pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: O xadrez político das eleições municipais de 2016, no Recife: Geraldo Júlio ainda suspira, pelos números da primeira pesquisa de intenção de voto.
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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

O xadrez político das eleições municipais de 2016, no Recife: Geraldo Júlio ainda suspira, pelos números da primeira pesquisa de intenção de voto.


José Luiz Gomes

Os recifenses foram agraciados, no último domingo, com a primeira pesquisa de intenção de voto para a Prefeitura da Cidade do Recife, nas eleições municipais de 2016. A pesquisa foi encomendada pelo Jornal do Commércio e realizada pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN). Sempre que essas pesquisas são publicadas, logo aparecem as denúncias de manipulação dos dados - construídos a partir dos grandes interesses em jogo - envolvendo o poder econômico; a máquina pública; os próprios institutos; assim como setores da mídia, explicitamente comprometidos com este ou aquele grupo político. Aliás, mais explicitamente impossível, uma vez que, no nosso Estado esses interesses estão irremediavelmente imbricados. Acionistas de jornais possuem institutos de pesquisa, ao passo que atores organicamente vinculados a partidos são proprietários de jornais.  

A  engrenagem é perversa, subvertendo os reais indicadores que essas pesquisas deveriam externar, ou seja, a opinião do cidadão sobre a gestão da polis. Neste contexto, os dados apresentados apenas revelam as intenções dos seus operadores, com propósitos nada republicanos. Por isso mesmo é que esses institutos, salvo honrosas exceções, estão com o prestígio mais baixo do que poleiro de pato. Na Paraíba, cuja realidade conheço mais de perto, essas pesquisas tornaram-se casos de polícia. No Estado, não apenas as pesquisas, mas os próprios institutos são comprados. 

Naquele Estado, existem uma série de problemas, inclusive uma espécie de "terceirização", onde os "grandes" contratam institutos pequenos, sem a menor experiência, para realizarem os trabalhos locais, resultando o trabalho em graves equívocos metodológicos. Até nome de candidato já foi "esquecido" das folhas de tabulação. Não colocaria todo mundo nessa "vala comum", mas os procedimentos desses institutos - que se repetem a cada ano - justificam a rejeição do público em acompanhar esses dados como se eles, de fato, traduzissem uma realidade.Cumpre também observar que os nossos comentários não se dirigem, especificamente, à pesquisa realizada pelo IPMN, realizada, creio, cumprindo todos os trâmites metodológicos e legais.  

A pesquisa do IPMN procurou averiguar a intenção de voto dos recifenses, caso as eleições municipais de 2016 fossem hoje. Aproveitaram o momento para inferir como anda o humor dos recifenses no que concerne à avaliação da gestão municipal, do Governo Estadual, assim como da presidente Dilma Rousseff. A pesquisa foi publicada neste domingo, dia 06/12, pelo jornal contratante. No momento, há apenas uma candidatura definida, a do atual gestor da cidade Geraldo Júlio, do PSB, candidatíssimo a mais um mandato. Os outros nomes são apenas especulações. Por enquanto. Em todo caso, pontuaram nessa pesquisa do IPMN os nomes do ex-prefeito João Paulo(PT), do Deputado Federal Daniel Coelho (PSDB), da Deputada Estadual Priscila Krause(DEM) e do também deputado do PSOL, Edilson Silva. 

Seria muito cômodo se tomássemos aqui apenas aqueles números que nos conviesse, fazendo uma análise de conveniência. Não vamos fazer isso. Há alguns aspectos que respeitamos profundamente nessas pesquisas, quando procedidas com isenção, obedecendo os critérios de corte científico, sem as manipulações grosseiras. Por outro lado, os "buracos" são tão evidentes que não precisam de nossas observações. Alguns indicadores das últimas eleições, por exemplo, podem sugerir que os institutos foram "enganados' pelos eleitores, dada as discrepâncias desses resultados quando as urnas foram apuradas. Os institutos erraram feio no volume de votos em branco ou nulos. Há um consenso de que os métodos precisam ser urgentemente revistos, minimizando a possibilidade de ocorrência desses "buracos". 

Vamos seguir, portanto, nossa intuição, a despeito dos números apresentados pelo IPMN. Se as eleições fossem hoje, Geraldo Júlio(PSB) ainda seria reeleito prefeito do Recife. Aparece com 25% das intenções de voto. 29% da população considera sua gestão entre boa(22%) e ótima(7%). Há, aqui, um equilíbrio entre os percentuais da avaliação de sua gestão, assim como aqueles eleitores que sugerem votar nele à reeleição. Acredito que, muito dificilmente, diante dos fatos, ele conseguirá manter ou mesmo avançar no quesito avaliação. A máquina pública, em todos os níveis, enfrenta enormes dificuldades de financiamento. Geraldo Júlio(PSB) foi eleito na esteira de um projeto que pretendia alçar a candidatura do ex-governador Eduardo Campos à presidência da República. Era o homem que cuidaria do Recife sob a sua tutela.

Era uma época em que os recursos federais ajudavam bastante as administrações do Estado e da capital. Geraldo, então, apareceu como um gerente, um técnico, um tocador de obras que iria mudar a face do Recife, resolvendo alguns dos seus problemas estruturais. Por inúmeras razões, isso não tornou-se possível. Há problemas de toda a ordem. O número de moradias entregues à população, quando cotejado com o prometido até o final da gestão, é irrisório. A gestão da educação é outro grande gargalo e, como se não bastasse, agora surgiu a epidemia das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Eegypti. Para completar o enredo, o prefeito da cidade, cujo quadro dessas enfermidades é gravíssimo, ausentou-se de um encontro com as autoridades de saúde do Estado e do Governo Federal para tratar dessa questão. Um equívoco político, patrocinado para marcar "posição", talvez. Que "posição" mesmo? 

