Alan Marques/Folha
De passagem por Porto Alegre, Dilma Rousseff trocou um dedo de prosa com os repórteres.
Foi questionada sobre um tema incontornável: Fernando Pimentel e seu recente passado de consultor.
Por que o Planalto pega em lanças para impedir que o ministro vá explicar no Congresso as consultorias que lhe renderam R$ 2 milhões?
"O governo só acha o seguinte: é estranho que o ministro preste satisfações ao Congresso da vida privada, da vida pessoal passada dele."
Dilma disse mais: "Se ele achar que deve ir, ele pode ir. Se ele achar que não deve ir, ele não vai."
Para a presidente, o amigo Pimentel não é “obrigado” a prover explicações ao Legislativo senão sobre “assuntos do governo”.
Curioso, muito curioso, curiosíssimo. O ministro convive com a suspeita de ter combinado consultoria com tráfico de influência.
De duas, uma: ou Pimentel demonstra cabalmente que as acusações são infundadas ou não merece frequentar a Esplanada.
Alega-se que o ministro, embora desobrigado, já deu todas explicações. O esforço revelou-se insatisfatório.
Pimentel exibe notas fiscais. Mas não mostra um mísero relatório capaz de comprovar que os serviços foram, de fato, realizados.
Parece óbvio que a situação pede explicações mais densas. O ministro e sua chefe esbarram no óbvio, tropeçam no óbvio.
Seguem adiante sem desconfiar que o óbvio é o óbvio. O diabo é que os fatos, com sua incômoda vidência, gritam: Atenção, ali está o óbvio.
Coluna do Josias de Souza, Folha de São Paulo.
Nota do Editor: Sob o argumento de que os trabalhos de consultoria desenvolvidos por Pimentel ocorreram num momento em que ele não ocupava cargos públicos, o Governo - apesar do voto fovorável do combativo senador Pedro Taques, do PDT - conseguiu barrar, mais uma vez, as explicações do Ministro Fernando Pimentel ao Legislativo.
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