quarta-feira, 26 de junho de 2024
terça-feira, 25 de junho de 2024
Editorial: Saiu mais uma pesquisa sobre a disputa pela Prefeitura de São Paulo.
Entre os dias 19 e 24 deste mês, os pesquisadores do Instituto Paraná Pesquisas saíram a campo para saber quais as intenções de voto do eleitor paulistano, tomando como parâmetros as próximas eleições municipais de outubro. O caldeirão político naquela praça, como é do conhecimento dos leitores, passa por um momento de constante ebulição. Até recentemente, por exemplo, a polêmica se deu em relação à definição do nome do coronel Mello, ex-Rota, para compor a chapa do prefeito Ricardo Nunes, que disputa a reeleição.
A definição pelo nome de Mello, já confirmado, envolveu amplas negociações com os partidos que formam a frente de sustentação da candidatura - num total de 12 grêmios partidários - com respingo, inclusive, sobre a sucessão na Câmara dos Deputados, em Brasília. Mas, voltemos à São Paulo. Por ali, mais uma vez, o Paraná Pesquisas aponta o equilíbrio de forças e a polarização da disputa, ainda concentrada nos candidatos Ricardo Nunes e Guilherme Boulos, nome que conta com o apoio do Palácio do Planalto.
Nesta pesquisa, Ricardo Nunes aparece à frente, mas ainda dentro da margem de erro do instituto, calculado em 2,2 P.P. A entrada do coach Pablo Marçal e do apresentador José Luiz Datena na disputa produziu alguns rearranjos na dinâmica competitiva entre os dois principais competidores, mas nada suficiente, ainda, para alterar esse quadro. Um dos fatores de mudança, conforme já havíamos discutido por aqui, foi o de atirar de uma vez Ricardo Nunes nas cordas do bolsonarismo mais radical, pois um dos novos postulantes não esconde de ninguém sua simpatia pelo bolsonarismo.
Até os correligionários de Nunes advogam que o coronel Mello não teria votos. Discordamos dessa tese e aprofundamos essa discussão em nosso perfil na plataforma Privacy, que pode ser acessado e assinado pelo link. A partir de hoje e pelos próximos meses, até o dia 06 de outubro, vamos focar nessas eleições municipais, embora o assinante também terá acesso às análises de conjuntura da política nacional, que caracteriza este blog. Em termos de números, Nunes aparece pontuando com 28,5%, enquanto Boulos crava 25,9% das intenções de voto.
Editorial: Desbloquearam o telefone de Frederick Wassef. O que vem por aí?
Pelas redes sociais, somos informados de que a Polícia Federal teria conseguido desbloquear o telefone do advogado Frederick Wassef, que possui fortes ligações com o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua família. Não se sabe exatamente o que foi encontrado nas conversas arquivadas em tal telefone, mas, pelo andar da carruagem sugere-se que elas tenham o potencial de fomentar, inclusive, novas linhas de investigações sobre inquéritos em andamentos e, até mesmo, provocar a abertura de novos inquéritos, a depender da avaliação sobre o material.
Frederick Wassef é uma espécie de bolsonarista raiz, daqueles que podem ser enquadrado no núcleo duro que orbita em torno do presidente Bolsonaro. Conforme os leitores estão inteirados, existem rolos de toda a natureza sendo investigados neste momento. Desde cartões de vacinação à tentativa frustrada de golpe de Estado. Até recentemente, por exemplo, uma nova joia teria sido encontrada, no contexto das joias doadas pelo Governo da Arábia Saudita ao Governo do Brasil, mas que o assunto, possivelmente, não teria sido tratado de forma institucionalizada, tampouco republicana.
Vamos aguardar as investigações conduzidas pela Polícia Federal, que estão realizando este trabalho com alto grau de seriedade e profissionalismo, em prol do interesse público, como se espera de um órgão de Estado.
Editorial: Há o que temer com a candidatura de Dani Portela?
