José Luiz Gomes da Silva
Cientista Político
A folia momesca, naturalmente, é território livre para todas as tribos políticas. Não seria de se estranhar, por exemplo, que socialistas, petistas, tucanos e emedebistas estivessem prestigiando o carnaval de Bezerros, Agreste do Estado, onde ocorre uma das tradições mais representativas do carnaval pernambucano, os Papangus, que se apresentam todos os anos. A surpresa deste ano talvez tenha ficado por conta da descontração entre o ex-prefeito do Recife, João Paulo(PT) e o governador Paulo Câmara, do PSB. Antes disso, aqui pelas coxias políticas do Estado, já se falava sobre uma eventual aliança PSB/PT para as próximas eleições estaduais, com a possibilidade de o ex-prefeito vir a ocupar a vaga de vice na chapa situacionista. Depois de sucessivas refregas, seria natural que o PT procurasse uma sobrevivência política no país e, muito em particular, em Pernambuco, onde o partido foi garroteado por um ex-governador, num processo de submissão aliancista, que parece-nos ter favorecido apenas uma das partes.
Essa poderia se constituir na última chance de sobrevivência política para algumas das mais representativas figuras políticas do partido no Estado. Sem espaço de poder, sem mandato, logo alguns desses atores políticos terão que se dedicar a escrever as suas memórias. O danado é encontrar uma estratégia política que contemporize a sobrevivência desses caciques e, ao mesmo tempo, satisfaça os interesses da nova geração - que aspiram à disputa em raia própria - ou da militância e dos autênticos petistas, ou seja, aqueles que ainda não superaram o trauma do golpe perpetrado contra a ex-presidente Dilma Rousseff(PT), que contou com o apoio dos "socialistas" e emedebistas, que hoje já admitem os convescotes e alianças de ocasião. Difícil a construção de um consenso por aqui, no contexto de uma práxis politica completamente inorgânica, dissociada das bases, capaz de provocar urticárias na militância.
Em épocas passadas, por equívocos em sua política de alianças, o PT perdeu uma grande oportunidade em constituir-se como uma força política relevante no Estado. Na realidade, sucumbiu ao processo de eduardolização da política pernambucana, conduzindo-se a reboque dos seus interesses e foi descartado logo em seguida, quando os projetos presidenciais do ex-governador o levaram a aproximar-se da centro-direita. Com a sua morte, uma natural auto-crítica e o "desencanto" com o Governo do Presidente Michel Temer(MDB), os "históricos" ou "autênticos" socialistas ganharam o cabo de guerra que recomendava um novo flerte com teses de esquerda, o que contingenciou o partido a afastar-se do Governo. É uma grande ingenuidade pensarmos que essa turma desconhecia os rumos que poderia tomar uma aventura política golpista. Naturalmente, não há aqui um caso de "consciência pesada". Explica muito mais o distanciamento desse grupo uma espécie de "depuração", provocada por uma dissidência aberta no partido entre não governistas e governistas, que votavam fechado com o Governo Temer. Esse agrupamento era uma espécie de "direita" do partido, cooptada durante o processo de fortalecimento do projeto presidencial do ex-governador Eduardo Campos.
Como ensinava Nicolau Bernardo Maquiavel, moral cristã, ética - e possivelmente ideologia - não se coadunam muito bem com a realpolitik. Ainda ontem conversava com um professor que não entendia como o sindicato dos professores - muito ligado ao PT - iria apoiar o projeto de reeleição do governador Paulo Câmara. Faz sentido essa preocupação, assim como é possível que alguns grupos do PT, como informamos no início do artigo, não encampem esse projeto de puro pragmatismo político, com o propósito de salvaguardar a sobrevivência de algumas espécies, com chances maiores de eleição numa aliança com os socialistas. Como as deliberações partidários no PT passam pela consulta aos seus membros, talvez essa tese não vingue. Mas, se passar - imposta pela oligarquização - certamente deixará muitos militantes à deriva.
Como ensinava Nicolau Bernardo Maquiavel, moral cristã, ética - e possivelmente ideologia - não se coadunam muito bem com a realpolitik. Ainda ontem conversava com um professor que não entendia como o sindicato dos professores - muito ligado ao PT - iria apoiar o projeto de reeleição do governador Paulo Câmara. Faz sentido essa preocupação, assim como é possível que alguns grupos do PT, como informamos no início do artigo, não encampem esse projeto de puro pragmatismo político, com o propósito de salvaguardar a sobrevivência de algumas espécies, com chances maiores de eleição numa aliança com os socialistas. Como as deliberações partidários no PT passam pela consulta aos seus membros, talvez essa tese não vingue. Mas, se passar - imposta pela oligarquização - certamente deixará muitos militantes à deriva.
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