pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : Editorial: Cautela e canja de galinha (mesmo com pés e pescoços) não fazem mal ao eleitorado brasileiro nas próximas eleições.
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terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Editorial: Cautela e canja de galinha (mesmo com pés e pescoços) não fazem mal ao eleitorado brasileiro nas próximas eleições.


Numa entrevista recente ao jornal O Estado de São Paulo, o cientista político pernambucano, Antonio Lavareda, faz algumas considerações acerca das próximas eleições presidenciais e, sem querer - posto que se trata de um analista político bastante comedido e ponderado - acaba sugerindo um possível desfecho dos resultados das eleições presidenciais de 2022 no Brasil, ao fazer uma analogia com os acontecimentos recentes no Chile. Naquele país, um candidato de centro-esquerda, Gabriel Boric, venceu as últimas eleiçoes presidenciais, depois de celebrar acordos com o centro político, com o propósito de derrotar a ultradireita representada pelo candidato José Antonio Kast. 

Depois das eleições, Boric - diplomaticamente e seguindo uma linha moderada - abre-se às conversas e negociações com o propósito de construir um consenso em torno do enfrentamento dos graves problemas que aquele pais enfrenta. Lavareda observa que, diferentemente das eleições de 2018, onde houve uma espécie de impulsão da cruzada contra a corrupção, estimulada por alguns atores identificados com essas práticas na condução dos negócios públicos, as eleições de 2022 serão caracterizadas pela ponderação e cautela por parte dos eleitores, possivelmente ressabriados pelos acontecimentos políticos e econômicos( e também de saúde pública), refletidos na avaliação do Governo do presidente Jair Bolsonaro(PL). 

Essas reflexões do cientista político pernambucano ajuda a entender, igualmente, o porquê da "cautela" de aproximadamente 30% do eleitorado brasileiro, aquele que ainda não se definiu por este ou aquele candidato do escopo polarizado, tampouco se enclinou por algum dos tantos candidatos da chamada terceira via, que, a rigor, talvez não vingue, conforme já afirmamos por aqui. O país não se encontra num bom momento e a referência acima aos pés e pescoços de galinha é bastante pertinente, pois reflete nossos problemas econômicos, com recessão, alta nos preços de alguns produtos - o café talvez seja a referência mais recente - e o número preocupante de desempregados, que, curiosamente, traz, no seu bojo, um componente de gênero e raça. A maioria são mulheres e negras.

Depois dessas eleições, um grande acordo de conciliação nacional se torna absolutamente necessário, para estancar essa sangria anticivilizatória, desumana, antidemocrática e intolerante em que o país mergulhou nos últimos anos. Não teremos uma eleição tranquila, em razão dos níveis de acirramento que estamos vivendo. O Poder Judiciário terá um grande trabalho pela frente, para permitir que as regras do jogo sejam rigorosamente respeitadas, não permitindo o linchamento de pessoas e instituições. Nos primeiros dias do ano abordamos este tema por aqui.     

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