pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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domingo, 2 de julho de 2023

Editorial: O rosto da direita pós-Bolsonaro?



O bolsonarismo não morre com a saída de cena do ex-presidente Jair Bolsonaro. Apesar de inelegível até 2028, seu capital político está longe de arrefecer. Tal condição de inelegível, segundo alguns observadores, pode, inclusive, até ampliar esse capital político. A questão agora é saber quem será ungido com o esse espólio político, já em níveis de acirradas disputas entre os ilustres representantes da direita e da extrema-direita. Generais como Erasmo Dias estão sendo homenageados - o que representa um retrocesso tremendo, num pais que nunca conviveu muito bem com a justiça reparativa ou de transição. 

Para não ficar atrás, até o fascista Benito Mussolini foi citado esta semana, por um governador de Estado, por ocasião da decretação de inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. Nos bastidores - ou seria estertores? - do bolsonarismo mais radical estamos presenciando um campeonato macabro para se saber quem mais se aproxima do perfil ideal da extrema-direita. Em São Paulo, Tarcísio de Freitas, num flagrante desrespeito às vítimas da Ditadura Militar de 1962, se esmera nessas homenagens aos algozes da democracia e do desrespeito aos direitos humanos. As ervas daninhas estão vicejando.

Logo após saber do resultado do seu julgamento junto ao TSE, o ex-presidente Jair Bolsonaro fez questão de enfatizar que o jogo ainda não havia acabado. A sua esposa, Michelle Bolsonaro, também se apresenta como herdeira legítima desse espólio político. Seus movimentos indicam que ela estaria no páreo para as próximas eleições. Pretensão em princípio rejeitada pela própria família Bolsonaro, diante desses fatos novos, quem sabe ela não tem alguma chance de assumir esse papel. 

Publisher: Protests in France. A new May 1968?



France has been in turmoil for some time. An attentive observer has already realized that the protests in that country, concentrated mainly in the capital Paris, have become recurrent, whether in relation to economic policy, or in relation to the reforms of the social security system, or in relation to the neuralgic presence of foreign immigrants. May 1968 began with difficulties encountered by students in university accommodation. Soon they spread out, took over the streets and took on a gigantic dimension.

This time the protests were triggered after the death of a 17-year-old by a police officer. It has the potential to last for weeks, despite the harsh repression of the state security apparatus, which has already arrested more than 2,500,000 people. Until recently, when he was in that country, President Luiz Inácio Lula da Silva spoke a lot about the need to fight inequalities. As he spoke, the worried expression on the face of French President Emmanuel Macron could be seen.

These inequalities, mainly in education and work opportunities, splitting the French population, are at the root of the current protests in that country. Lula speaks from the chair, since the neoliberal agenda, formatted by current capitalism, is based on the triple of inequality, racism and authoritarianism, premises that are very familiar to Brazil. It is what some theorists already define as the Brazilianization of the West. The French State's response will not come through public policies, but through harsh repression of protests. They can wait!

Editorial: Protestos na França. Um novo Maio de 1968?



A França está convulsionada há algum tempo. Um observador atento já se deu conta que os protestos naquele país, concentrados sobretudo na capital Paris, se tornaram recorrentes, seja em relação à política econômica, seja em relação às reformas do sistema previdenciário, seja em relação à nevrálgica presença de imigrantes estrangeiros. O Maio de 1968, começou com as dificuldades encontradas pelos estudantes nas acomodações universitárias. Logo se estenderam, ganharam as ruas e assumiram uma dimensão gigantesca. 

Desta vez os protestos foram iniciados depois da morte de um jovem de 17 anos por um oficial da polícia. Há potencial para durar semanas, a despeito da dura repressão do aparato de segurança do Estado, que já prendeu mais de 2500 mil pessoas. Até recentemente, quando esteve naquele país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou bastante sobre a necessidade de combater as desigualdades. Enquanto ele falava, osbervava-se o semblante de preocupação do presidente francês, Emmanuel Macron. 

Essas desigualdades, principalmente de oportunidades de educação e de trabalho, cindindo a população francesa, está na raiz dos protestos atuais naquele país. Lula fala de cátedra, uma vez que a agenda neoliberal, formatada pelo capitalismo atual, se assenta no triplé da desigualdade, do racismo e do autoritarismo, premissas bem familiares ao Brasil. É o que alguns teóricos já definem como a brasilianização do ocidente. A resposta do Estado francês não virá através de políticas públicas, mas de duras repressões aos protestos. Podem esperar!

Charge! Jean Galvão via Folha de São Paulo

 


sábado, 1 de julho de 2023

Editorial: Pedetistas comemoram inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro.


Ciro Gomes e Carlos Lupi desejam os créditos pelo desfecho do processo impetrado pelo PDT junto ao TSE, que acabou determinando a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro. Desde do dia ontem, este assunto é só o que se comenta pelas redes sociais. Já acompanhamos uma entrevista do Ciro Gomes tratando deste assunto, onde enfatiza que o ex-presidente havia passado dos limites, ao convocar aquela reunião palaciana com os representantes diplomáticos dos países estrangeiros, onde teria feito alguns questionamentos sobre as urnas eletrônicas. 

