pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Tijolinho do Jolugue: A prisão do senador Delcídio Amaral.
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quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Tijolinho do Jolugue: A prisão do senador Delcídio Amaral.

 

A capital federal, nesta quarta-feira, dia 25, amanheceu em polvorosa, com a prisão do senador Delcídio Amaral, do PT do Mato Grosso do Sul, numa operação realizada pela Polícia Federal, que também prendeu o banqueiro André Esteves, do Banco Pactual, assim como o chefe de gabinete de Delcídio, Diogo Ferreira. Não se sabe o que virá em seguida, mas os ventos sopram em favor das instituições, dos mais legítimos interesses republicanos

A prisão foi pedida pela Procuradoria Geral da República e acatada, por unanimidade, pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. Nossas instituições republicanas estão bastante fragilizadas, mas, aqui e ali, há alguns lampejos de lucidez, como na decretação dessa prisão. Há provas materiais de um senador da República, líder do Governo, numa manobra para obstruir as investigações da Operação Lava Jato. 

Delcídio Amaral é um petista de linhagem tucana. Um petista do bico fino, talvez. E, a julgar pelo andar da carruagem política, ele já estaria envolvido nessas falcatruas desde os tempos em que se aninhava no ninho tucano, protegido pelo senhor Fernando Henrique Cardoso. Durante o Governo FHC, ocupou uma das diretorias da Petrobras. Seus diálogos - devidamente gravados - com Nestor Cerve, outro ex-diretor da Petrobras que aderiu à delação premiada, previa que Cerveró não citasse seu nome no rumoroso caso da Refinaria de Pasadena, onde era acusado de receber propina.

O fato mostra que, mesmo diante desse pandemônio em que se transformaram os poderes Executivo e Legislativo, a Procuradoria da República mostrou autonomia e independência suficientes para pedir a prisão do líder do Governo no Senado Federal. Um fato, em si, alvissareiro, que abre um precedente para o pedido de prisão do presidente da Câmara Federal, deputado Eduardo Cunha, mais sujo do que pau de galinheiro. Quando o assunto é falcatruas com o dinheiro público, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, é campeoníssimo. Razões não faltam para ele ser afastado do cargo que ocupa, perder o mandato e ser encaminhado direto para a Papuda. Mas, por uma dessas circunstâncias da política, ele tripudia sobre os poderes da nossa combalida república, desafia a justiça, achincalha a Casa, ameaça opositores e conta, ainda, com o beneplácito de setores do PT, que temem pelo mandato da presidente Dilma Rousseff. 

Vejo aqui pelas redes sociais que os petistas estão "enfezados" com a "seletividade" de nossa justiça que, digamos assim, manda diretamente para a prisão preventiva um senador do Partido dos Trabalhadores e é incapaz de punir com o mesmo rigor o presidente da Câmara dos Deputados ou os corruptos de alta plumagem do ninho tucano. Mais uma vez vem à tona a figura do juiz Moro, uma personalidade emblemática e contraditória. Aprendi um pouco tarde que esta polarização não ajuda muito a entender alguns fatos. Ficam muitas coisas importantes nos intervalos. O raciocínio do brasileiro vai muito nesta linha. É bastante dicotômico, o que explica, em tese, nossa mania de apenas ver os defeitos do outro lado. 


Também não vejo muito como salutar tentar defender Delcídio, apontando o dedo contra Cunha. A rigor, o senador Delcídio Amaral é indefensável. Há provas materiais de suas conversas com Nestor Cerveró, oferecendo uma mesada para que ele não entrasse na delação premiada, assim como oferendo uma rota de fuga para que ele fugisse do país. Por unanimidade, os ministros da STF decidiram decretar sua prisão. Há provas de seu envolvimento no que diz respeito à obstrução da justiça, na operação Lava Jato. A mesada oferecida a Cerveró seria de R$ 50.000,00 mensais. Quem fez a gravação foi o próprio filho de Cerveró.

De imediato, sua prisão amplia o processo de erosão de imagem a que o Governo estava submetido. Num segundo momento, o partido terá que tomar uma decisão radical sobre a sua permanência nos quadros da agremiação. Um outro grave problema é que, diante de sua prisão - que poderá prolongar-se - vai que ele resolve entrar nessa tal de delação premiada, comprometendo ainda mais os já frágeis alicerces do governo de coalizão petista. É encrenca para todos os lados. Quando Dilma Rousseff parecia tomar fôlego, eis que é decretada a prisão do senador Delcídio Amaral, um arquivo vivo das ambientes pantanosos dos negócios públicos. 


 

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