Percebo que está em curso uma longa peregrinação de jornalistas às
universidades à procura de uma explicação sobre as últimas mobilizações
de rua que estão pipocando em todo o
país. Conforme afirmamos pelo blog, tanto o sistema político quanto a
academia foram pegos, literalmente, de calças curtas. Salvo algumas
ponderações sobre as origens do MPL, sua agenda de reinvidicações, a
condenação aos históricos problemas estruturais do país, no mais,
nenhuma teoria mais explicativa sobre o que vem ocorrendo no país.
Atônita, a classe política já começou a sinalizar com a necessidade de
reorientar suas ações com o objetivo de atender a algumas dessas
demandas, equivocadamente focadas apaenas na ponta do iceberg, ou seja, a
tarifa do transporte coletivo. Vários Estados e capitais já sinalizaram
nessa direção e os ecos da rua já atingiram o Poder Legislativo, em
Brasília, onde já se discute uma redução de impostos que poderiam
diminuir o valor das tarifas praticadas. Neste contexto, por dois
motivos, ganha evidência o sociólogo catalão Manuel Castells, uma
espécie de guru do grupo político que gira em torno da Marina Silva.
Entusiasta de suas teorias, sabidamente, até o nome "partido" foi
abolido pela acreana ao fundar sua "Rede Solidariedade". Faz algum
tempo, escrevemos um longo artigo sobre o pensamento de Manuel Castells.
Nada mais atual para entendermos a força das redes sociais do que o seu
livro, que já se tornou um clássco, "Sociedade em Rede". Um outro
aspecto que deve ser observado na teoria do catalão diz respeito ao
esfacelamento do modelo de representação das democracias burguesas, onde
os políticos passam a representar, unicamente, demandas do capital,
envolvem-se em falcatruas, se locupletam da função, desviam recursos
públicos, fraudam, celebram acordos espúrios, tornam o chefe do
executivo reféns de chantagens etc. No caso brasileiro, nada mais
emblemático do que o PMDB - que teve seu site invadido - para
constituir-se como síntese desses desmandos. Os assessores da
Presidência da República e do Estado de São Paulo - que demonstraram
tanta preocupação sobre a força das redes sociais - deveriam, na
realidade, fazer uma leitura correta sobre o que se passa com elas. Nos
útlimos dias que antecederam às mobilizações, nunca vi tanta gente
estabelecer comparações sobre os investimentos que estavam sendo feito
para a realização da Copa em contrapartida aos gravíssimos problemas
sociais do país na área de educação, saúde, infraestrura de transporte,
degradação dos centros urbanos etc. Antes, essas "comparações" eram
solenimente ignoradas, não mereciam curtições ou compartilhamentos. Nos
últimos dias, "fermetou" e jogou a rapaziada nas ruas. Pay Attention,
governantes!!! Gradativamente, vamos procurando outra aproximações
teóricas para entender o fenômenos das ruas.
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