Agora foi a vez de Carlos Lupi, Ministro da Previdência Social do Governo Lula, também se pronunciar sobre o assunto. De fato, eles fazem jus a todos os créditos. Nos últimos dias, o ex-governador Ciro Gomes vem se comportando como quem deseja voltar à ribalta, quem sabe de olho nas próximas eleições. Em princípio, analisamos tal possibilidade para 2026, por ocasião do pleito presidencial. Em todo caso, convém não descartar uma candidatura estadual. 

O cearense já se pronunciou contrário a uma reaproximação com o PT, no tocante às próximas eleições municipais. Seu irmão, o senador Cid Gomes, aposta na reedição dessa coalizão, responsável por um longo período de hegemonia política naquele estado, impedindo setores reacionários locais conduzissem o governo. Ao longo dos anos, como ocorre em todo o país, esses grupos apenas se fortaleceram, exigindo o bom sendo necessário dos progressistas. A questão é que já faz algum tempo que Ciro Gomes não enxerga no PT este perfil.   

Charge! Mor via Folha de São Paulo

 


Editorial: A polêmica da recuperação da estrada que leva ao rancho da família Zema.

 


Não raro, este assunto volta a ocupar espaço nas redes sociais. Trata-se uma matéria do jornal O Estado de São Paulo, abordando uma obra do Governo de Minas Gerais, orçada em R$ 41 millhões, com o propósito de recuperar as condições de tráfego de uma estrada. Ocorre que tal estrada passa na propriedade de um rancho da família Zema, do governador do estado, Romeu Zema(Novo-MG), daí ter gerado tanta polêmica. Zema tem um governo bem avaliado, tendo adotado no estado um modelo de gestão inovador, primando pelo enxugamento da máquina, racionalidade na aplicação dos recursos, combate a desvios e malversação de verbas públicas, entre outros ingredientes que se encaixam no figurino que compõem o escopo de uma administração, digamos assim, com verniz neoliberal ou modernizante. 

Mais um motivo para o estranhamento de uma ação pública que deverá favorecer a sua nucleação familiar, algo não condizente com essa "racionalidade". Zema, inclusive, desponta como um dos possíveis herdeiros do espólio bolsonarista, constituindo-se, quem sabe, como um eventual candidato às eleições presidenciais de 2026. O governador mineiro se manteve equidistante durante o primeiro turno das eleições presidenciais passadas, mas, durante o segundo turno, emprestou seu apoio ao então candidato Jair Bolsonaro.

Ainda jovem, já se comporta como uma cevada raposa da política mineira. Com um olho no padre e outro na missa, circula pelos corredores da capital federal arregimentando apoiadores e novos filiados ao seu partido, o Novo. Um dos nomes sondados é o do ex-juiz da Lava-Jato, Sérgio Moro, talvez um pouco desconfortável no União Brasil, sobretudo em razão do namoro da legenda com o Palácio do Planalto.  

Editorial: Bolsonaro inelegível. E agora?



A grande questão que se coloca agora no campo político da extrema-direita é sobre o futuro do ex-presidente Jair Bolsonaro. Seus comentários sobre o resultado da votação do STE, que o tornou inelegível pelos próximos 08 anos, sugerem algumas pistas. Ele sempre afirma que o jogo não termina aqui e que ele não está morto. O ex-presidente também se sente apunhalado pelas costas. Como o resultado do julgamento seria previsível, próceres atores políticos que circundam o seu entorno já se arvoravam em fazer algumas conjecturas a esse respeito, sugerindo possibilidades possíveis diante deste cenário. 

Há quem assegure que a decisão pela inelegibilidade apenas contribua para ampliar seu capital político junto a um seguimento eleitoral que sempre se identificou com o bolsonarismo, o que não deixa de ser uma hipótese plausível. Numa eleição, quem ocupa a máquina sempre leva algumas vantagens. No plano federal o PT está no poder e isso poderá ter seus reflexos nas próximas eleições municipais de 2024 e, certamente, nas eleições presidenciais de 2026. Por outro lado, não pode ser desconsiderado o fato de a oposição ter apresentado um bom desempenho nas urnas nas eleições passadas, tendência que pode se repetir nas próximas eleições. 

O senador Ciro Nogueira, fiel escudeiro do bolsonarismo, já andou afirmando que aposta com qualquer um que o PT não fará nenhum prefeito de capital nas próximas eleições municipais, assim como Bolsonaro será o maior cabo eleitoral dos próximos pleitos. O bolsonarismo permenece forte junto a um segmento do eleitorado e este eleitorado não emite sinais de que poderá abandonar a sua liderança. Pelo menos por enquanto.    

sexta-feira, 30 de junho de 2023

Editorial: Inelegibilidade de Bolsonaro nas mãos da ministra Cármen Lúcia.


