pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Renato Janine: De como não fui ministro
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domingo, 4 de outubro de 2015

Editorial: Renato Janine: De como não fui ministro



Há um texto de Machado de Assis - creio ser as As Memórias Póstumas de Brás Cubas - onde um capítulo completo é dedicado às agruras do personagem Brás Cubas, no campo político. O capítulo tem o sugestivo título: De como não fui ministro. Eis aqui uma situação que pode ser muito bem aplicada à pasta da educação, nesses 10 meses de Governo Dilma - perdão pelas formalidades -, onde três ministros já ocuparam o cargo. Quero me deter mais no nome do filósofo e professor de Ética, da USP, Renato Janine Ribeiro, o último a deixar a cadeira de ministro. Como não sou hipócrita, fiz poucos amigos ao longo dessas cinco décadas. No circuito acadêmico, então - e por razões óbvias - esse número é ainda mais reduzido. 

Mas, Renato e eu temos um amigo em comum, na Fundação Getúlio Vargas. Hoje ele é uma estrela de projeção nacional, mas nossa amizade começou no tempo das vacas magras, das dificuldades de condução de um curso de mestrado. Ele na USP e nós aqui pela província, na gloriosa UFPE. Ambos estudávamos o Partido dos Trabalhadores e trocávamos muitas ideias.  Mais tarde, o reencontro também se daria pelas redes sociais. Por vezes, o nosso diálogo girou em torno do que seria a gestão de Renato Janine no Ministério da Educação. Na realidade, para sermos sincero, não deu nem para sentirmos esse gostinho. Havia uma grande expectativa em torno de sua gestão à frente daquele ministério. Ele emprestaria ao Governo Dilma não apenas o verniz acadêmico e ético, mas uma proposta de gestão que poderia mudar a face da educação do país. Assim se pensava.

Não dava, entretanto, para fazer muita coisa por ali mesmo.Constrangimentos políticos e econômicos tiraram o status de área estratégica que aquela pasta sempre ocupou nos governos de coalizão petista.Não há recursos, não existem condições políticas favoráveis. Na realidade, a saída de Renato pode ser entendida, tão somente, dentro de uma perspectiva de "acomodação" do senhor Aloizio Mercadante, que perdeu a Casa Civil. A despeito da resistência de Lula, da base "aliada", de setores do PT ao seu nome, Mercadante era um dos homens do núcleo duro da presidente Dilma. Uma espécie de "cota" pessoal. Nunca representou o PT no Governo. 

Nos poucos meses em que esteve à frente daquela pasta, Renato Janine limitou-se a anunciar cortes; dar explicações sobre uma série de problemas relacionados ao financiamento de alguns programas; enfrentar greves e ameaças de greve nas universidades públicas e coisas assim. Recebemos um esboço do que poderia ser o seu programa à frente daquele ministério. Renato Janine, entre outras coisas, pretendia enfrentar o gargalo dos problemas de formação do professorado brasileiro - com o concurso das IFES - uma questão que reflete diretamente sobre os resultados alcançados pelo alunado. Lamento profundamente dizer isto, mas a "turma boa" está entregando o boné: Marcelo Neri, um dos atores mais identificados com as políticas de inclusão social da Era Lula/Dilma, entregou o cargo logo no início do Governo, antes mesmo da extinção da Secretaria de Assuntos Estratégicos. 

Nossa expectativa sobre o que poderá ocorrer daqui para frente com aquela pasta não é muito boa não. 

A charge que ilustra esse post é do chargista Renato Aroeira.

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