A batalha ideológica que é travada em torno dessa Operação Lava Jato está criando algumas situações inusitadas. Lula, que está sendo acusado injustamente de ter se beneficiado das roubalheiras perpetradas na estatal Petrobrás - tomando aqui como referência o caso do tríplex do Guarujá - é apontado por alguns jornalistas e blogueiros ora de "posar de vítima", ora de "covarde", ao imputar, de acordo com a versão desses jornalistas e blogueiros, a culpa pelas transações nebulosas envolvendo aquele imóvel a sua esposa, falecida até recentemente, Marisa Letícia. Conforme afirmamos no editorial de ontem, constrói-se uma narrativa discursiva em torno do ex-presidente com o propósito explicito de destruir completamente a sua imagem pública. Encontramos por aqui alguns "roteiristas" bastante criativos, talvez especialistas em narrativas discursivas, que até poderiam ser aproveitados noutros departamentos da emissora do plim plim. A julgar pelo nível das novelas exibidas hoje por aquela emissora, há profissionais subaproveitados no seu quadro.
Como afirmamos noutro editorial, não se trata de defender o ex-presidente Lula, mas aqueles preceitos que deveriam reger a justiça, ou seja, não se pode condenar alguém diante de acusações tão fajutas, algumas delas fruto da criatividade de algum "menino", sem a menor consistência jurídica. Esse "garoto" parece mais versado em Power Point do que propriamente no Código Penal. Esse "debate" tem sido interessante para alguns estudos que estamos realizando acerca da manipulação da informação e das técnicas de convencimento da opinião pública. Não posso deixar de mencionar por aqui uma versão de um colunista local apontando que essa estratégia de "vitimização" que, supostamente, vem sendo adotada por Lula estaria angariando a simpatia de um eleitorado menos escolarizado. O ilustre jornalista deveria ficar atento para um fato mais grave: o "dano" da estratégia de acusar Lula de transferir a responsabilidade das possíveis irregularidades concernentes ao imóvel do Guarujá à sua ex-esposa, Dona Marisa. Adjetivos como covarde, mal-caráter, pululam nas redes sociais.
Alguém se queixou que os advogados do ex-presidente Lula hoje atuam mais como assessores de comunicação do que propriamente advogados de defesa. A razão para isso é muito simples: eles precisam se contrapor a uma narrativa discursiva construída sistematicamente pela mídia e outros operadores. A guerra é mais ideológica e de comunicação do que propriamente jurídica. Não há provas materiais contra Lula, mas uma "narrativa discursiva", contra a qual é muito mais difícil de se defender. Aqui na província, pela absoluta ausência de pauta para entrar no ar, um jornalista criou uma fantasia de uma tal perna cabeluda que estaria atacando as pessoas. O jornalista chegou a ser acionado pelos órgão de segurança do Estado, dada a repercussão que o fato alcançou, com inúmeras pessoas relatando ter visto a tal perna cabeluda e até mesmo jurando ter levado uma surra dela.
Se as leituras sobre o imaginário social e as saudosas aulas da professora Danielle de Peron Rocha Pitta(UFPE-FUNDAJ) nos ajudam a entender essa dinâmica, por outro lado, não se admite que o nosso aparelho judicial se deixe "levar" por essa "onda", condenando alguém unicamente baseados em "falações" e comentários vis, produzidos por um aparato de comunicação poderoso, que teria interesse escusos no achincalhe de determinados atores políticos. E o açodamento e a "afoiteza" - como diriam nossos avós - não param por ai. A leitura de alguns jornalistas e blogueiros identificados com essa "narrativa discursiva" nos permitem concluir que eles passaram a "exigir" a prisão preventiva - mais uma - da ex-presidente Dilma Rousseff, depois da peça publicitária produzida pelos seus ex-marqueteiros, com o intuito de escaparem de penas mais duras, enredados que estão nas investigações da Operação Lava Jato. Como bem enfatizou nosso ex-presidente, a senha "Lula" é capaz de produzir milagres. Os indivíduos têm suas penas reduzidas e ainda contam com um "abatimento" na contabilidade de devolução dos recursos amealhados ilicitamente. Um deles já cumpre sua pena numa aprazível casa de veraneio numa das maravilhosas praias do litoral nordestino.
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