Em suas mais recentes declarações públicas, o Ministro da Defesa, o pernambucano Raul Jungmann(PPS), nas entrelinhas, aponta a falência de um determinado sistema. Para não cometer algum equívoco passamos a ficar mais atentos a essas entrevistas, de onde se conclui que ele se refere à estrutura policial do Estado do Rio de Janeiro, possivelmente ainda como reflexo das afirmações anteriores do Ministro da Justiça, Torquato Jardim, que afirmou que o aparato policial do Estado estava completamente contaminado pela bandidagem. De fato, naquele Estado, o crime organizado penetrou perigosamente no núcleo duro do aparato de segurança pública, comprometendo o êxito de suas ações. Quando isso acontece, algo precisa ser feito urgentemente. Numa única ação da banda boa da polícia carioca, quase cem policiais bandidos foram grampeados e estão respondendo a processos disciplinares, acusados de envolvimento com o crime organizado.
Na realidade, quando se trata do Rio de Janeiro, sabe-se que não é apenas o aparato de segurança pública, mas todo o Estado que precisa ser repensado, inclusive seu corpo político necrosado e corporativo, que continua a dar maus exemplos aos cidadãos e cidadãs daquele ente federado, como se ainda não fosse suficiente o fato de um ex-governador já ter sido condenado há mais de 300 anos de prisão, acusado de malversação de recursos públicos. O seu preposto, outro dia, queixou do noticiário da imprensa sobre o Estado, que, segundo ele, estaria potencializando a onda de violência que assola aquele ente federado, que não seria assim tão violento como outros Estados do país. O problema, então, seria da imprensa ou da cobertura jornalística em regiões como a Cidade do Diabo( ou seria de Deus?). Para a nossa preocupação, pelo menos no tocante à prevenção a roubos de cargas, as ações das Forças Armadas estão sendo previstas para se tornarem permanentes, o que não é bom. Outro dia foi preso pela Polícia Federal um sargento do Exército com um grande arsenal de armas que seriam destinadas aos traficantes. Lembram disso?
Mas, como o que está ruim ainda pode ficar pior, em meio a essas turbulências, o comandante da Polícia Militar daquele Estado, Wolney Dias, sugeriu uma diminuição sensível das UPPs, de 38 para 18. A rigor, a rigor, a estrutura dessas UPPs estão sendo gradativamente desmontadas, talvez apenas não na velocidade que o comandante da PM carioca deseja. Sem recursos para investimentos e para a contratação de novos policiais, a solução encontrada pelo Governo do Estado foi desativar essas UPPs, transferindo seus afetivos para outras atividades. A falência dessas UPPs, como temos afirmado em outras ocasiões está diretamente relacionada à ausência de outras ações sociais igualmente - ou até mais importantes na prevenção da violência - nas comunidades onde elas foram instaladas. Hoje, então, com um Estado completamente esfacelado, até mesmo as ações tópicas de combate à violência ficam comprometidas. Para desgosto de Pezão, infelizmente, a tendência é que os brasileiros continuem acompanhando pela TV aquelas cenas apavorantes de moradores assustados, desesperados com a possibilidade de serem vítimas de balas perdidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário