Já estivemos mais ativos por aqui. Peço perdão aos leitores e leitoras mais diletos, mas estou mergulhado na bibliografia de um curso para entender melhor o país, algo fundamental nesses tempos bicudos que enfrentamos. Nos nossos saudosos tempos do CFCH, na UFPE, havia um professor, hoje, infelizmnte falecido, que reunia em seminários, todos os anos, uma trupe de estudiosos dos melhores intérpretes do Brasil. Esses seminários cumpriam um papel importante em nossa formação, pois avançavam para muito além dos chamados cânones sagrados a esse respeito, como os historiadores Sérgio Buarque de Holonda, Caio Prado Júnior e o sociólogo Gilberto Freyre.
Assim, tínhamos a oportunidade de conhecer melhor a obra de Josué de Castro, Roberto DaMatta, Milton Santos, Darcy Ribeiro, o paraibano Celso Furtado, fundador da SUDENE, José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Euclides da Cunha. Esses são alguns nomes que conseguimos lembrar. Haviam outros, tão relevantes quanto. Se o saudodos professor Manoel Correia de Andrade ainda estivesse entre nós, hoje, possivelmente, convidaria nomes como Jessé de Souza, Laurentino Gomes, entre outros. Outro dia, durante uma aula, uma aluna observou que estava faltando mulheres nessa galeria. E não é que ela tem lá suas razões!!!
Estamos espantados - e até certo ponto confuso - com o número de textos e referências bibliográficas sobre o assunto. Como observou o professor, são textos prospectados em sebos em razão das "diretrizes" que norteam a formação de uma biblioteca tradicional. Alguns desses textos precisamos ler pelo computador, o que se torna um tormento. Como observa o escritor Ariano Suassuna - aliás, outro grande intérprete do país - não dá para levá-lo para cama e rolar com ele, como se faz com um livro impresso. De quebra, com a licença de nossa renite alérgica, ainda tem aquele cheirinho gostoso de coisa envelhecida. Todo esse preâmbulo vem a propósito da fotografia acima, que anda circulando pelas redes sociais, onde a periferia empobrecida, num transporte coletivo, faz gestos de protestos contra a motociata do presidente Jair Bolsonaro. Curiosamente, a foto não registra a autoria, mas é bem um retrato do Brasil real e o Brasil oficial.
P.S.: Contexto Político: Mais tarde ficamos sabendo que o ônibus teria sido parado pela Polícia Militar e os passageiros submetidos a uma rigorosa revista.
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