Os petistas já estão comemorando a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro pelas redes sociais, mas estamos dependendo, ainda, do voto da Ministra do STF, Cármen Lúcia. O placar já está 3X1 pró inelegibilidade. O voto da ministra Cármen Lúcia pela inelegibildade do ex-presidente torna esse placar sem alguma chance de reversão. Independentemente do resultado do placar, o mais importante nisso tudo tem sido os argumentos apresentados pelos magistrados nas justificativas dos seus votos. Uma verdadeira aula para os amantes da democracia. 

Bolsonaro está sendo julgado por ter convidado representantes diplomáticos de outras nações para um encontro no Palácio do Planalto, onde teria feito algumas considerações a respeito de sua desconfiança da lisura das urnas eletrônicas. Essa pregação sistemática contra o processo eleitoral desencadeou toda uma onda de protetos contra o resultado do pleito. Mais grave, levou hordas de bolsonaristas radicais às portas dos quartéis, no sentido de implorarem por uma intervenção militar. 

A orda ficou sem controle, ao ponto de urdirem, até mesmo, um golpe de Estado, com ingredientes terroristas, como os artefatos explosivos instalados nos arredores do Aeroporto de Brasília. Todos nós precisamos tomar os cuidados devidos com as nossas falas. Em relação aos homens públicos, esses cuidados precisam ser redobrados. Se a premissa vale para Bolsonaro, também vale para Lula. No dia de ontem, por ocasião da abertura do Foro de São Paulo, duas falas estão alcançando uma repercussão enorme. O fato de ele "ralativisar" a democracia e afirmar que se sentia bem em ser tratado como "comunista", algo que está sendo bastante explorado pelas hordas bolsonaristas.       

Publisher: It rains a lot in Recife



It rains a lot in Recife. The city seems shrouded in smoke. If observed from Rua da Aurora, the murky waters of the Capibaribe take us back to the chronicles of Paulo Fernando Craveiro, regularly published in the old Diário da Noite. No one has described Recife better than the Recife chronicler. In reality, born in Monteiro, in Paraíba, but brought to the capital of Pernambuco from an early age, enjoying its corners and corners in the moments of leisure from school activities. As an adult, in the newspaper's editorial office, he translated his keen and passionate look at the Brazilian Venice.

The problem of flooding is recurrent in the capital of Pernambuco. It constitutes a headache for all the managers who occupy the Antonio Farias Palace, mainly due to the irregular occupation of its hills and wetlands, forming several areas of risk. Until recently, during the heavy rains that fell across the country, Recife unfortunately recorded the highest number of deaths caused by landslides.

The capital of Pernambuco is a city located below sea level. In the Benfica neighbourhood, close to the Clube Português, an astonishing index of three and a half meters below sea level can be reached. A well, actually. When the Dutch arrived here, in 1630, only mud and mangroves separated the cities of Olinda and Recife. The current manager, João Campos, from the PSB, has been carrying out a work worthy of recognition with this punished periphery, subjected to such conditions due to its social situation and the absence of suitable housing policies, implemented by the public power.

Editorial; Recife debaixo d'água


Chove muito no Recife. A cidade parece envolta numa cortina de fumaça. Se observada da Rua da Aurora, as águas turvas do Capibaribe nos remetem às crônicas de Paulo Fernando Craveiro, publicadas com regularidade no antigo Diário da Noite. Ninguém descreveu melhor o Recife do que o cronista recifense. Na realidade, nascido em Monteiro, na Paraíba, mas trazido à capital pernambucana desde a mais tenra idade, usufruindo dos seus encantos e recantos nos momentos de folga das atividades escolares. Já adulto, na redação do jornal, traduziu seu olhar arguto e apaixonado pela Veneza brasileira.  

O problema dos alagamentos são recorrentes na capital pernambucana. Constitui-se numa dor de cabeça para todos os gestores que ocupam o Palácio Antonio Farias, sobretudo em razão da ocupação irregular de seus morros e alagados, formando várias áreas de risco. Até recentemente, durante as fortes chuvas que caíram em todo o país, Recife, infelizmente, registrou o maior número de óbitos produzidos pelos deslizamentos de barreiras. 

A capital pernambucana é uma cidade que fica abaixo do nível do mar. No bairro do Benfica, nas proximidades do Clube Português,  chega-se ao espantoso índice três metros e meio abaixo do nível mar. Um poço, na realidade. Quando os holandeses aqui chegaram, em 1630, apenas lama e manguezal separavam as cidades de Olinda e Recife. O atual gestor, João Campos, do PSB, vem realizando um trabalho digno de reconhecimento junto a essa periferia castigada, submetida a tais condições em função de sua situação social e da ausência de políticas habitacionais condizentes, implementadas pelo poder público.    

Editorial: Lula nunca foi comunista.



Estamos passando por um momento de grande polarização política, onde a guerra de narrativas constitui-se numa arma bastante perigosa. Em tais circunstâncias, não sabemos se a melhor estratégia seria a de alimentar essa guerra de narrativas, com falas menos cuidadosas. Hoje, dia 30, alguns órgãos da mídia e as redes sociais - ainda com superioridade do bolsonarismo - estão malhando o presidente Lula por duas falas: Ao afirmar o "relativismo" da democracia e dizer que sente orgulho de ser comunista. 

