pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: Os 200 anos do Diário de Pernambuco
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sábado, 8 de novembro de 2025

Editorial: Os 200 anos do Diário de Pernambuco


Todas as homenagens merecidas ao tradicional Diário de Pernambuco, que completou 200 anos de existência recentemente. Ontem estava sendo aguardada, com grande expectativa, a abertura uma espécie de cápsula do tempo, de 100 anos, quando o jornal completou um século de existência. Trata-se de um jornal intrinsecamente ligado à nossa História Regional e até de nossa Geografia, uma vez que, para o historiador Durval Muniz de Albuquerque, sua identidade com o Nordeste é tão expressiva que o espaço geográfico da região passou a ser delimitado, certa medida, por sua área de circulação. O Nordeste ia até onde o Diário de Pernambuco chegava. Ele está presente até em textos consagrados de nossa literatura, a exemplo do livro Banguê, do escritor paraibano José Lins do Rego. A referência vem num sentido jocoso, quando o coronel Zé Paulino, percebendo que o rebento, seu neto Carlinhos, não dava para a lida do eito do engenho, diz para ele que o Diário já havia chegado. 

Carlinhos passava as manhãs pensando no "futuro" do Santa Rosa deitado numa rede e lendo o Diário de Pernambuco. Um grande amigo de José Lins, o antropólogo pernambucano Gilberto Freyre, tem uma história profundamente afetiva com o Diário de Pernambuco. Foi um colaborador assíduo daquele jornal, publicando artigos com regularidade, atividade que não interrompeu nem quando esteve nos Estados Unidos, realizando uma temporada de estudos. De lá ele plantou as sementes do seu regionalismo, traduzido, em parte no O Livro do Nordeste, quando reuniu artistas, escritores e intelectuais para produzirem artigos analisando alguns aspectos da região, por ocasião do centenário do jornal. 

Segundo registros, foi o primeiro livro organizado no país, identificando em Gilberto um grande pioneirismo em várias áreas do conhecimento, inclusive em seus métodos de pesquisas ecléticos, transgressores, exclusivos, quando muito mitigados. Esta característica ele demonstraria desde a infância, quando insistia em desfigurar os rostos dos quadros que pintava sob a supervisão de Teles. E, por falar em pioneirismo, não é pequena a inserção do sociólogo com a imprensa, a começar pela experiência de A Província. Gilberto chegou a dirigir o Diário de Pernambuco, onde lapidou um grupo seleto de gente boa de pena, a exemplo do jornalista Aníbal Fernandes. Trata-se de um dos período mais turbulentos do jornal, período da ditadura do Estado Novo, quando o jornal fechava as trincheiras contra o interventor Agamenon Magalhães.

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