pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Revista Veja: Iron Curtain, o livro do ano. Artigo de Caio Blinder.
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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Revista Veja: Iron Curtain, o livro do ano. Artigo de Caio Blinder.

 

Mais um ano de promessas não cumpridas. No caso, eu estou falando dos livros que me propus a ler e não li, culpa dos malditos empregos que tanto me ocupam, culpa do vício de ficar lendo o rame-rame do jornalismo diário e culpa dos “prazeres culposos” de ficar como um vegetal (batata no sofá, como se diz em inglês) diante da televisão mais horas do que deveria. Promessa não cumprida em não investir mais na Primeira Impressão, a própria seção da coluna dedicada a resenhas de livros pertinentes por aqui, como política internacional, história e uns pitacos em economia e comportamento.
Algumas das melhores publicações do mundo fizeram a lição de casa, com seus critérios, apregoando os”livros do ano”. Destaco as suspeitas habituais com sua abordagem mais global, como The Economist e Financial Times. Quem clicar no amarelo, terá acesso ao listão das duas publicações. Alguns dos livros escolhidos, eu cheguei a ler ou ao menos folhear, por obrigação profissional ou puro prazer pessoal (algumas vezes existe o casamento entre as duas coisas).
Em economia, um livro campeão nas listas é Por Que As Nações Fracassam (publicado no Brasil pela Elsevier), de Daron Acemoglu e James Robinson, sobre as origens do poder, prosperidade e pobreza. Assunto perene, intrigante, exasperante e frustrante. Acemoglu é economista (MIT) e Robinson é cientista político (Harvard).
Os autores trabalham com variáveis como instituições, regras do jogo e os incentivos que motivam as pessoas. Nações prosperam quando desenvolvem instituições políticas, legais e econômicas “inclusivas” e fracassam quando são “extrativistas”, ao concentrarem poder e oportunidade para alguns privilegiados.
Temas muito urgentes (sempre urgentes) são liderança política e capacidade para negociar. Para mim (ok, muita gente discorda), um gigante (trágico) foi o ex-presidente americano Lyndon Johnson, O biógrafo Robert Caro (um obcecado) publicou em 2012 The Passage of Power (Knopf), o quarto volume do seu épico sobre o sucessor de John Kennedy.
Johnson foi figura-chave em direitos civis, construção de programas sociais e guerra do Vietnã. Caro acompanha sua trajetória de 1958 a 1964 (no Texas e parte de sua passagem pela Casa Branca). Johnson uniu o país na esteira de uma tragédia (o assassinato de Kennedy), insurgiu-se contra sua própria história e geografia (o sul) na questão dos direitos civis e foi destruído pela guerra do Vietnã. Como eu disse, um gigante trágico.
Meu livro de cabeceira por estes dias (e noites) está em várias listas dos melhores do ano, na intersecção de história e lições para sempre. O tema: totalitarismo comunista. É  Iron Curtain, Cortina de Ferro (Doubleday), sobre o esmagamento da Europa Oriental pelo império soviético no período 1944-56.
Não podemos apagar da memória (fechar a cortina) o que foi a Guerra Fria e o pesadelo do projeto do mal soviético. Anne Appe Applebaum, que ganhou o Pulitzer por seu livro Gulag: A History, nos premia novamente. Entre outras coisas, o novo livro é mais uma desconstrução da narrativa de historiadores de esquerda com a tendência de ainda encontrar desculpas para o comunismo soviético ou argumentar que a imposição de Moscou na Europa Oriental foi uma reação a movimentações hostis dos EUA no começo da Guerra Fria.
Foi resultado de ideologia. Foi um processo de subjugação mais rápido do que se antecipara e um dos aspectos mais fascinantes do livro é o relato dos estágios para a tomada do poder pelos comunistas. Havia não apenas a ferocidade da repressão, mas os lances para persuadir a população a aceitar a nova ordem.
Nunca é demais relembrar ou ensinar sobre os horrores stalinistas e o contraste com os beneficios do capitalismo democrático, apesar de suas imperfeições. Iron Curtain é livro para ficar para sempre na cabeceira de pessoas com a cabeça fora do lugar, para ver se a endireitam.
E na virada do ano, eu pretendo descansar um pouco a cabeça de assuntos como Obama, Primavera Árabe e as roses da vida, lendo ficção. A promessa que irei cumprir será a leitura de NW (The Penguin Press), de Zadie Smith, sobre a amizade de duas mulheres que cresceram na zona noroeste de Londres (e onde a autora cresceu), num épico urbano, revelando verdades sobre identidade, dinheiro e sexo (opa!).

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