Ora, Lula nunca foi comunista. Até o general Goubery do Couto e Silva, o bruxo do regime militar instaurado no país após o golpe civil-militar de 1964, sabia disso. Suas falas, no entanto, estão alimentando a propagação de uma narrativa que pode prejudicar a sua imagem junto a algns setores da sociedade, para um pouco além das hordas bolsonaristas, o que não se constitui num bom "encaminhamento", sobretudo num momento em que o Governo pretende reabrir o diálogo com os evangélicos e com o agro. A inelegibiludade de Bolsonaro cria um vácuo político que poderia ser, estrategicamente, bem explorado. Mas não com falas desse tipo.  

As hordas digitais bolsonaristas conseguiram colocar o termo "comunista" no primeiro lugar do Trending Topics Twitter Brazil. Já faz algum tempo que a área de comunicação institucional do Governo vem sendo criticada. Com Lula, então, isso ocorre desde a campanha, quando ele acabou falando demais e produzindo alguns ruídos desconfortáveis junto ao eleitorado. A tese que Lula precisa defender sempre é que venceu as últimas eleições presidenciais exatamente por se colocar como um contraponto à perspectiva autoritária e desumana representada por seu adversário.   

Charge! Jaguar via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 29 de junho de 2023

Publisher: Bolsa Família in the hands of Centrão?



When he took office, the PT had decided, for obvious reasons, that some areas of management would not be negotiated with the coalition that helped Lula reach the Planalto for the third time. It was necessary to print a "brand" of the Government among the population, preferably paving the way for the next electoral clashes. The Ministry of Social Development would be one of those non-negotiable spaces, for implementing one of the flagships of the PT administration, the Bolsa Família Program.

The program is so identified with the PT that, on the eve of the last presidential elections, the Bolsonaro government made large investments in the program, renamed Auxílio Brasil, in a desperate attempt to secure its re-election. In the popular imagination, however, the program continued to be associated with Lula. As the popular imagination is complicated, it was not easy to change this perception. When the current Minister of Planning, Simone Tebet, articulated her participation in the Government, in principle, such ministry would be her preference. He ended up being handed over to someone who was strictly trusted by the hard core of the party's ideological sectors, the former governor of Piauí, Wellington Dias.

Therefore, what was our surprise to learn that such a ministry would be on the agenda of the negotiations between the PT and the Centrão, here represented by the Progressives party. The target would be the Ministry of Health, but in the face of strong resistance - including a high cost to be paid with the population, which vehemently expressed itself against it, through social networks - the Ministry of Social Development would thus be a consolation prize to unravel the difficult political negotiations between the PT and this political grouping. Unfortunate.

Editorial: O liame da tentativa de golpe do dia 8 de janeiro



Está sendo ouvido, neste momento, na CPI Distrital dos Atos Golpistas,  o senhor Alan dos Santos, que esteve envolvido na frustrada tentativa de atentados terroristas em Brasília, que antecederam os atos do dia 08 de janeiro. Alan, como bem defeniu o Deputado Distrital Chico Vigilante, foi usado como uma espécie de mula dos terroristas. Identificado, submetido a inquérito e já condenado, estranhamente, manteve praticamente em silêncio sobre fatos cruciais, ou seja, quem os financiou, quem ordenou, quem são os verdadeiros mentores daqueles atos. 

Chico Vigilante sugeriu uma sessão secreta daquela comissão, onde ele deverá falar o que sabe, já que se diz ameaçado. O próximo a ser ouvido é o comparsa de Alan, o senhor George Washington, igualmente enrascado, cumprindo pena, mas não abre o bico sobre os mentores dos atentados. Em algum momento essas conexões serão destravadas e os fios soltos emendados num único novelo. O novelo da trama contra as instituições democráticas, movida naquele dia fatídico. 

Fazia algum tempo que não ouvia o termo "liame", verbete que se tornou comum nos últimos dias, por se tratar de um termo que significa, entre outras coisas, "ligação". No dia de ontem, em artigo, o professor Michel Zaidan Filho, estabelece uma relação entre as pregações contra as urnas e a relação dessa narrativa com a tentativa de golpe, que acabou alimentando os episódios subsequentes, como o 08 de janeiro. Pelo que já se sabe, o golpe só não se viabilizou pela ausência de apoio entre a alta oficialidade das Forças Armadas.  

Editorial: PT pode deixar Boulos no sereno em São Paulo



A máxima da raposa política mineira, Magalhães Pinto, tem sido preocupantemente recorrente no cenário político brasileiro. Com sua vasta experiência e espertise, o mineiro costumava afirmar que a política é como as nuvens. Ora estão de uma forma, para, logo em seguida, essas nuvens mudarem completamente. Até recentemente, o nome do Deputado Federal, Guilherme Boulos(PSOL-SP), inclusive nas hostes petistas, era unanimidade para a disputa das próximas eleições municipais, em São Paulo, com o apoio da legenda petista. 

