pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: As implicações políticas da intervenção no Rio de Janeiro
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sábado, 17 de fevereiro de 2018

Editorial: As implicações políticas da intervenção no Rio de Janeiro



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Quem acompanhou a fala dos Ministros da Defesa, Raul Jungmann, e da Secretaria de Segurança Institucional, general Sérgio Etchegoyen, perceberam o quanto eles manifestavam uma preocupação em emprestar ares de normalidade "democrática" à intervenção federal na área de segurança pública no Estado do Rio de Janeiro. Ontem escrevemos um longo editorial sobre o assunto. Tão longo que o encerrei antes de entrar na discussão sobre as implicações políticas dessa intervenção, a primeira desde a Constituição de 1988, num contexto de conturbação social e crise institucional sem precedentes, sob a égide de um golpe institucional em curso, perpetrado em 2016, com a deposição da presidente Dilma Rousseff da Presidência da República. O que vem a seguir é a adoção de uma "agenda" de consequências nefastas para a população brasileira, o que implicou no aprofundamento da crise e pode mergulhar o país na tragédia de um obscurantismo sem precedentes.

É crescente a opinião entre os especialistas em segurança pública que a intervenção federal no Rio de Janeiro, circunscrita a área de segurança, não irá resolver o problema, em razão do estágio de capilaridade atingido pelo crime organizado, com seus tentáculos na política, no aparelho repressor do Estado e alimentado por um pungente mercado de consumo de drogas que movimenta milhões de reais por mês. No Rio já existem "zonas de exclusão", sob o estrito controle dos chefes de tráficos. As UPPs, que atuaram numa perspectiva estritamente "militar' não conseguiram se afirmar e estão abandonando o campo de batalha desmoralizadas. Relatórios de entidades como a Human Right Watch, indicam que uma série de outras ações que precisavam dar suporte à presença dos militares nas favelas deixaram de ser realizadas, o que pode explicar esse malogro. Que isso sirva de alerta aos interventores.


Numa entrevista recente, depois das chacinas ocorridas no Ceará, o Secretário de Segurança Pública daquele Estado, André Costa, um jovem delegado federal de apenas 38 anos de idade,  fez uma observação que merece toda a atenção: Observou ele que naquele Estado existiriam 170 mil jovens sem emprego e fora da escola, sem qualquer ocupação, tornando-se presa fácil para a cooptação do crime organizado. Quantos jovens estão nesta mesma situação no Estado do Rio de Janeiro? Quantos pais de famílias estão desempregados nas favelas cariocas, tornando-se vulneráveis às investidas do crime organizado? Um dado que não pode deixar de ser elidido aqui são as ações deliberadas no sentido de eliminar fisicamente policiais no Rio de Janeiro. Somente este ano já atingimos os 134. Isso lembra um pouco a Medellin de anos atrás, sob o controle de Pablo Escobar, quando eram oferecidas recompensas pela morte de policiais. Alguém já alertou para este fato? Torçamos que o Rio de Janeiro não se torne palco  das tragédias que se abateram sobre aquele país, durante os dias mais sombrios do enfrentamento dos chefões do tráfico, que temiam, tão somente, uma extradição para os Estados Unidos.

A rigor, a rigor, do ponto de vista das implicações políticas pode-se concluir pelo avanço da onda autoritária e o encolhimento da democracia. Não é nada desprezível que se observem senhoras saudando os militares e exibindo as bandeiras do Brasil, fatos que já foram registrados em manifestações que pediam a intervenção militar no país. Eis aqui uma situação que preocupa, em razão da conjuntura política e da "falência" de vários entes federados, em situação semelhante ao descalabro do que ocorreu no Estado do Rio de Janeiro, governado por homens públicos da estirpe daquele cidadão que já acumula mais de 300 anos de condenação por malversação de recursos públicos. Na realidade, o golpe de 2016 produziu uma grande mediocridade política que conduz, sintomaticamente, o país ao limbo. Um país governado por homens públicos com este perfil não podia dar noutra coisa. O país, pós-golpe institucional de 2016, foi, na realidade, "assaltado". Isso não poderia dar outro resultado. Infelizmente.


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