Os eleitores mexicanos foram às urnas neste domingo para realizarem algo inédito. Naquele país, juízes federais e membros da Suprema Corte agora serão eleitos pelo sufrágio do voto. Talvez não haja precedente no mundo. Até recentemente, a presidente do país, Cláudia Sheinbaum, travou um embate com o presidente americano Donald Trump acerca da questão das tarifas de produtos de importação imposta pelos americanos. Foi para a mesa de negociações e ajustou com o americano uma vigilância maior na fronteira entre os dois países - minimizando o tráfico de drogas sintéticas - o que levou Trump a voltar atrás, pelo menos nos índices de taxação.
Agora é o momento de os juízes do país serem eleitos pelo voto. 2.600 magistrados foram escolhidos através deste processo. O perfil de exigência dos candidatos é bem republicano: nota não inferior a 8, ficha limpa e registro no órgão de classe, o que aqui seria a OAB, que funciona como um ponto de corte para o exercício da atividade profissional. Trata-se de uma medida polêmica, com defesas apaixonadas por aqueles que defendem o expediente, assim como as contraposições daqueles que se colocam contra a medida. Ocorreram protestos e a abstenção é um indicador da ausência de consenso em torno do assunto. A questão agora é saber se essa moda pega.
Diante do quadro de insegurança jurídica e de instabilidade institucional em que o país se encontra, as comparações com a situação do Brasil se tornaram inevitáveis. Não vamos aqui entrar no mérito da questão para não melindrar. Um aspecto negativo é a influência dos carteis de droga sobre toda a malha institucional do país, tornando o México uma região controlada pelo narcotráfico em algumas unidades federadas. O Brasil, a julgar pela situações como o Rio de Janeiro, a Bahia e o Ceará, caminha celeremente para uma situação semelhante. Infelizmente. Aqui já se evidenciou que o crime organizado poderia estar por trás do financiamento de políticos e de jovens estudantes de direito que, uma vez formados, vão defender seus interesses. A situação do México, ao instituir eleição para a escolha dos magistrados, pode conduzir o país a um processo de cartelização do judiciário. Um grande risco.
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