Conhecendo o poderio da Rede Globo àquela época, lá pelos meados da década de 90, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva fez uma visita ao então todo-poderoso Dr. Roberto Marinho. Radical, isso nos deixou com uma pulguinha atrás da orelha. Pesquisando o Partido dos Trabalhadores - com propósitos acadêmicos - chegou às nossas mãos um exemplar de um jornal publicado no ABC paulista, onde constava uma entrevista de Lula. Guardo até hoje esse exemplar em meus arquivos. A pessoa que nos encaminhou, hoje figura de proa da agremiação, pediu que ficássemos atentos às posições de Lula sobre as alianças eleitorais. Num determinado momento da entrevista, lá estava, com todas as letras e todos os pontos nos "is", uma frase emblemática do Lula, identificadora de todo o seu pragmatismo político: Não importa a cor do voto, se ele cai na urna.
Confesso que esse pragmatismo de Lula, às vezes, nos cansam. Agora mesmo ele entrou como um "rolo compressor" em Brasília, disposto a fazer todo tipo de acordo político para "salvar" o pescoço da presidente Dilma Rousseff. Pediu a cabeça - e foi atendido - de pessoas que não eram de sua confiança, escalou uma tropa de choque para concretizar essa operação. Por uma dessas circunstâncias torpes da política, Lula é hoje um dos principais defensores do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha(PMDB), um político mais sujo do que pau de galinheiro. A única coisa coisa que importa para Lula é o fato de que, apesar dessas injunções, Cunha possui, em suas mãos, o poder de salvar o mandato da presidente Dilma.
Esse trabalho de bastidores de Lula envolveria, igualmente, uma obra de engenharia dentro do próprio PT. Tentaria convencer a companheirada - sempre muito bem-sucedido nessas empreitadas - de reavaliarem suas posições no que concerne ao afastamento de Eduardo Cunha daquela Casa. Há quem informe que Lula poderia voltar a disputar uma eleição presidencial, talvez a de 2018. Caso isso se confirme, a pergunta que fica no ar é qual seria o seu discurso para os eleitores, sobretudo para aqueles mais identificados com o partido, uma vez que o programa de governo executado pela presidente Dilma Rousseff está longe de representar aqueles interesses.
Mas, diante do pragmatismo "assustador" do ex-presidente, 2018 se discute em 2018. Afinal, no momento, parece pouco importar se o Cunha é corrupto, desde que ele salve o mandato da presidente Dilma Rousseff. Haja pragmatismo!
O PT não existe sem Lula. Simples assim! E o que restar da esquerda vai ter que ser totalmente renovada, espero, livre do DNA leninista, stalinista, e outras desgraças menores.
ResponderExcluirBom dia, Rafael. Muito grato pela leitura e os comentários deixados no blog. Infelizmente, apesar de uma proposta distinta, o PT também tornou-se refém do processo de oligarquização, segundo alguns teóricos inerentes às instituições políticas e sindicais. Já existem até alguns estudos acadêmicos tratando deste assunto. Sobre os rumos da esquerda brasileira, convém ficar atento ao que vem ocorrendo com o PSOL, quando alguns membros estão se desligando da agremiação, ao passo que outros estão manifestando uma certa simpatia pelos tucanos. Um grande abraço!
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