Boulos abdicou de sua candidatura ao Governo do Estado, nas eleições passadas, com o propósito de ajudar a campanha de Fernando Haddad(PT-SP), hoje Ministro da Fazenda. Faltam alguns meses para as próximas eleições municipais de 2024, mas as articulações já estão em pleno vapor, seja do lado da situação, seja do lado da oposição. No início do Governo Lula, a Deputada Federal, Tabata Amaral, do PSB, assumiu ser governista, apoiando a gestão petista. Até recentemente, porém, manisfetou o desejo de se tornar chata, ou seja, assumirá as críticas ao Governo. 

Curiosamente, Tabata é candidatíssima ao Palácio Bandeirantes. Um objetivo político que ela acalenta já faz algum tempo. O PT é complicado para assumir esses acordos. Só tem acordo se o partido apresentar o cabeça-de-chapa. Desta vez, quem se apresenta para assumir este papel é Jilmar Tato. Acredita-se que o apoio de Luiz Inácio Lula da Silva seria suficiente para tornar a chapa competitiva. É muito dúbia essa presunção, principalmente se considerarmos as nuvens do Magalhães Pinto. Até lá elas podem estar turvas.    

Editorial: O Bolsa Família nas mãos do Centrão?



Quando assumiu o Governo, o PT havia decidido, por razões óbvias, que algumas áreas da gestão não seriam negociadas com a coalizão que ajudou Lula chegar ao Planalto pela terceira vez. Era necessário imprimir uma "marca" do Governo junto à população, de preferência pavimentando o caminho para os próximos embates eleitorais. O Ministério do Desenvolvimento Social seria um desses espaços inegociáveis, por implementar um dos carros-chefe da gestão petista, o Programa Bolsa Família. 

O programa é tão identificado com o PT que, quando da véspera das eleições presidenciais passadas, o Governo Bolsonaro fez grandes investimentos no programa, rebatizado de Auxílio Brasil, numa tentativa desesperada de assegurar sua reeleição. No imaginário popular, entretanto, o programa continuou a ser associado a Lula. Como imaginário popular é coisa complicada, não foi simples mudar essa percepção. Quando a hoje Ministra do Planejamento, Simone Tebet, articulou sua participação no Governo, em princípio, tal ministério  seria o de sua preferência. Ele acabou sendo entregue a alguém da estrita confiança do núcleo duro dos setores ideológicos do partido, o ex-governador do Piauí, Wellington Dias. 

Portanto, qual não foi nossa surpresa ao saber que tal ministério estaria na ordem do dia das negociações entre o PT e o Centrão, aqui representado pelo partido Progressistas. O alvo seria o Ministério da Saúde, mas diante da forte resistência - inclusive com um alto custo a ser pago junto à população, que se manifestou veementemente contra, através das redes sociais - o Ministério do Desenvolvimento Social seria, assim, um prêmio de consolação para destrinchar as difíceis negociações políticas entre o PT e esse agrupamento político. Lamentável. A informações sobre tais negociações foram divulgadas no Jornal da Manhã, da CNN.       

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 28 de junho de 2023

Publisher: Brave scammers in ZAP and cowards in CPMI



The coup against the country's democratic institutions has been attempted not once but countless times. Curious is the narrative of Bolsonaristas that, without tanks in the streets, there could be no talk of a coup d'état. Yesterday, during the work of the CPMI on the Antidemocratic Acts, this narrative was strongly emphasized. In current times, as we know, we don't need tanks in the streets to enact a coup d'état. Today, even the most bloodthirsty dictatorships can assume a veneer of democracies. Authoritarian expedients are much more subtle, although equally harmful to citizens and democratic institutions.

What surprises us in these plots is the absolute discrepancy between the cell phone messages exchanged between the main architects of these maneuvers and their speeches, when they fall into the net of justice or when they are summoned to pronounce on the subject during the sessions of the commissions created to investigate these acts. We still haven't heard one of them assume he is a coup leader, deliver details of anti-democratic plots woven in the dark throes of obscurantism, and things like that. Courage even just through the ZAP groups.

This behavior is curious, but, strictly speaking, it would be expected. If the coup plot had been successful, they would be out there chasing the democrats with all possible will, with an unusual rage and courage, since they had the instruments and facilities created for this purpose. It is necessary that our democratic institutions punish with the necessary rigor those actors who plotted against it. Unfortunately, we live in a country of compromises, where everything is resolved with a pat on the back. One of the most strategic actors in this process has already stated that he is "tired" of hearing about coups.

Editorial: Só um milagre salva Bolsonaro da inelegibilidade.



Milagres acontecem, mas não com tanta frequência assim. Pelo andar da carrugem política, apenas um milagre pode livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro de uma inelegibiludade iminente. No dia de ontem, durante a justificativa do seu voto, o Ministro Benedito Gonçalves produziu uma peça irreparável sobre os delitos antidemocráticos cometidos pelo ex-presidente, parecer que deve ter um forte poder indutor sobre o voto dos demais ministros. Nos escaninhos da política, comenta-se que os bolsonaristas já trabalham com essa possibilidade concreta. 

