Ainda repercute a matéria da revista Veja sobre a prisão de agentes da
ABIN, supostamente infiltrados entre os funcinários do Porto de SUAPE. O
mais curioso é que as autoridades
públicas, ao se pronunciarem sobre o assunto, produzem um enredo de
intrigas e tergiversações que apenas apimentam, como num bom ramance
policial, as especulações sobre o assunto. Mesmo sendo ademoestado a esse respeito, o
general José Elito Siqueira, chefe do GSI, a quem a ABIN está
subordinada, infelizmente, continua envolvendo, primariamente, a presidente Dilma
Rousseff no episódio, esquecendo que o órgão não é do
governante de plantão, mas sim do Estado Brasileiro. Deve cumprir suas
prerrogativas constitucionais, mas imiscuir-se, tanto quanto possível,
das picuinhas partidárias. Por outro lado, as ações da ABIN, neste caso
específico, diplomaticamente, poderiam ser enquadradas como "rotineiras", sem maiores delongas,
o que já seria suficiente para uma resposta não geradora de tanta
polêmica. Nada mais polêmico do que as afirmaçãoes de que a ABIN trabalha para
a presidente. O Governo do Estado, por sua vez, também não tem sido
feliz em suas declarações sobre o episódio. Para não passar recibo de
que, de fato, os objetivos da infiltração extrpolavam as atividades de
"rotina" daquele órgão, o governador Eduardo Campos e a adminitração do
Porto de SUAPE abusam dos eufemismos e da paciência dos cidadãos
medianamente bem-informados. Afinal, tudo começou com as articulações do governador entre o governador e Paulinho da Força Sindical, por ocasião dos debates da famigerda Medida dos Portos, tendo como pano de fundo - que neste caso não é cueca -as pretensões presidenciais de Eduardo Campos. Paulinho, que é filiado ao PDT, à época, solidarizou-se com o governador e, praticamente, assinou uma promissória política comprometendo-se em apoiá-lo caso ele, de fato, candidadar-se à Presidência da República. Esses pronunciamentos de Eduardo Campos saem na boca do palco. Nas coxias da
realpolitik, a conversa é bem diferente, inclusive entre atores políticos que
costumam ouvir as confissões do governador. Ele parece acreditar realmente que se trata de mais uma manobra do Planalto para prejudicá-lo. Evidente
que o general José Elito está subordinado a uma autoridade do Estado, especificamente, à Presidência da República. O que está em jogo, neste
caso, é que se ABIN está realizando um trabalho de natureza republicana,
tudo bem. Esses levantamentos de
informações sobre as possíveis ações dos sindicatos e dos movimentos
sociais encontra-se no escopo das atribuições do órgão. Imaginem quantos agentes a ABIN não teria despachado para acompanhar as mobilizações que estão ocorrendo em São Paulo. O que se critica
é que a fala do ministro sugere dubiedades, o que pode ser entendido apenas como um deslize involutário. Por exemplo, não estaria
entre as atribuições da ABIN investigar, sob o prisma político, os
possíveis adversários da presidente Dilma Rousseff, pautando as manobras do Planalto para assegurar a renovação do contrato de locação da Presidência da República. No mínimo, o general José Elito precisaria tomar mais cuidados em suas afirmações. Nos Estados Unidos o
FBI já foi utilizado para investigar adversários dos mandatários de
plantão e isso causou uma enorme confusão, culminando com a renúncia de
Nixon. É bom que se diga, inclusive, que a presidente Dilma já chamou
sua atenção para esses escorregos linguísticos. Sinceramente, descarto a
possibilidade de a presidente está envolvida nesse jogo. A ABIN, no entanto, precisa tomar mais cuidado com a sua comunicação.
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