"Esses dados do cotiando difícil enfrentado pelos brasileiros e brasileiras - notadamente pós-golpe institucional de 2016 - talvez explique o desencanto com a próxima eleição presidencial, fato observado, mais uma vez, pelo última pesquisa divulgada pelo Instituto Datafolha, que aponta que 36% do eleitorado não demonstra qualquer tendência de voto para a Presidência da República, além de inclinarem-se para o voto branco ou nulo. É mais de um terço do eleitorado, fato jamais verificado no país. Sem Lula no páreo, observa-se uma espécie de orfandade, traduzida no altíssimo índice de votos brancos ou nulo e de eleitores indecisos. A notícia boa é que o ex-militar, Jair Bolsonaro(PSC), parece estacionado na faixa dos 18% do eleitorado - com variações dentro da margem de erro na série histórica dessas pesquisas realizadas até aqui - indicando, quem sabe, um "teto" que não permitira ao seu séquito de seguidores a euforia de outdoors como aqueles espalhados, inclusive no terra do ex-presidente Lula, Garanhuns, aqui em Pernambuco, com os dizeres: "É melhor Jair se acostumando." Em todo caso, com Lula fora do páreo - como pretendem alguns "operadores" - o militar da reserva lidera a disputa, num quadro ainda indefinido entre o segundo colocado, mais com uma ligeira vantagem da irmã Marina, o que nos rementem a uma observação do professor Michel Zaidan, no sentido de que nos restariam, neste cenário, fazer uma opção entre a cruz e a espada. A crise política e institucional em que o país mergulhou após os episódios de 2016, creio, talvez explique esse desapontamento do eleitorado com um processo político trôpego, capaz de se utilizar dos próprios instrumentos da democracia representativa - o impeachment - para solapá-la."
(José Luiz Gomes, cientista político, em editorial publicado aqui no blog)
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