pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: A cruzada do ministro Alexandre de Moraes contra as fake news nas eleições de 2022.
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domingo, 2 de janeiro de 2022

Editorial: A cruzada do ministro Alexandre de Moraes contra as fake news nas eleições de 2022.



O estatuto da "verdade", meu caríssimo filósofo Michel Foucault, sempre foi algo indutor de grandes controvérsias. Joseph Goebbels, o todo-poderoso Ministro da Propaganda Nazista, costumava afirmar que uma mentira repetida mil vez assume status de verdade absoluta. Li, até recentemente, uma excelente matéria sobre as fake news, onde o autor enfatizava, do ponto de vista da psicanálise lakaniana, as razões pelas quais as pessoas tendem a dar credibilidade a essas informações falsas, sem qualquer fundamentação, consistência ou lastro na realidade. 

Uma das razões é que algumas pessoas gostariam que aquela informação fosse verdade, seja por inveja, seja pela inimizade ou indisposição com o indivíduo, seja por sua condição de adversário político ou, quem sabe, por outras motivações inconscientes, que somente algumas sessões com um bom psicanalista ou psicólogo poderiam desvendar. Se eu não gosto do sujeito, então as calúnias, injúrias e difamações que se dizem contra ele, então devem ser verdade. O assunto  tornou-se tão atual e interessante, que produzimos uma "Separata" sobre o mesmo, texto que pretendemos publicar por aqui, depois de alguns ajustes, abrindo uma nova secção neste blog. 

Pelo andar da carruagem política, teremos uma eleição bastante polarizada em 2022. As forças do atraso e do obscurantismo parecem apostar nesse caos, um terreno onde eles se sentem mais à vontade para atuarem. As eleições de 2018 já ocorreram um pouco neste clima, mas a tendência é que o problema seja agravado nas próximas eleições, sobretudo em razão desse processo de radicalização e polarização política. Fazemos aqui referência ao expediente de utilização da mentira como arma política, que se tornou recorrente nas eleições daquele ano, inspirado no modelo criado por um americano que anda às turras com a justiça. Trata-se de um processo pernicioso, de vulgarização da política. Ao invés de discutirem programas ou plataformas de governo, os adversários passam o tempo todo tentando se explicar sobre as mentiras inventadas e disseminadas através das redes sociais, dos robôs, dos disparos de zaps. Terminam as eleições e eles continuam "devendo" explicações à sociedade.

Teremos alguns meses pela frente até Outubro, mas a tendência será mesmo esta polarização, uma vez que uma terceira via competitiva - que poderia contribuir, quem sabe, para diluir tal acirramento - ainda não passa de uma utopia. Lado a lado, com honrosas exceções dos atores mais ponderados, o cabo de guerra está esticado. O ministro Alexandre de Moraes, relator no STF do inquérito das fake news, já afirmou que não permitirá que tais procedimentos sejam utilizados nas próximas eleições. Cassaria a chapa que se utilizasse desses mecanismos, que atentam acintosamente contra a democracia. 

Não tenho dúvidas sobre as boas intenções do ministro Alexandre de Moraes - que tornou-se uma espécie de guardião dos princípios democráticos no país - mas reconheco que ele terá muito trabalho pela frente, sobretudo num país como o nosso, onde a experiência de democracia é frágil e os padrões de relações não são nada republicanos no que concerne à esfera pública. Escrevemos por aqui um editorial, onde tratamos deste assunto, ou seja, abordando as dificuldades de se aplicar os rigores da lei num país como o nosso, historicamente permissivo. A cruzada democrática e republicana do ministro Alexanadre de Moraes, por outro lado, merece aqui todo o nosso respeito, embora conheçamos as dificuldades que ele deverá enfrentar. 

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