José Luiz Gomes
Um
ano antes das eleições e já começam a surgir as pesquisas de intenção
de voto, trazendo, no seu bojo, as inevitáveis polêmicas. Assustado com
tantos números, tantos equívocos e tantas "gangorras" apresentadas pelos
institutos, sobre as eleições na Paraíba, em pleitos passados,
consultei um amigo mais experiente sobre o assunto. Ele nos aconselhou
que ficássemos atentos apenas às pesquisas que saíssem três meses antes
do pleitos. Essas pesquisas se aproximariam melhor da realidade do humor
dos eleitores. Não apenas pela exiguidade do tempo que faltava para as
eleições, mas, sobretudo, porque, nesta fase, os institutos não mais
utilizariam de artifícios para inflar este ou aquele candidato, com medo
de perder sua própria credibilidade.
Nunca
mais esqueci este conselho, transmitido no friozinho de Princesa, uma
cidade paraibana, que faz divisa com Triunfo, em nosso Estado. Penso que
na Paraíba esse problema é até mais sério do que aqui em Pernambuco.
Institutos são criados ao prazer das conveniências e circunstâncias de
alguns candidatos; nomes de concorrentes são "esquecidos" das listagens;
conluios são estabelecidos entre institutos e os meios de comunicação.
Quem conhece aquela realidade, sabe do que estamos falando. Pelo menos
ao que sabemos, aqui no Recife ainda não surgiram pesquisas de opinião
sobre a corrida ao Palácio Antonio Farias, nas próximas eleições
municipais de 2016.
Por
enquanto, apenas as pesquisas sobre a avaliação da gestão do senhor
Geraldo Júlio que, como sempre, não se sustentam numa simples conversa
entre amigos, num fim de tarde, no Mercado de São José. Na semana
passada publicamos no blog o resultado de uma pesquisa de intenção de
voto na cidade de Caruaru, onde o Deputado Estadual, Tony Gel, do PMDB,
aparece na dianteira, seguido pela também Deputada Estadual Raquel Lyra,
filha do ex-governador João Lyra Neto, hoje no PSDB. Achamos curioso o
nome do Instituto: Freud.Estivemos por lá neste feriado do dia das
crianças, sondando a população, fazendo a nossa própria pesquisa
pessoal. Os resultados serão publicados aqui pelo blog.
Apesar do "efeito coxinha", das
adversidades no terreno político e econômico, o senador Humberto Costa(PT) mostra-se
bastante otimista com um provável desempenho do Partido dos
Trabalhadores em Pernambuco, nas próximas eleições municipais de 2016.
As movimentações do senador Humberto Costa indicam que ele está
preparando a terra para seus projetos políticos futuros, depois de
concluído seu mandato de senador pelo partido. Nos últimos meses ele tem
se movimentado bastante pela província, concedido entrevistas,
articulando-se com lideranças políticas ligadas à legenda, em todas as regiões do Estado.
Até
mesmo no
que concerne ao Recife - onde aparentemente não existe nenhum nome do
partido com prego batido e ponta virada - o senador acredita no
lançamento de uma
candidatura competitiva. Hoje, o nome mais cotado dentro do PT para
disputar a Prefeitura do Recife seria o do ex-prefeito, João Paulo. A
princípio seria o nome com maior capital político, mas o médico Mozart
Sales e João da Costa, a julgar por suas movimentações pelas redes
sociais, pretende pretende voltar a disputar eleições, embora não se
saiba se para o executivo ou se para o legislativo.
Apesar do conhecido
raposismo político, o ex-governador Eduardo Campos agia como se fosse
imortal. Morto prematuramente, não havia preparado o terreno para os
seus sucessores, sobretudo dentro de sua nucleação familiar. Não
espanta, portanto, esse desarranjo dentro das hostes socialistas aqui no
Estado, a respeito de como serão dadas as cartas na condução do
processo político comandado pelo clã dos Campos. Já afirmamos isso aqui -
e voltamos a repetir - que a família não abdicará do espólio político
deixado pelo ex-governador. Nesta semana, um jornalista deu algumas
dicas sobre como estaria sendo montada essa obra de engenharia política,
sob o olhar atento da senhora Renata Campos, esposa do ex-governador.
O irmão, Antonio Campos,
será candidato a Prefeitura de Olinda nas próximas eleições municipais. O
filho do governador, João Campos, de apenas 24 anos, deverá disputar
uma cadeira na Casa de José Mariano, nas próximas eleições. O jovem
faria uma carreira no legislativo - depois do Recife o projeto seria a
Câmara Federal, em 2018 - e, certamente, mais conhecido e experiente,
possivelmente se habilitaria ao Executivo Estadual, disputando o Palácio
do Campo das Princesas. Essa hegemonia política do ex-governador sobre o
grupo que ele comandava, criou alguns problemas, como ter colocado no
Executivo Estadual um técnico sem o traquejo político necessário para
lidar com as críticas dos cidadãos à sua gestão. A resposta do aparelho
de Estado aos reclames da população é a interpelação judicial. Como pode
isso?
Ancorado
no espólio político do ex-governador, sua eleição para a Casa de José
Mariano são dadas como favas contadas. Pode ser, inclusive, um trunfo
nas mangas do atual prefeito do Recife, Geraldo Júlio. Quem está se
pronunciando de uma forma mais específica em torno das próximas eleições
é o vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira, do PCdoB. Luciano tem
sempre se mostrado um grande moderador em termos da disputa de 2016. Em
seu último artigo, quase que repete uma conhecida raposa política
mineira sobre a necessidade de se ficar atento aos movimentos das
nuvens, que mudam constantemente. Haverá impeachment? a economia se
recupera até outubro de 2016? São questões, segundo ele, fundamentais e
decisivas, com reflexos diretos sobre o pleito daquele ano.
Quem
nos acompanha sabe que temos sido uma pessoa muita crítica do PCdoB.
Aqui e alhures. O partido passou por um processo de decomposição
ideológica profundo, assumindo um pragmatismo de fazer corar a mais
renhida direita. Ainda não consegui entender o que fazia Aldo Rebelo, já
então indicado para ministro da Defesa, na filiação de Marta Suplicy ao
PMDB. No Maranhão, o que salva Flávio Dino é um discurso anti-sarney
repetido à exaustão. O governo, em si, não vai muito bem. Em Olinda, já
se vão 16 anos de gestão e, infelizmente, não se conhece nenhum grande
projeto estruturador, que viesse a produzir benefícios mais fecundos
para a população. Já era tempo de os "comunistas" deixarem suas digitais
em áreas estratégicas, como saúde, educação, mobilidade.
Alguns
anos atrás, realizamos uma longa entrevista com o senhor Luciano
Siqueira. À época, interessava-nos, sobretudo as políticas de alianças
celebradas pelos comunistas. O interesse surgiu a partir de uma palestra
proferida por ele no antigo Seminário de Tropicologia, da Fundação
Joaquim Nabuco. Trata-se de uma pessoa simpática, que nos causou uma boa
impressão. Espero não deixá-lo chateado com as nossas observações sobre
o PCdoB. Quando liguei para ele, nos informou, a princípio, que estava
de férias, para logo emendar: comunistas não tiram férias. Vamos
agendar. Nos perdoe a franqueza, Luciano, mas o que nos parece mesmo é
que, assim como ocorreu em eleições passadas, quando o partido rompeu
com o PT para embarcar na caravana de Geraldo Júlio, o que se espera
agora é que o humor das ruas e os arranjos partidários possam indicar
qual a melhor alternativa para a agremiação, independentemente de outras
considerações. Puro pragmatismo.
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