Assim, já estariam trabalhando com um plano "M" numa possível materialização dessa hipótese. O "M" aqui se refere à esposa do ex-presidente, Michelle Bolsonaro, que já se movimenta como candidata. As eleições presidenciais de 2026 ainda estão distantes, mas teremos o embate de 2024 pela frente, daqui alguns meses, que deverá servir para azeitar as bases eleitorais, criando musculatura para o embate presidencial de 2026. O presidente Bolsonaro, inclusive, já teria sido bem mais reticente em relação ao assunto, mas teria arrefecido, diante das circunstâncias adversas.  

Por razões naturais - posto que pilota o maior colégio eleitoral do país - um possível herdeiro desse espólio político conservador - ou de extrema-direita? - é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Progressistas. As relações de Bolsonaro com o pupilo melhoraram sensivelmente, mas entre o "T" e o "M" ele prefere este último. É preciso deixar claro, no entanto, que esses arranjos envolvem negociações partidárias complexas. Ricardo Salles que o diga.      

Editorial: Golpistas corajosos no ZAP e covardes na CPMI



O golpe contra as instituições democráticas do país foi tentado não uma, mas inúmeras vezes. Curiosa é a narrativa dos bolsonaristas de que, em não havendo tanques nas ruas, não se poderia falar em golpe de Estado. No dia de ontem, durante os trabalhos da CPMI dos Atos Antidemocráticos, essa narrativa foi bastante enfatizada. Nos tempos atuais, como se sabe, não precisamos de tanques nas ruas para decretar um golpe de Estado. Hoje, até mesmo as ditaduras mais sanguinárias, podem assumir um verniz de democracias. Os expedientes autoritários são bem mais sutis, embora igualmente danosos para os cidadãos e cidadãs e instituições democráticas. 

O que nos surpreende nesses enredos é a absoluta discrepância entre as mensagens de celulares trocadas entre os principais artífices dessas manobras e suas falas, quando caem na malha da justiça ou quando são convocados a se pronucinarem sobre o assunto durante as sessões das comissões criadas para investigarem esses atos. Ainda não ouvimos um deles assumir que é golpista, entregar detalhes das tramas antidemocráticas urdidas nos estertores sombrios do obscurantismo, e coisas assim. Coragem mesmo apenas através dos grupos de ZAP. 

É curioso esse comportamento, mas, a rigor, já seria esperado. Se a trama golpista tivesse sido exitosa, eles estariam por aí perseguindo os democratas com todo o arbítrio possível, com uma sanha e uma coragem incomum, posto que de posse dos instrumentos e facilidades criados para este fim. É necessário que as nossas instituições democráticas punam com o rigor necessário aqueles atores que tramaram contra ela. Infelizmente, vivemos num país de conchavos, onde tudo se resolve com um tapinha nas costas. Um dos atores mais estratégicos nesse processo já afirmou que está "cansado" de ouvir falar de golpe. 

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 27 de junho de 2023

Editorial: Golpe? Que golpe?

 



Estamos acompanhando - com muita atenção e um grande grau de frustração - a audiência pública do coronel Jean Lawand, por ocasião dos trabalhos da CPMI dos Atos Antidemocráticos do dia 08 de janeiro. O militar, orientado por seus advogados, construiu uma narrativa sobre as gravações encontradas em seu celular, em conversas com o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, que desvitua, em opinião quase unânime dos parlamentares, o que, de fato, deve ter ocorrido e o seu real signficado. Em mais de um momento, chegou a ser tratado como "mentiroso" e "covarde" por parlamentares. 

Em tais circunstâncias, volto a repetir os elogios ao depoimento do dia de ontem, do coronel Naim, ex-comendante de policiamento do Distrito Federal, que ajudou bastante para elucidar alguns fatos. Mesmo visivelmente abatido, ele se dispôs a responder a todas as perguntas a ele dirigidas. Pode ter sido um pouco reticiente no início, mas logo em seguida apresentou sua versão dos fatos, inclusive apontando caminhos que poderão ser trilhados pelos membros daquela comissão. 

Como observaram os membros daquela comissão, é preciso tomar muito cuidado com essas estratégias de defesa. Muitos fiéis escudeiros das artimanhas bolsonaristas já ficaram pelo caminho. Mais um é apenas questão de contabilidade e não de princípio. A prática é deixar o caboclo no sereno e eximir o cabeça das responsabilidades. 

Editorial: Ciro não quer conversa com o PT.


O ex-candidato à Presidência da República nas últimas eleições, Ciro Gomes(PDT-CE), depois da derrota, deu um tempo para se pronunciar sobre o atual Governo. Depois de quatro meses, o timing chegou e ele voltou à carga, com todo gás, fazendo duras críticas à gestão do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A maior preocupação são as suas previsões sobre o futuro sombrio para o país. É como se estivéssemos sobre uma bomba prestes a explodir em algum momento. 

