Menino criado solto assim como um Galo de Campina, temos a real dimensão do que significa, para as crianças, o prazer proporcionado pelo reecontro com os coleguinhas no retorno às aulas presenciais. Tais prazeres afetivos, por sua vez, serão importantíssimos para o desevolvimento de sua personalidade e dos processos de socialização e aprendizagem. Os psicólogos infantis, por sua vez,já evidenciaram vários problemas psicológicos como consequência da condição de confinamento - impostos pela Covid-19 em sua primeira fase - onde as crianças precisaram acompanhar as atividades do ano letivo remotamente.
Num texto autobiográfico, Meus Verdes Anos, o escritor paraibano, José Lins do Rêgo, relata um fato que este editor considera a pior das torturas para uma criança, ou seja, ser privado dos contatos e das brincadeiras com os coleguinhas. Como ele sofria de asma ou "puxado' - no linguajar do seu regionalismo nordestino - nos momentos de crise, era um tal de não podia isso, não podia aquilo. Acomodado num dos aposentos da Casa Grande, muito mais pavoroso do que os dores da doença, era ouvir as algazarras promovidas pelos moleques da bagaceira, nas primeiras horas da manhã ou ao finais de tarde, e não poder delas participar, conforme ele confessa.
No entanto,pelo andar da carruagem sanitária no país, recomenda-se o bom-senso e a prudência necessária para o adiamento do retorno às aulas presenciais neste semestre. O país, sucessivamente, vem batendo todos os recordes de contaminação pela variante Ômicron, o que vem contribuindo para uma ampliação, não menos preocupante, do número de óbitos, em curva ascendente há 12 dias, a despeito dos consideráveis avanços nos índices de vacinação da população.
Um outro dado complicador é o de que muitas crianças estão sendo contamindas, justamente em função de se constituirem na parcela da população ainda com pouca cobertura vacinal. Alguns Estados da Federação estão operando com a capacidade dos seus leites de UTI's no limite, quando não já em condições de saturamento, partindo para a retomada de medidas adotadas no início da pandemia, ou seja, reativando os hospitais de campanha. Conforme observou o médico Miguel Nicolelis, estamos vivendo a pior fase da pandemia. Infelizmente. Cobertura vacinal da população; protocolos e medidas restritivas; exigências do passaporte de vacinação nos eventos e por alguns estabelecimentos comerciais; campanhas educativas no sentido de enfatizar a necessidade de se manter as medidas e os cuidados preventivos sobre a doença ainda não tem sido suficientes para conter o avanço da transmissão da variante do vírus.
Alguns Estados já consideram a possibilidade de ampliarem ou retomarem algumas ações adotadas no início da pandemia. É neste contexto que a retomada das aulas presenciais, neste momento, seria uma medida absolutamente insensata. Um adiamento, inclusive, permitirá que mais crianças sejam vacinadas, passando-se a se exigir o passaporte vacinal para a frequência às aulas presenciais. Prefeituras como as de Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Paulista já determinaram que as aulas presenciais serão adiadas. Seria importante um decreto do Governo do Estado de Pernambuco neste mesmo sentido. Doutor André Longo, Secretário de Saúde - que tantas vezes elogiamos por qui, em razão de sua postura de equilíbrio e sintonizada com os protocolos sanitários - precisa se posicionar sobre este assunto, depois de ouvir seu comitê de monitoramento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário