publicado em 26 de novembro de 2015 às 11:26
Um vai em 2016, o outro em seguida…
por Luiz Carlos Azenha
Como escrevemos anteriormente, aqui e no Facebook, o mar de lama da Samarco teve também uma dimensão simbólica.
Explicitou que a captura das instituições públicas brasileiras pelo poder econômico é absoluta.
A Samarco disse que a lama não era tóxica, que estava “monitorando” a enxurrada, etc. etc.
A empresa e uma de suas controladoras, a Vale, assumiram papeis que cabiam ao Estado, dentre os quais distribuir água.
Das autoridades não saiu um pio, a não ser pelo anúncio de multas milionárias que afinal não serão pagas.
O governo de Minas cassou a licença para a Samarco operar em Mariana, como se ela ainda fosse capaz de fazê-lo.
Duas decisões judiciais tomadas no caso favoreceram a empresa: uma
rapidíssima liminar para desbloquear a ferrovia por onde passa minério e
o habeas corpus preventivo que impede a prisão do presidente da
Samarco.
Toda uma bacia hidrográfica destruída, praias e oceano poluídos…uma verdadeira catástrofe.
Enquanto isso, quatro jovens foram presos por “crime ambiental”: sujaram de lama um corredor do Congresso.
É óbvio que esta múltipla falência de órgãos engloba o PT e o governo Dilma.
Um breve roteiro do suicídio político, incluindo apenas fatos recentes:
1. Ganhar uma eleição e governar com o programa econômico alheio;
2. Colocar toda a conta da austeridade nas costas dos trabalhadores;
3. Propor uma lei antiterrorista que, lá adiante, em 2018, servirá
para a direita demolir os movimentos sociais, permitindo a ela
aprofundar ainda mais, se necessário, a depressão econômica do Levy.
Para completar, Delcídio Amaral, denunciado aqui
e aqui como homem que articulava barbaridades contra o Brasil e os
movimentos sociais, é flagrado em conluio com um banqueiro para evitar
uma delação premiada.
Por mais que seja um petista de DNA tucano, é o líder do governo Dilma no Senado!
A partir dos depoimentos, a mídia fará, obviamente, o que sempre fez: criminalizar alguns e poupar os seus.
Mas o suicídio político é do PT. Por exemplo, ao sugerir que sua bancada votasse pela soltura de Delcídio.
Para todos os efeitos, 25 de novembro é o dia em que o PT se afogou em público, sob os olhares dos 300 picaretas do Congresso.
O que virá? A delação do Cerveró, possivelmente do próprio Delcídio,
do banqueiro Esteves… um efeito em cascata que vai arrastar gente
graúda, com o efeito prático de paralisar o governo Dilma.
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, um quadro de primeira qualidade, acusou o baque numa entrevista ao Estadão:
“Quando você tem um sonho de transformar a sociedade em favor da
igualdade e você se desvia para se apropriar de recursos ou para
beneficiar quem quer que seja, você está cometendo dois crimes: o
primeiro é colocar a mão em recurso público, o segundo, você está
matando um projeto político”.
Uma delicada nota de falecimento.
Quanto à esquerda que sobreviver ao PT, tem encontro marcado com a
lei antiterrorismo logo ali adiante. A não ser que, como o PT, priorize
os gabinetes.
(Publicado originalmente no site Viomundo)
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