pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Crônicas do cotidiano: "Não gosto de você, papai Noel."
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sábado, 19 de dezembro de 2015

Crônicas do cotidiano: "Não gosto de você, papai Noel."





Aldemar Paiva morreu aos 89 anos de idade. Alagoano, era um cidadão múltiplo. Poeta, cordelista, jornalista, radialista, ator, cronista, escritor com inúmeros livros publicados. Um dos seus poemas mais conhecidos faz referência ao Natal e, nessa época do ano, por razões óbvias, é bastante invocado: "Não gosto de você, papai Noel." Ainda tive a oportunidade de vê-lo recitar esse poema num dos auditórios da Fundação Joaquim Nabuco, antes de sua apresentação, tivemos a oportunidade de manter um diálogo bastante interessante sobre a origem desse poema, além de sua rotina de criação, uma verdadeira aula sobre como escrever crônicas, um gênero que sempre gostei muito.  

Hoje, com a família, tive a oportunidade de acompanhar a programação infantil que a minha filha caçula acompanha pela TV. Nesse período, há um festival de programação toda voltada para o tema, sobretudo na TV paga. Pois bem. Em todos os programas, invariavelmente, a mensagem (ideologia) que se passa sobre o "não receber presente" está relacionada ao mal comportamento, ou seja, a criança não recebe o presente porque se comportou mal, foi uma criança rebelde, desobediente, mal-educada e outros adjetivos do gênero. Não sei se vocês repararam, mas o sistema tem sempre razão e a culpa é toda indutada ao indivíduo. 

No poema de Aldemar Paiva fica evidente as agruras de um pai empobrecido, incapaz de proporcionar um presente ao seu filho. Fiquei imaginando a lógica perversa de um sistema que é capaz de provocar uma maldade tão atroz. Quer dizer, então, que todas as crianças pobres - aquelas cujos pais não reúnem condições de presenteá-las - são crianças ruins, más, indolentes, que não fazem jus ao "sistema de recompensas"? Uma perversidade do sistema capitalista que, certamente, produzirá traumas às crianças que não participam desse "fetiche" consumista imposto pelo capital, nessa época do ano.



Como a economia não vai bem das pernas, os comerciantes já anteveem a possibilidade de um Natal magro este ano. Sem presentes e, talvez até mesmo sem a presença dos tradicionais queijos do reino e do peru. Aliás, estamos terminando o ano em meio a um grande impasse, na condução da política econômica - inclusive com a substituição de Joaquim Levy por Nelson Barbosa - e em meio a um imbróglio político que parece não dá trégua à presidente Dilma Roussef, mesmo depois que o STF tentou por ordem na casa. Deixo com vocês o poema completo do Aldemar Paiva. 





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