Quando assumiu o Governo, o PT havia decidido, por razões óbvias, que algumas áreas da gestão não seriam negociadas com a coalizão que ajudou Lula chegar ao Planalto pela terceira vez. Era necessário imprimir uma "marca" do Governo junto à população, de preferência pavimentando o caminho para os próximos embates eleitorais. O Ministério do Desenvolvimento Social seria um desses espaços inegociáveis, por implementar um dos carros-chefe da gestão petista, o Programa Bolsa Família.
O programa é tão identificado com o PT que, quando da véspera das eleições presidenciais passadas, o Governo Bolsonaro fez grandes investimentos no programa, rebatizado de Auxílio Brasil, numa tentativa desesperada de assegurar sua reeleição. No imaginário popular, entretanto, o programa continuou a ser associado a Lula. Como imaginário popular é coisa complicada, não foi simples mudar essa percepção. Quando a hoje Ministra do Planejamento, Simone Tebet, articulou sua participação no Governo, em princípio, tal ministério seria o de sua preferência. Ele acabou sendo entregue a alguém da estrita confiança do núcleo duro dos setores ideológicos do partido, o ex-governador do Piauí, Wellington Dias.
Portanto, qual não foi nossa surpresa ao saber que tal ministério estaria na ordem do dia das negociações entre o PT e o Centrão, aqui representado pelo partido Progressistas. O alvo seria o Ministério da Saúde, mas diante da forte resistência - inclusive com um alto custo a ser pago junto à população, que se manifestou veementemente contra, através das redes sociais - o Ministério do Desenvolvimento Social seria, assim, um prêmio de consolação para destrinchar as difíceis negociações políticas entre o PT e esse agrupamento político. Lamentável. A informações sobre tais negociações foram divulgadas no Jornal da Manhã, da CNN.
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