Embora a relação entre civis e militares não sejam das melhores desde algum tempo, Ciro não se refere a mais uma eventual tentativa de golpe, mas aos problemas sociais e econômicos que poderão advir. Na percepção do cearense, o Governo Lula encontra-se completamente sem rumo, sem algum norte. Não vamos aqui entrar nas nuances, para evitar os "melindres" naturais. Voltamos a insistir sobre a necessidade de não deixar de considerar as ponderações de um ator político que, assim como um bom aluno, costuma fazer o seu dever de casa. É alguém que estuda e se preocupa sinceramente sobre os rumos do país. Uma inteligência que faria muito bem à nação, independentemente das indisposições político\partidárias. 

Os pronunciamentos do cearense foram amplamente divulgados pela imprensa e pelas redes sociais. Em meio a esse imblóglio, os arranjos políticos em seu estado, sugerem uma possível reaproximação com o PT, no contexto das articulações visando as próximas eleições presidenciais. A sugestão seria do seu irmão, o senador Cid Gomes(PDT-CE), no sentido de reeditar uma aliança política que foi vitoriosa durante anos. Ciro Gomes repeliu, de imediato, qualquer possibilidade de negociações neste sentido.  

Editorial: Vamos tomar cuidado com esses atestados, alerta Arthur Maia.



No dia de ontem, o presidente da CPMI dos Atos Antigolpistas, Arthur Maia, fez um alerta aos navegantes, informando que todos os atestados médicos apresentados àquela comissão serão analisados pelo corpo médico do Legislativo. Caso tais atestados não sejam ratificados, levará os responsáveis por emiti-los ao CREMEPE. No dia de ontem, o depoente apresentou um atestado médico que foi rejeitado pelos médicos daquela Instituição. 

Independentemente de qualquer julgamento pessoal do depoente - até porque isso não compete a este editor - O coronel Jorge Eduardo Naime assumiu uma atitude louvável de prestar todo os esclarecimentos possíveis, em nenhum momento se negando a responder aos parlamentares. Um dos pontos mais nevrálgicos expostos diz respeito aos relatórios dos órgãos de inteligência que, segundo ele alegou, depois de um certo momento, sempre mostravam indicadores de um "arrefecimento" das mobilizações, até que elas explodiram justamento no dia 08 de janeiro. 

Isso é grave porque pode dá a entender que os objetivos desses possíveis relatórios "falsos" poderiam ser o de "desmobilizar" as forças legalistas, que deveriam esboçar resistências às manobras golpistas. Os parlamentares chegaram a um consenso de que este elemento é um dos mais importantes a serem checados. De fato, o teor desses relatórios procedem? Se procedem, quem são os responsáveis por sua emissão? Qual seriam esses propósitos? E, por falar em atestados, um conhecido parlamantar apresentou mais um deles no sentindo de não se apresentar para depor na Polícia Federal, numa audiência agendada para o dia de hoje. Está virando moda.   

Charge! Benett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 26 de junho de 2023

Editorial: Campanha pelas redes sociais fortalece Nísia Trindade. NÍSIA FICA!!!



Siga o dinheiro! Já recomendava Mark Felt, o "Garganta Profunda" aos jovens jornalistas do Washington Post, por ocasião das investigações do rumoroso caso do Escândalo Watergate. Como o brasileiro é muito inventivo, naquela busca realizada pela Polícia Federal na terra dos marechais, junto ao dinheiro, encontrava-se alguns comprimidos verdinhos, o Viagra. Aproveitando essa inventividade, o genial Laerte produziu uma belíssima charge, onde observava uma dúvida da polícia: seria melhor seguir o dinheiro ou a disfunção erétil? Na dúvida, parece que a Polícia Federal resolveu seguir o dinheiro e, segundo uma revista de grande credibilidade, algumas anotaçães sugerem que o dinheiro foi parar na conta de um dos homens mais poderosos da República, integrante de um grupo político que hoje inferniza o Planalto no sentido de pedir a cabeça da Ministra da Saúde, Nísia Trindade. 

Em sua defesa, hordas de apoiadores ocuparam as redes sociais no sentido de pedir a sua permanência no cargo, fortalecendo seu  nome junto ao Governo Lula, frente ao assédio sistemático. As motivações desse grupo político em ocupar aquele ministério, como se sabe, são vis. Não existe qualquer interesse público aqui envolvido. O Ministerio da Saúde agrega um dos maiores orçamentos da República, além de ser um ambiente burocraticamente facilitador das emendas do relator, aquelas do orçamento secreto. 

Apesar das avaliações de risco positivas no campo da economia, como se sabe, o Governo Lula infrenta alguns problemas. Há dificuldades visíveis na relação com o Legislativo, assim como alguns dilemas em relação ao estamento militar, onde é necessário se fazer uma assepcia antigolpe. Se vier a entregar o Ministério da Saúde a essas raposas o seu Governo acaba.  

Publisher: Relations between the military and civilians in Brazil remain tense.



A high-ranking military man spoke out about Lula's meeting with the Pope, treating the country's Chief Executive as a crook. According to information from the military mailboxes, the officer should be punished. During the week, a former Defense Minister, José Genoíno, expressed his concerns about what he classifies as a shielding strategy for the military involved in the January 8 coup attempt. The relationship between the military and civil power in Brazil was never pacified, nor, at some point, were they harmonious.

