O rumoroso “Rosegate” cada dia produz fatos novos. Novos e
preocupantes, a ponto de dividir os próprios petistas sobre o assunto. Alguns –
aqueles mais próximos de Dilma – começam a defender a tese de que Lula se
coloque claramente sobre o assunto, de preferência eximindo a presidente dessa história, ela que não estabeleceu nenhuma relação de cumplicidade com as estripulias extra-conjugais do ex-presidente. Os petistas mais ligados a Lula, também colocaram as barbas de molho, considerando que o escândalo - pasmem! - poderia ser salutar para uma candidatura dele já em 2014. O Planalto
tenta, a todo custo, evitar que as transcrições das conversas entre Rosemary e
Lula cheguem ao público. Por razões óbvias. Apesar das negativas e das
explicações do Ministro da Justiça, Eduardo Cardoso, sobre a atuação da PF no caso, sabe-se que Rose
possivelmente teria sido grampeada e essas conversas revelariam o quanto a res publica foi
chamuscada por esse grupo, flagrado em atitudes desabonadoras, além de inconfidências que não soariam muito bem junto à opinião pública e, muito menos ainda, aos ouvidos de Dona Marisa. Pelo que sabe de operações realizadas com essa magnitude, deixar de grampear Rosemary só poderiam ter duas explicações: um primarismo inadmissível da PF ou uma "blindagem" da ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência da República em São Paulo. Esses possíveis "deslizes" renderam panos para as mangas durante o depoimento do Ministro da Justiça no Senado Federal. Com a experiência de ex-procurador da República, o senador Pedro Taques, o touro indomável, expremeu Eduardo Cardoso. A oposição se
movimenta para abrir uma CPI sobre o caso. São necessárias 27 assinaturas no
Senado e 171 na Câmara, uma missão difícil, embora não impossível. No Senado,
quem está recolhendo as assinaturas é o senador Álvaro Dias, enquanto na Câmara
o parlamentar mais entusiasmado com a proposta é o deputado Roberto Freire. No
escândalo “Watergate”, quando Nixon utilizou funcionários públicos, a serviço
do Estado, para investigar seus adversários do Partido Democrata, uma testemunha chave, conhecida
como “garganta profunda”, que subsidiou um dos trabalhos mais primorosos de
jornalismo investigativo, aconselhou aos jovens repórteres do Washington Post
que “seguissem o dinheiro”, como uma pista segura para a revelação da dimensão
do problema. Seguido o dinheiro, verificou-se a existência de todo tipo de conduta não adequada aos princípios republicanos, como a existência de um caixa-dois entre os apoiadores da reeleição de Nixon. No final, fitas gravadas no Salão Oval da Casa Branca, comprovaram que Nixon tentou abafar o caso, que culminou com a sua renúncia, ante um provável pedido de impeachment. Muito tempo
depois, revelaria que sua atitude de tentar impedir que fossem revelados os conteúdos
das fitas não teria sido muito feliz. O que começou como um simples trabalho de investigação sobre um crime banal de assalto, no final, retirou da presidência um dos homens mais poderosos do mundo. Sempre que surgem novos escândalos na República, são inevitáveis essas comparações com um dos trabalhos mais emblemáticos do jornalismo investigativo, realizados pelos jovens repórteres Bob Woodward e Carl Berntein, do Washington Post. Não sabemos, porém, o que Mark Felt, o "garganta profunda", que teve sua identidade preservada durante décadas, se vivo fosse, aconselharia seguir no caso "Rosegate". Segundo dizem, Mark Felt, que era vice-diretor do FBI, teria algumas desanvenças com o dirigente maior daquele órgão, indicado por Nixon. Somente depois de Felt abrir o bico é que os repórteres confirmaram ser ele mesmo o "garganta profunda". Mesmo afastado da presidência, com os privilégios conquistados, Nixon manteve a "pose", com seguranças, carros oficiais e até alguns assessores dos bons tempos da Casa Branca.
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