Com o objetivo de reencontrar-se com o passado de uma maneira, digamos, mais edificante, algo que suprimisse da memória das novas gerações alguns fatos desagradáveis de sua trajetória de homem público, José Sarney, Presidente do Senado, contratou uma empresa de marketing para afinar o violino. A atitude em si não é condenável, afinal, todos temos contas a ajustar com o passado em algum momento de nossas vidas. Um livro que gostaria de ter escrito, uma viagem que não se realizou, uma intransigência aqui, uma bobagem acolá. A imagem de coronel da política, de lambe bota de militares, de patriarca devem, com certeza, está incomodando profundamente José Sarney. Ainda ontem, reproduzimos aqui no Blog uma matéria onde informava que o PPS havia entrado no STF com um pedido de inconstitucionalidade em relação à estatização da Fundação José Sarney, alegando, entre outras coisas, o princípio da impessoalidade, que deve reger o serviço público. Pois bem. Muito mal acostumado e não conhecendo a fronteira entre interesse público e as motivações privadas, Sarney contratou a empresa com verba do Senado Federal. Duas parcelas de 12 mil, conforme a coluna do Josias de Souza publicada hoje na Folha de São Paulo. A expressão "presidente da democracia brasileira" é um elogio fácil criado pelos dirigentes da empresa contratada, bem ao estilo do patrimonialismo brasileiro.
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