pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Governo Dilma Rousseff em equilíbrio instável
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domingo, 20 de dezembro de 2015

Editorial: Governo Dilma Rousseff em equilíbrio instável



A despeito das notícias alvissareiras da última semana - como a decisão do STF sobre o rito do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff; a ligeira recuperação de sua popularidade, apontada por pesquisa do Datafolha; a troca de comando no Ministério da Fazenda, responsável pela condução da política econômica; das mobilizações dos movimentos sociais, populares e sindicais em todo o país, em favor do Governo- na realidade, o caldeirão político continua em plena ebulição na capital federal, colocando a presidente naquilo que, em Ciência Política, denominamos de equilíbrio instável. Não dá para dormir em paz com essas aves de rapina conspirando o tempo todo, apostando no quanto pior melhor, desejosos de apear do poder uma mandatária legitimamente eleita pelas urnas, sem uma motivação concreta, como exaustivamente denunciado por juristas e entidades como a OAB. 

A conjuntura política indica que o Governo Dilma ainda está muito distante de uma recuperação. A presidente Dilma Rousseff​ até pode encomendar os ingredientes da ceia de Natal, convidar os familiares para a confraternização, brincar com o neto - como na foto acima, publicado pelo Jornal Correio Brasiliense -mas, a rigor, está segurando um cabo de guerra, pressionada tanto pela direita, quanto pelos setores que a apoiam. Não dá aqui para dizer que são necessariamente de esquerda os segmentos sociais que a apoiam, uma vez que até partidos ditos de esquerda estão indo às ruas pedir a cabeça da presidente, como é o caso do PSTU e figuras como Renan Calheiros assumem a linha de frente da defesa dessa Governo. 

Depois, convenhamos, definir o que é de esquerda nesse Governo de Dilma, não tem sido uma tarefa das mais fáceis. Esquerda aqui mesmo apenas aquela multidão de pessoas dos movimentos sociais e sindicais que saíram às ruas para manifestar apoio ao Governo. Essas raposas políticas não dormem e irão conspirar durante todo o recesso. Se eu fosse Dilma, ligaria para o Aldo Rebelo e pedia para cancelar aquele tradicional descanso de fim de ano na Base de Aratu. Em pouco tempo, o famigerado Deputado Eduardo Cunha ganhou uma sobrevida na Presidência da Câmara dos Deputados.Uma decepção para aqueles cidadãos e cidadãs brasileiros que torciam que ele não chegasse a 2016 na presidência daquela Casa. 

Como informou Anatólio Julião, em postagem pelas redes sociais, no dia de ontem, é uma cascavel que se escondeu dentro de casa e que ainda não foi encontrada. Como não estamos lidando com conventos e seminaristas, mas com bordéis, um dos principais avalistas do Governo Dilma é o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros que, como informou o cientista político Michel Zaidan, até a cabeleira é falsa.  Infelizmente. É um cabra mais sujo do que pau de galinheiro. Lembro que, certa vez, publicamos, num blog local, um longo artigo sobre o dilema em que nos encontrávamos, tendo como avalista alguém com essas credenciais. O título do artigo era: o Brasil ainda tem jeito. Achei interessante que houve apenas um comentário, em apenas uma única palavra: não.  

Certamente por ser do ramo é que ele teve a coragem do peitar os seus pares, como é o caso do vice-presidente, Michel Temer(PMDB). Engraçado mesmo foi sua afirmação de que o PMDB não tem donos nem é um partido de coronéis. Não mesmo, Renan. De qualquer maneira, o ano de 2016 promete que será de intensas turbulências. Já que estamos no período natalino, vale a referência bíblica sobre o servir a dois senhores. Dilma fez concessões demasiadas aos seus adversários políticos. Entregou a condução da política econômica a um homem de confiança do mercado e dos setores conservadores, como o Joaquim Levy. 

Joaquim queria avançar no austericídio, mas ela ponderava em nome dos políticas sociais do Governo. Há quem assegure que ele deveria radicalizar essas medidas, sob pena de conter a sangria das finanças públicas. Há quem discorde, indicando que Dilma deveria ter seguido um outro caminho, nomeando alguém para imprimir uma outra diretriz às políticas econômicas, como se sugere que Barbosa deverá fazer. Não sou economista, mas já vi gente boa defender uma mudança radical nessas políticas, caso de André Singer que, por suas conhecidas ligações com o Governo, deve saber o que está dizendo. De acordo com Singer, Barbosa deveria ter sido escolhido desde o começo do Governo. Bem ou mal, os apoiadores de Dilma Rousseff defendem essa tese e já afirmaram que ela perderia o apoio popular caso continuasse com Levy e o seu austericídio. 

De concreto, com as políticas de Levy ou sem elas, o que se sabe é que a nossa economia vai muito mal das pernas. Do ponto de vista da condução da política econômica, a opção por Levy teria sido um erro. Do ponto de vista político o maior erro foi esse loteamento do Governo por atores sabidamente de má fama na condução dos negócios públicos, enredando o Estado em casos emblemáticos de corrupção, conforme vem se observando nas investigação da Operação Lava Jato. Aqui, segundo o ex-ministro Ciro Gomes, houve um grave erro, incapaz de ser consertado com a propalada tese de que ninguém combateu mais a corrupção do que este Governo. Se, por um lado, ocorreram avanços no que concerne ao aperfeiçoamento dos instrumentos de fiscalização e controle do Estado, deu-se carta branca à atuação de alguns atores - caso de Rodrigo Janot, da PGU - por outro lado, é uma baita contradição governar com o PMDB e manter uma cruzada de enfrentamento à corrupção.    

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