Teria feito melhor se ajudasse a presidente Dilma acerca da denominação correta dessas doenças, uma vez que a mandatária ficou toda enrolada ao tratar do assunto. Aqui para nós, esse tal de "chicocunha" é complicado mesmo, presidente. Nem os próprios médicos se entendem acerca do tamanho do cérebro que indica que o recém-nascido foi acometido pela microcefalia. É bom que os assessores do prefeito saibam que isso causou alguns danos políticos à sua imagem. Se eles acompanham as redes sociais como parece, devem ter percebido.

Para o bem ou para o mal, o "balizamento" político dessas figuras públicas era o ex-governador Eduardo Campos. Sua morte representou um vácuo difícil de ser preenchido. Já disse outras vezes aqui e volto a repetir, que a "Pedagogia da Autonomia", de Paulo Freire, certamente, não era o livro de cabeceira do ex-governador. Tanto Geraldo Júlio quanto Paulo Câmara demonstram claramente que estão sem rumo. Talvez um bom exemplo seja essa polêmica gerada em torno do possível posicionamento do governador Paulo Câmara, contrário ao impeachment da presidente Dilma Rousseff. Hoje, dia 10 de dezembro, ele voltou a falar sobre o assunto, numa entrevista a uma rádio local. 

Se ele fosse um político mais "nítido", quiçá, esse seu posicionamento não gerasse tanta polêmica. O problema talvez seja mesmo essa esfinge que se esconde por trás de um burocrata alçado à condição de governador de Estado, apenas para cumprir uma missão executiva que atendia aos interesses do ex-governador Eduardo Campos. E só. Com a morte prematura do líder, eles batem cabeça. A cozinha das finanças do Palácio do Campo das Princesas não deu aos dois técnicos aquele traquejo político necessário ao exercício do mandato. Os índices de avaliação de ambos, principalmente Paulo Câmara(PSB), são preocupantes. 

Que nos perdoe o senhor Jarbas Vasconcelos - que vê nele um potencial político - por enquanto, Paulo não demonstra o menor pendor para o ramo. É difícil dizer como estaremos - ou se estaremos - em outubro de 2016. O quadro político e econômico é bastante confuso. Estamos mergulhados numa das maiores crises política e econômica de nossa história, com a economia em frangalhos e uma presidente com uma corda no pescoço.

Já que estamos no período natalino, vale uma menção às sagradas escrituras, onde Cristo afirma que odeia os indiferentes. Paulo tem um passado político tão desconhecido que, mesmo ao tomar posições, ele não transmite confiança. Permanece aquela sensação de  "indiferença" e "irrelevância" que o caracteriza. A impressão que se passa é a de que O ex-governador Eduardo Campos não desejava ninguém que pudesse "criar problemas" para ele mais adiante. Agia como se fosse eterno. 

Perdoe-nos pelo digressão, mais, voltando às eleições do Recife, o próprio IPMN informa que dois atores políticos podem fazer a "diferença" nas eleições do Recife: O Deputado Federal Daniel Coelho(PSDB) e a Deputada Estadual Priscila Krause(DEM). Isso faz lembrar uma eleição passada, onde o pai de Daniel, João Coelho disputou a cadeira de prefeito do Recife pelo PDT, do então governador Leonel Brizola. Uma campanha muito bonita, que contou, inclusive, com a presença do ex-governador do Rio Grande do Sul. Brizola espalhou seu carisma pelas ruas do Recife, em carro aberto, distribuindo rosas vermelhas, o símbolo da agremiação. A performance de João Coelho, pelo então PDT, foi uma das melhores. Parafraseando Humberto Costa, numa referência a uma outra eleição em que ele disputou o Palácio Antonio Farias, se as eleições tivessem mais duas semanas, ele seria o prefeito.  

Há setores tucanos que exercem uma forte oposição ao prefeito do Recife e propõem uma candidatura própria nas eleições de 2016. Essa tese é endossada, inclusive, por grãos-tucanos de projeção nacional. Por outro lado, setores da legenda integram a administração municipal. Por enquanto, eles batem boca, esperando o desfecho da crise política nacional que, certamente, terá reflexos no pleito municipal de 2016. Priscila também se movimenta muito bem, exercendo um mandato bem-avaliado, como prevíamos. Não nos afinamos com as suas ideias, mas devemos admitir que se trata de uma parlamentar bastante atuante. Não sabemos se será candidata a prefeita nas eleições de 2016, mas os seus movimentos indicam que ela tem pretensões. O prefeito usa a estratégia de evitar candidaturas. Vamos ver por quanto tempo. 

Quem também aparece muito bem na fita é o ex-prefeito do Recife, por dois mandatos, João Paulo(PT), hoje na presidência da SUDENE. Trata-se de uma pesquisa onde os números afagam os ânimos da militância petista. Para João, no entanto, a despeito dos resultados alvissareiros, isso representará inúmeras sessões com o seu astrólogo. Afastado das disputas eleitorais depois de algumas refregas, uma candidatura mal-sucedida aqui poderia encerrar sua carreira politica de forma melancólica. "Naqueles tempos", João Paulo costumava frequentar o antigo Ginásio Pernambucano, ali na Rua da Aurora. Amigo de um dos professores daquele centro de ensino, não raro, o encontrava por lá, proseando com os professores. Quanto tempo não,João? 

   

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