Por alguma razão, setores conservadores e do próprio governo passaram a questionar as estatísticas que indicam que o país possui 33 milhões de pessoas que vivem na condição de insegurança alimantar. O próprio presidente Jair Bolsonaro chegou a fazer alguns questionamentos a esse respeito durante um programa de entrevistas, mas resolveu voltar atrás, possivelmente orientado por sua assessoria política. Como ensinava um velho companheriro de trabalho, tem coisas que se dizem por cima, tem coisas que se dizem por baixo e tem coisas que não se dizem, principalente se considerarmos o lugar de fala do ator político, neste caso, o chefe do nosso Executivo Federal.
Um dos motivos para a ocorrência de tanta discrepância dos números apresentados pelos institutos de pesquisa em relação à corrida presidencial deste ano pode estar relacionada à confiabilidade de nossas estatísticas populacionais, já que os últimos números disponíveis são do censo de 2010. No atual governo, os órgãos federais estão passando por um processo de redefinição identitária - perdão pelo eufemismo - mesmo que tal processo esteja ocorrendo sutilmente, sem alardes ou mesmo anúncios oficiais.
Conforme já informamos em outro editorial, cogita-se o perdão de uma dívida de 16 bilhões de reais aplicadas pelo IBAMA aos violadores das regras de preservação do meio-ambiente. O corte de verba para a realização do último censo, salvo melhor juízo, provocou até mesmo a demissão voluntária de gestores do IBGE. Pela última entrevista concedida ao recenseador por este editor, o número de sanitários de minha residência tornou-se algo mais importante do que o meu nível de instrução, que sequer foi perguntado.
Não vou aqui entrar em mais detalhes porque os próprios servidores de carreira desses órgãos estão denunciado o processo de "desmonte" dessas instituições. Dados de pesquisa confiáveis, per si, é o elemento mais importante para a realização de uma pesquisa. É com base censitária de 2010 que os institutos de pesquisa estão indo a campo e podem, sim, distorcer seus resultados. Agora, em relação aos pobres ou pessoas em situação de insegurança alimentar no país, diria a vocês que são milhões - pelas razões históricas conhecidas - e, igualmente, não causa supresa que eles tenham aumentado sensivelmente no ano de 2021, segundo a Fundação Getúlio Vargas, o ano em que a população mais empobreceu nos 10 anos de realização de sua série histórica.
Aqui no Recife, o números de pessoas morando nas ruas, pedindo esmolas nos sinais de trânsito indicam que vamos muito mal neste quesito. Como Pernambuco foi o Estado que, isoladamente, teve o "melhor" desempenho brasileiro na ampliação da pobreza do país, compreende-se porque Recife é a capital nacional da miséria. Enquanto isso, nossos gestores são acossados quase que cotidianamente, por desvios de recursos públicos. Ainda ontem um "exército" de policiais federais estiveram numa cidade do interior para checar desvios na área de educação. Pernambuco se transformou numa vergonha nacional. Existe a matriz das falcatruas e suas filiais, ou seja, cidades distribuídas pelas diversas regiões do Estado.
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