A JUSTIÇA FEDERAL, por ordem do
magistrado Teori Zavascki,
ministro-relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF),
expediu 4 (quatro) mandados de busca e apreensão de documentos, aparelhos em
domicílios, empresas públicas e escritórios políticos aqui em Pernambuco, com o
objetivo de impedir a destruição de provas ou indícios da participação
criminosa de políticos e empresários no esquema fraudulento de desvio de
dinheiro proveniente da construção da Refinaria Abreu e Lima, em Suape. O mesmo
número de mandados (4) foi confirmado pelas informações prestadas pelos meios
de comunicação, em cadeia nacional. De Brasília, onde foram prestadas as
informações, ao Recife, ocasião em que uma emissora local de Televisão repercutiu
as notícias, ao lado do assessor de comunicação da Polícia Federal, o senhor
Giovanni Santoro, os quatro mandados viraram 3 (três).
Depois, a repórter
informou que um havia sido suspenso. Curiosamente, o nome dos investigados
nessa operação (Catilinárias) não foi mencionado, nem pela repórter nem pelo
assessor da falta de comunicação. Em Brasília, em um telejornal vespertino, a repórter mencionou rapidamente
o nome do senador Fernando Bezerra Coelho (PSB), do empresário e dono do
armazém “O Grillo” e da fazenda “Esperança”, e sócio do ex-governador Eduardo
Campos (PSB), e o nome do próprio finado, e a sua fazenda em Brejão, Projeto
Agropecuário: “Nossa Senhora de Nazaré”. Pois bem, a quem se destinava o quarto
mandado, pedido pelo Ministério Público Federal, e suspenso pela Justiça, no
caminho de Brasília a Recife?
Assim, vamos nos valer aqui das informações colhidas nos blogs de
notícia, para esclarecer o destino do quarto mandado: essa ordem judicial se
destinava a fazer uma busca e apreensão de documentos, aparelhos, planilhas,
notas fiscais, rebibos e outros elementos de prova na casa de dona RENATA
CAMPOS, viúva do senhor EDUARDO HENRIQUE ACCIOLY CAMPOS. Quero afirmar,
preventivamente, ao séquito da viúva e seus advogados, que essa notícia não foi
inventada por mim. Está nas redes sociais. Infelizmente, os meios de
comunicação de massa e, por incrível que pareça, nem o assessor – tão garboso –
de comunicação da PF quis declinar, com a presteza e loquacidade que lhe são
peculiares, os nomes dos envolvidos na operação de busca da PF em Pernambuco,
nem quem era o alvo da busca do 4º mandado.
Por que?
Essa investigação corre sob segredo de Justiça? – Os nomes de um simples
empresário e de um ex-governador falecido não podem ser mencionados? E por que
o do senador do PSB foi? E por que a televisão em Brasília pode, ainda que
rapidamente, mencionar os nomes dos três investigados em Pernambuco? Acaso,
essas criaturas são inimputáveis? Estão acima da lei e do ordenamento jurídico
do País? - Por que foram omitidas essas informações? – Qual o critério
jornalístico da TV GLOBO do Nordeste para justificar essa clamorosa falha de
comunicação? E por que a Polícia Federal preservou da indiscrição pública a
nomeação dos políticos e empresários pernambucanos envolvidos na
Operação-Lava Jato?
Não sabe a Polícia e a imprensa que a transparência e o acesso público
às informações é um imperativo do pleno exercício da democracia e que os cidadãos
e cidadãs têm todo o direito de saber o que é feito com o dinheiro público? E
procurar a responsabilização civil e criminal dos que utilizam o Estado em
função de interesses particulares ou de grupo? – Por que subtrair do crivo
fiscalizador da opinião pública coisas tão graves, como
essas que estão sendo reveladas nas delações premiadas, nas CPIs, nos
inquéritos da Polícia Federal, em Curitiba, nos jornais (não vendidos), nas
televisões (não censuradas), nas redes sociais e na boca do povo de um modo geral?
A quem interessa sonegar ou deixar de prestar a informação correta, completa, íntegra aos
que votam, pagam e sofrem as consequências dos inúmeros malfeitos da
administração pública no Brasil?
Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador, cientista político, professor titular da Universidade Federal de Pernambuco e coordenador do Núcleo de Estudos Eleitorais, Partidários e da Democracia - NEEPD-UFPE
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