No Recife, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva praticamente deixou claro que acompanhará o projeto de reeleição do prefeito João Campos(PSB-PE), independentemente de indicar o nome para compor a sua chapa, na condição de vice, conforme o PT local havia pleiteado. Não havia outra alternativa. Simples assim. Encaracolado, com dificuldades por todo o Brasil, o PT não poderia, sequer, pensar em deixar de apoiar um nome competitivo, com condições reais de continuar à frente do Palácio Capibaribe.
Uma das últimas pesquisas de intenções de voto sobre as próximas eleições do Recife, realizada pelo Instituto Intel\Atlas\CNN, o prefeito João Campos(PSB-PE) cravou 51% ante os 21% do candidato representante do bolsonarismo no Estado, o ex-Ministro do Turismo, Gilson Machado(PL-PE). Na semana passada a Deputada Estadual Dani Portela(PSTU-PE) licenciou-se de suas atividades na ALEPE para integrar-se de corpo e alma na campanha pela Prefeitura da Cidade do Recife. Em princípio, chegou-se a sugerir que o próprio Palácio Capibaribe poderia está estimulando a candidatua da pesolista, entendendo que ela não representaria nenhuma ameaça ao projeto de reeleição de João Campos, posto que seu eleitorado, na hipótese de um segundo turno, tenderia, naturalmente a votar em João Campos, numa opção clara pelo antibolsonarismo.
Há aqui, no entanto, algumas questões que precisariam ser melhor analisadas, tanto em relação às expectativas de crescimento da candidatura de Dani Portela, quanto em relação à candidatura do bolsonarista Gilson Machado, que, pode sim, angariar a simpatia de um eleitorado conservador, não necessariamente tão identificado com o bolsonarismo. Aliás, é nisso que ele aposta. Em resposta aos receios de João Campos em deixar na prefeitura um nome do PT, que, por diversos motivos, jamais teria a sua estrita confiança, um morubixaba do PT local informou que ele não teria nada a temer em deixar a prefeitura com um nome do partido.
Por outro lado, o que o prefeito João Campos poderia temer com a candidatura de Dani Portela e do bolsonarista Gilson Machado? São essas questões que avaliamos em nosso perfil da plataforma Privacy, que pode ser acessado e assinado pelo link. Neste perfil, você encontrará informações atualizadas sobre a conjuntura política nacional e estadual, neste momento, com ênfase sobre as próximas eleições municipais. Assine para manter-se inteirado sobre o que ocorre nos "escaninhos", nas "coxias", com uma análise precisa dos fatos, algo que você só encontra por aqui.
Editorial: O cenário não é otimista para o desempenho do PT nas próximas eleições municipais.
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues(PT-BA), resolveu aparecer num desses palcos de forró instalado em Amargosa, onde se apresentava o cantor Flávio José, e foi solenemente vaiado pela multidão, mesmo com os apelos do cantor para que a plateia contivesse os apupos. Nas últimas eleições presidenciais, 70% do eleitorado do Estado votou em Lula, possivelmente a maior performance do petista. Desde então, as coisas não vão bem naquele Estado, que ostenta hoje altíssimos índices de violência, configurando-se como o Estado mais violento do país.
O grave problema da violência no país não se restringe ao Estado da Bahia, tampouco é de responsabilidade exclusiva das entes federados, conforme já observou o próprio governador numa dessas ocasiões, mas, neste caso específico, o PT ocupa as duas esferas de poder. Na capital, Salvador, o atual prefeito, Bruno Reis, ligado ao grupo do ex-babalorixá Antônio Carlos Magalhães, lidera todas as pesquisas de intenção de voto realizadas até este momento.
Nas eleições passadas o PT conseguiu reverter essa tendência do eleitorado, que pretendia votar em ACM Neto para o Palácio de Ondina, mas estima-se que, desta vez, as possibilidades de reversão são remotas. Dezoitos meses depois de ter assumido a Presidência da República, o PT expõe uma fadiga de material evidente. Envelheceu precocemente. Mesmo em seu maior reduto eleitoral, a região Nordeste, as dificuldades eleitorais se apresentam como barreiras intransponíveis nas principais capitais da região.
segunda-feira, 24 de junho de 2024
Editorial: A incrível ginástica aliancista de Eduardo Paes.
