirações do ex-mandatário. Aliado a este fato, a eleição de Javier Milei, na Argentina, assim como a de Donald Trump, nos Estados Unidos, sugere que tenha ampliado o desejo de Bolsonaro de voltar ao Planalto.
A fragilidade de representação congressual do Governo Lula3 é sensivelmente preocupante, daí se concluir que a vitória nas eleições presidenciais de 2022 foi uma vitória relativa. Na realidade, a oposição ganhou aquelas eleições, ao considerarmos a bancada de representantes de partidos conservadores que foi eleita. Há partidos considerados da base aliada, ocupando três pastas na Esplanada dos Ministérios, cujos deputados estão endossando, sem qualquer constrangimento, o mais recente pedido de impeachment do presidente Lula. É uma relação complicada.
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