POSTADO ÀS 10:53
Michel Zaidan, cientista político
Entre os antigos romanos, a palavra arena era designada como lugar de jogos e manifestações diversionistas destinadas ao povo. Mas também como lugar da luta, da disputa entre gladiadores e escravos. Por uma dessas transformações semânticas produzidas pela História, a palavra "arena" foi apropriada pelos governantes como o palco de jogos e competições esportivas internacionais. o que ninguém previu é que o povo brasileiro iria invadir as ruas das metrópoles brasileiras para protestar contra a má saúde, a má educação, o péssimo transporte público e o mau uso do dinheiro público. A repercussão desse movimento foi tão grande que tomou o espaço nos telejornais nacionais que seria dedicado aos jogos. Até o treinador da seleção brasileira foi convocado a dar sua opinião sobre os protestos populares, apoiando as manifestações.
Os gestores, pegos de surpresa, passaram a decantar as virtudes da participação popular e da democracia participativa. O fundamental é entender o significado dessa nova arena da participação popular, apartidária, multifacetada, composta por inúmeros grupos sociais. Desde as manifestações dos "caras pintadas" pela demissão de Collor, não se via algo semelhante na cena política brasileira. E os governantes apostaram no "nacionalismo dos tolos" como forma de anestesia da consciência social. A cifra astronômica gasta pelo Brasil (85.000.000.000) para a realização da Copa da Confederações foi o alvo preferencial das multidões. Questionando a absurda quantia comparada com o descalabro das políticas públicas na área da Saúde, da Educação, do Transporte Público.
Hoje o mundo entende que o povo brasileiro não se contenta só com carnaval e futebol e que ser cidadão não é só torcer pela seleção brasileira, mas lutar pela melhoria dos serviços públicos no Brasil. O conceito de cidadão de chuteira foi substituído pelo cidadão vox e cidadão ludens, o cidadão que vocalize direitos e tem consciência de direitos. O grande negócio dos jogos, o milionário patrocínio das grandes empresas multinacionais, o espírito mercenário de nossos atletas e o próprio governo brasileiro foram obrigados a fazer uma reflexão sobre a mudança do patriotismo de nossos cidadãos.
Isso sem falar na alienação da soberania política do país em função da malfada lei da Copa, com todo o aparato de segurança na cidade à disposição das seleções estrangeiras, como se nós fôssemos uma colônia ou um protetorado de algum país estrangeiro. Se os governadores e a Presidente da República não se dão o devido respeito de autoridades públicas constituídas legitimamente pelo voto popular, o povo é quem deve lhes ensinar, nas ruas, o que é soberania, independência, direitos.
É de se esperar agora que ante a expectativa da opinião pública internacional e da ONU, nossos gestores aprendam quais são as prioridades da administração pública: cuidar do povo, através de políticas públicas estatais, permanentes e universais. Até a propaganda mais convincente cede diante do clamor das ruas. Até quinta-feira, Pernambuco!
Entre os antigos romanos, a palavra arena era designada como lugar de jogos e manifestações diversionistas destinadas ao povo. Mas também como lugar da luta, da disputa entre gladiadores e escravos. Por uma dessas transformações semânticas produzidas pela História, a palavra "arena" foi apropriada pelos governantes como o palco de jogos e competições esportivas internacionais. o que ninguém previu é que o povo brasileiro iria invadir as ruas das metrópoles brasileiras para protestar contra a má saúde, a má educação, o péssimo transporte público e o mau uso do dinheiro público. A repercussão desse movimento foi tão grande que tomou o espaço nos telejornais nacionais que seria dedicado aos jogos. Até o treinador da seleção brasileira foi convocado a dar sua opinião sobre os protestos populares, apoiando as manifestações.
Os gestores, pegos de surpresa, passaram a decantar as virtudes da participação popular e da democracia participativa. O fundamental é entender o significado dessa nova arena da participação popular, apartidária, multifacetada, composta por inúmeros grupos sociais. Desde as manifestações dos "caras pintadas" pela demissão de Collor, não se via algo semelhante na cena política brasileira. E os governantes apostaram no "nacionalismo dos tolos" como forma de anestesia da consciência social. A cifra astronômica gasta pelo Brasil (85.000.000.000) para a realização da Copa da Confederações foi o alvo preferencial das multidões. Questionando a absurda quantia comparada com o descalabro das políticas públicas na área da Saúde, da Educação, do Transporte Público.
Hoje o mundo entende que o povo brasileiro não se contenta só com carnaval e futebol e que ser cidadão não é só torcer pela seleção brasileira, mas lutar pela melhoria dos serviços públicos no Brasil. O conceito de cidadão de chuteira foi substituído pelo cidadão vox e cidadão ludens, o cidadão que vocalize direitos e tem consciência de direitos. O grande negócio dos jogos, o milionário patrocínio das grandes empresas multinacionais, o espírito mercenário de nossos atletas e o próprio governo brasileiro foram obrigados a fazer uma reflexão sobre a mudança do patriotismo de nossos cidadãos.
Isso sem falar na alienação da soberania política do país em função da malfada lei da Copa, com todo o aparato de segurança na cidade à disposição das seleções estrangeiras, como se nós fôssemos uma colônia ou um protetorado de algum país estrangeiro. Se os governadores e a Presidente da República não se dão o devido respeito de autoridades públicas constituídas legitimamente pelo voto popular, o povo é quem deve lhes ensinar, nas ruas, o que é soberania, independência, direitos.
É de se esperar agora que ante a expectativa da opinião pública internacional e da ONU, nossos gestores aprendam quais são as prioridades da administração pública: cuidar do povo, através de políticas públicas estatais, permanentes e universais. Até a propaganda mais convincente cede diante do clamor das ruas. Até quinta-feira, Pernambuco!
(Publicado originalmente no Blog de Jamildo)
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