Havia até bons motivos para comentarmos aqui sobre o ex-juiz Sérgio Moro, que cogita mudar de partido para viabilizar seu projeto de tornar-se, de fato, candidato à Presidência da República nas próximas eleições de Outubro. Segundo especula-se nos bastidores da política nacional, ele estaria insatisfeito com a estrutura do Podemos - partido ao qual filiou-se até recentemente - que não consegue fechar acordos nos Estados. O ex-juiz da LavaJato estaria de namoro com a noiva mais cobiçada de Brasília, o União Brasil, que possui grandes dotes, tempo de televisão e capilaridade política nacional.
A postura do ex-juiz tem sido bastante criticada pelos membros do Podemos - que o acolheram com bastante entusiasmo - com o propósito de viabilizar seu projeto pessoal. A mudança, se ocorrer, não seria assim tão inusitada, pois o ex-juiz, a rigor, se manteria naquele mesmo conjunto de forças conservadoras que tentam emplacar uma candidatura presidencial pela terceira via, ou seja, uma coalizão já denominada por alguns como uma Nova UDN. O União Brasil, como se sabe, inclusive, ainda não teria um candidato presidencial para chamar de seu, mas estabelece amplas negociações políticas com os diversos pré-candidatos. Existem algumas questões de ordem ética nesta discussão, mas isso já seria uma outra conversa, sobretudo neste campo, meu caro Pierre Bourdieu.
Por outro lado, o principal concorrente às eleições presidenciais de 2022, Luiz Inácio Lula da Silva(PT-SP), diferente do ex-juiz que ainda não encontrou um partido que lhes ofereça as condições efetivas de viabilizar-se como candidato, encontra-se numa espécie de céu de brigadeiro. Terminou o ano de 2021 liderando todas as pesquisas de intenção de voto e começa 2022 mantendo a mesma performance, em alguns casos, abrindo uma média de 17 pontos em relação ao seu principal oponente, podendo liquidar a fatura ainda no primeiro turno, caso as nuvens negras não apareçam no céu.
Geralmente, um candidato nesta condição, enfrenta dois problemas: Torna-se o alvo principal dos oponentes, tendo que suportar a série de ataques a ele desferidas pelos adversários, e a desmobilização da militância, dentro do espírito do "já ganhou". Pela espertise adquirida nas diversas disputas presidenciais que participou, o PT, certamamente, já sabe lidar com esses problemas, pontuando a conduta adequada para a aterrissagem em Outubro de 2022, de preferência, como deseja seus eleitores e militância, na rampa do Palácio do Planalto.
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