Faleceu hoje, aos 91 anos de idade, de causas não relevadas, o cineasta francês Jean-Luc Godard, um dos principais nomes da vanguarda artística que ficaria conhecida como Nouvelle Vague. Tudo é muito interessante na vida deste cineasta suiço-francês - o que nos inspirou a produzir alguns contos a respeito - a começar pelo movimento da Nouvelle Vague que ele, estranhmante, passou a rejeitar depois de sua fase de envolvimento com o cinema político. Neste período de quarentena, imposto pela pandemia da Covid-19, tivemos a oportunidade de participar de um curso sobre cinema, onde Godard era um dos principais nomes abordados, principalmente no contexto de sua fase maoísta, a partir de 1968, quando ele passa a fazer um cinema revolucionário, engajado politicamente, integrando o grupo criado em homenagem ao cineasta revolucionário russo, Dziga Viértov.
Não deixamos de ter nossas simpatias por essa fase do cineasta, mas, como disse antes, tudo na vida deste cidadão foi muito interessante, como a própria história da Nouvelle Vague, formada por um grupo de jovens cineastas abrigados na então famosa Cinematica Francesa. Costumavam passar horas debatendo os filmes, depois de assistí-los. A Nouvelle Vague inovou também nas tomadas, realizadas nas ruas de Paris, com luz própria, tirando as produções dos estúdios fechados. Há, nesta fase, grandes produções de Godard, como Viver a Vida, mas o cineasta costumava pedir para que os seus admiradores esquecessem essa fase de sua trajetória como cineasta. Se sentia mais à vontade com a sua produção da fase maoísta, quando flertou com o marxismo e a Revolução Chinesa.
Durante o período da guerra de libertação da Argélia, o filósofo Jean-Paul Sartre saía às ruas de Paris para defender a independência do povo argelino. Influente dentro e fora da França, criava grandes dificuldades para o Governo Francês, então liderado por Charles de Gaulle. Sugeriram a de Gaulle que prendesse Sartre e ele respondeu: Entendemos que seria necessário, mas como prender Voltaire? Agora, por ocasião da morte de Jean-Luc Godard, o presidente Emmanuel Macron afirmou que a França havia perdido um tesouro da nação. Aqui, quando se pretendeu um reconhecimento público a importante psiquiatra Nise da Silveira, houve uma autoridade pública que chegou a fazer chacota com o assunto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário