pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: O cerco montado em Curitiba para condenar Lula
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domingo, 7 de maio de 2017

Editorial: O cerco montado em Curitiba para condenar Lula



Está tudo pronto para a audiência onde o ex-presidente Lula deverá depor, envolvendo investigações da Operação Lava Jato. Seus algozes não esqueceram nem mesmo de espalhar diversos outdoors pela cidade, informando que as grades da prisão da República de Curitiba estariam prontas para recebê-lo. Não é de hoje que o país está completamente cindido entre "coxinhas" e "mortadelas" - como pobre, eu acho mortadela uma delícia -, depois dos embates que culminaram com o afastamento da presidente Dilma Rousseff da Presidência da República, num processo extremamente precário, como se sabe. Talvez, em função disso, é que um colunista teria recomendado não ser prudente a presença da militância petista naquela praça. Mas, a julgar pelo plano de contingência elaborado pelos dirigentes petistas, não se espere que os "coxinhas" ficarão à vontade para achincalhar um ex-presidente que, apesar dos problemas, teve a coragem de mexer nas estruturas cristalizadas das injustiças sociais do país. 

Algo nos diz, desde o início, que Lula será condenado porque, em última análise, o projeto é inviabilizá-lo politicamente. Como afirmamos antes, neste clima de insegurança jurídica que enfrentamos, seus opositores já reuniram os "elementos" para materializar uma provável sentença condenatória. De acordo com recentes pronunciamentos do presidente da legenda, Rui Falcão, isso não ficará barato. Haveria uma grande mobilização, em caráter nacional, de protestos contra uma medida dessa natureza, reunindo movimentos sociais, partidos políticos e outros segmentos da sociedade civil. As declarações de Rui Falcão não significam uma declaração de guerra - quiçá com o propósito de pressionar a República de Curitiba - mas a admissibilidade de que não há dúvida sobre o plano das intenções malévolas desse processo, desde o início. Não há como manter alguma ilusão sobre este assunto. Os movimentos das hostes conservadoras dos últimos dias indicam que, na inconsistência das acusações de recebimentos de favores indevidos, auferidos em relação ao tríplex do Guarujá ou o sítio de Atibaia, vão usar os últimos depoimentos dos delatores, sobretudo os espontâneos, para enquadrar o ex-presidente. 

Um outro movimento do sistema que também nos parece preocupante é aquele que indica que, não satisfeitos sobre uma provável condenação e, consequentemente, uma inviabilidade política do ex-presidente Lula, há, igualmente, uma sanha no sentido de atingir a também ex-presidente Dilma Rousseff, hoje vítima preferencial de alguns delatores, como se tudo estivesse previamente acertado, no sentido de envolvê-la nas investigações da Operação Lava Jato, como uma possível troca de e-mails entre ela e Marcelo Odebrecht, a partir de um notebook de uso pessoal, cujo rastreio hoje torna-se perfeitamente possível. Como afirmou Marcelo Odebrecht em depoimento ao juiz Sérgio Moro, o político que diz que não utilizou-se desse recurso nas últimas campanhas está mentindo. A questão é que essa elite brasileira parece ainda insatisfeita em ter surrupiado o mandato da senhora Dilma Rousseff. Pretendem infringi-la um mal ainda maior, como uma possível condenação no curso das investigações da Operação Lava Jato. 

O momento político, volto a repetir, é dos mais delicados. Alguns atores estão inexoravelmente condenados a uma execração pública, numa tecitura ardilosamente montada. Confesso que até pensava que o afastamento da presidente Dilma Rousseff seria o preço a ser pago por ela, mas, pelo andar da carruagem política, eles pretendem também enxovalhar o seu nome junto à opinião pública, relacionando-a a algum ilícito em sua gestão ou durante as campanhas. A Polícia Federal, assoberbada de trabalhos mais relevantes, agora terá que se debruçar sobre as trocas de emails pessoais da presidente, com os seus assessores mais diretos, durante as campanhas, como possíveis financiadores ou a esposa do seu marqueteiro, Mônica Moura, hoje uma fiel colaboradora da justiça. Ora, talvez seja o caso de enfatizarmos aqui: Deixem dona Dilma cuidar dos seus netos em paz. 

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