Início de ano é sempre um período fértil para a divulgação de relatórios de instituições que acompanham o estágio da democracia, do respeito aos direitos humanos e do grau de corrupção dos países pelo mundo. Infelizmente, o Brasil não aparece bem nesses indicadores, confirmando rankings anteriores, que apontam descaminhos no tocante à preservação das instituições da democracia, assim como em relação às leis e medidas de proteção ao meio ambiente. Na realidade, hoje, somos a democracia mais ameaçada do mundo, a julgar pelos indicadores apontados. Em tais circunstâncias, torna-se utópico sonhar com o nosso ingresso na OCDE( Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), que congrega países de democracias consolidadas, inclusive no que diz respeito à democracia substantiva ou econômica.
Indicadores de educação da população, renda per capita e inclusão social entram nesta continha. Há alguns anos atrás, escrevemos um longo - e não menos polêmico - artigo tratando dos indicadores de desenvolvimento da nossa educação básica, tomando como referência os índices do IDEB, diante das exigências de nota mínima para ingressar naquele seleto grupo de países. Pelos índices obtidos até o momento em que escrevia aquele artigo, dificilmente atingiríamos a nota exigida, ou seja, 6,0. Não tenho informações sobre se a OCDE já teria alterado este índice.
De qualquer forma, pelo andar da carruagem política, sobretudo em razão dos estragos provocados pela pandemia, nossos índices educacionais - que nunca foram bons - devem ter piorado bastante, atingindo de forma mais efetiva, como sempre, os estratos sociais mais fragilizados. Trata-se de um problema histórico, que nunca foi devidamente enfrentado, em razão da torpeza de nossas elites, forjadas no regime escravagista, que não reconhecem os direitos legítmos do andar da baixo da pirâmide social.
É curioso observar que, em tais relatórios - que este editor coleciona com muito carinho - as convergências entre essas instituições acerca dos problemas enfrentados por nossa democracia nos últimos anos, principalmente a partir de 2013, quando começaram as manobras para sucumbi-las, com o agravamento de 2016, quando ocorreu o golpe de um novo tipo, ou golpe institucional. Enfim, se não melhorarmos nossa saúde democrática pelos próximos anos, não teremos a menor chance de ingressar neste seleto clube, a despeito do convite formulado por aquela instituição e do otimismo do ministro da Economia, Paulo Guedes, que afirmou que "falta pouco".
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