The recent effort of some legalistic military personnel, with a democratic profile, to depoliticize the Armed Forces is to be commended, but, strictly speaking, we are facing a problem that, mistakenly, some political actors insist on minimizing. One of them, sitting on an armed bomb, has already said that he is "tired" of hearing talk of a coup. As if not addressing the issue or neglecting it were the way out of the problem. The tug of war is still stretched. There are rumors that the United States Government has taken steps towards military sectors in Brazil in order to dissuade them from these anti-democratic attempts.

The speeches of the military heard in the CPIs that deal with this subject make this very clear, pointing out minutiae of possible false reports issued by intelligence bodies; change in the routine of mobilization of military personnel precisely on January 8; meticulous preparations, with the involvement of high-ranking officials in those anti-democratic textures; "legal" support of the exception measures that should be adopted. Finally, a manual and a complete script of the coup. Either our democratic institutions carry out a probe of the probe in these death throes - disarming these coup artifacts once and for all - or we will have more trouble ahead. Unfortunately.

Editorial: Continuam tensas a relação entre militares e civis no Brasil.



Um militar de alta patente se manifestou sobre o encontro de Lula com o Papa, tratando o Chefe do Executivo do país como um vigarista. Segundo informações dos escaninhos militares, o oficial deverá ser punido. Durante a semana, um ex-Ministro da Defesa, José Genoíno, manifestou suas preocupações sobre que ele classifica como uma estratégia de blindagem dos militares envolvidos na tentativa de golpe do dia 08 de janeiro. A relação entre militares e poder civil no Brasil nunca estiveram pacificadas, tampouco, em algum momento, foram harmoniosas. 

Louve-se o esforço recente de alguns militares legalistas, de perfil democrático, no sentido de despolitizar as Forças Armadas, mas, a rigor, estamos diante de um problema que, equivocadamente, alguns atores políticos insistem em minimizar. Um deles, sentado numa bomba armada, já disse que está "cansado" de ouvir falar em golpe. Como se não tratar do assunto ou negligenciá-lo fosse a saída do problema. O cabo de guerra ainda está esticado. Há rumores de que o Governo dos Estados Unidos teriam feito gestões junto a setores militares no Brasil no sentido de dissuadi-los dessas intentonas de caráter antidemocráticos. 

As falas do militares ouvidos nas CPIs que tratam deste assunto deixam muito claro isso, apontando minúcias de possíveis relatórios falsos emitidos por orgãos de inteligência; alteração na rotina de mobilização de efetivos militares justamente no dia 08 de janeiro; preparativos minuciosos, com envolvimento de oficiais de alta patente naquelas tessituras antidemocráticas; amparo "legal" das medidas de exceções que deveriam serem adotadas. Enfim, um manual e um roteiro completo do golpe. Ou as nossas instituições democráticas realizam uma devassa da devassa nesses estertores - desarmando esses artefatos golpistas de uma vez por toda - ou teremos mais encrencas pela frente. Infelizmente.  

Editorial: A semana promete. O caldeirão da política está fervendo.



A semana começou motivmentada. Logo mais teremos audiências importantes nas duas grandes CPIs, com convocados que podem ajudar bastante nos trabalhos de investigação e apuração dos fatos atinentes a ambas comissões. Nossa preocupação é que está todo mundo entrando com ações junto ao STF no sentido de não comparecer às audiências programadas. Um dos denunciantes dos abusos da operação Lava Jato afirma ter provas materiais sobre a festa da cueca, assim como ela foi usada como achaque para constranger magistrados. 

A revista Piauí teve acesso a eventuais transferências de recursos irregulares para um dos políticos mais poderosos do país, que anda às turras com o Poder Executivo. Sobre tal político, também se soube que ele controla uma penca de cargos numa estatal, ocupados por parentes e aderentes, que custam ao erário o total de 128 mil por mês. Não satisfeito, está de olho nas verbas do Ministério da Saúde. O Ciro Gomes, em palestra recente, malhou o PT, apontando, inclusive, eventuais casos de malversação de recursos públicos já neste Governo, como possíveis superfaturamento em licitações da CODEVASF. Por falar em Ciro, ele não quer nem ouvir falar na proposta do irmão no sentido de reatar a aliaçna com o PT no Estado, visando as próximas eleições municipais de 2024. 

Quem também parece ter perdido a paciência com o Governo do PT é a Deputada Federal Tabata Amaral(PSB-SP), que afirmou que se tornará chata daqui para frente, pois pretende fazer algumas ponderações críticas sobre a gestão. A deputada é atuante e combativa, mas acreditamos que tal postura pode ser reflexo dos arranjos em relação às eleições municipais de 2024. quando ele pretende apresentar sua postulação à prefeitura de São Paulo. O PT irá realizar um encontro nacional para discutir o tema, prospectando eventuais nomes competitivos nas grandes capitais do país. Nem Guilherme Boulos(PSOL-SP) tem a certeza de que contará com o apoio da legenda em São Paulo.