Pela última pesquisa de intenção de voto realizada naquela praça, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes(PSD-RJ), segue muito bem na fita, cravando 51% das intenções de voto, bem acima do segundo colocado, o Deputado Federal Alexandre Ramagem, que pontua apenas com 11% das intenções de voto. Há quem assegure que essa larga vantagem de Paes seria por pouco tempo, assim como ocorreu com Marcelo Freixo(PSOL-RJ) em passado recente.
Surge no retrovisor, no entanto, uma sinalização de que tal fenômeno possa não se repetir em relação a Eduardo Paes, sobretudo em razão do perfil das alianças que o prefeito está celebrando, envolvendo atores políticos com os quais, possivelmente, Freixo não se alinharia. Até recentemente, Eduardo Paes fechou uma aliança com o Deputado Estadual do MDB, Otoni de Paula, onde, segundo dizem, teria sido ajustado que o candidato não faria críticas diretas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, tampouco indicaria um nome do PT para compor a sua chapa na condição de vice. Otoni de Paula é tido como um bolsonarista.
O conjunto de partidos mais à esquerda do espectro politico que dá sustentação ao seu projeto de reeleição, a exemplo do PT, PDT, PCdoB, PV e Solidariedade reuniram-se recentemente para reivindicarem, em conjunto, a primazia pela indicação da vice na chapa do prefeito, que prefere outros nomes, em razão de uma eventual candidatura ao Governo do Estado nas eleições de 2026. Paes pretende montar uma chapa puro-sangue, nome que será escolhido entre seus auxiliares de estrita confiança. Com essas manobras aliancistas radicais, talvez o prefeito Eduardo Paes evite eventuais surpresas daqui para frente em sua campanha, renovando o contrato de locação do Palácio da Cidade, embora reconheça-se aqui uma estratégia exclusivamente orientada pela correlação de forças em jogo, sem quaisquer constrangimentos ideológico.
domingo, 23 de junho de 2024
Editorial: Peixes-boi marinho são avistados nas praias de Cabedelo.
Louvável o trabalho realizado pelas entidades ambientais que se propuseram a preservar os peixes-boi, um mamífero aquático herbívoro da bacia do Amazonas, que quase foi extinto do nosso litoral. Ao longo do tempo, algumas dessas entidades, financiadas pela empresa Petrobras, conseguiram a proeza de não apenas preservar a espécie, mas vê-los reintroduzidos na natureza e se multiplicarem. A natureza é tão sábia que dá sua ajudinha. Existe a suspeita de que esses mamíferos possam ter modificado seus hábitos alimentares para se adaptarem melhor ao ambiente adverso.
O capim-agulha era o vegetal preferido, mas, quando ausentes, hoje eles se alimentam de outros vegetais encontrados no mar. O Projeto Viva O Peixe-Boi Marinho, com sede em Mamanguape, naquele Estado, divulgou imagens desses mamíferos se divertindo no mar de Cabedelo, cidade da Região Metropolitana de João Pessoa, consoante matéria do site ClickPB. A notícia é alvissareira, mas lamentava-se o fato de um dos animais apresentar marcas de ferimento, possivelmente produzidas por embarcações locais, que são comuns naquele balneário.
A recomendação do Projeto Peixe-boi Marinho é que os banhistas que utilizam essas embarcações redobrem os cuidados ao transitarem no local, evitando, assim, atingirem os novos frequentadores. De fato, preocupa o grande fluxo de embarcações no local, sobretudo nas imediações da Praia do Poço, onde ficam localizadas as famosas piscinas de Areia Vermelha, que atraem centenas de turistas, principalmente em feriados prolongados.
sábado, 22 de junho de 2024
Editorial: O voto "xerifão"
Um dos fenômenos mais interessantes e instigantes entre as áreas de pesquisa em ciência política talvez seja mesmo entender o que leva o eleitor a votar neste e ou naquele candidato. Há várias hipóteses ou variáveis envolvendo este assunto, todas dignas de investigações. O bolsonarismo, aliado a este momento de insegurança que o país atravessa, talvez esteja estimulando o eleitorado em votar em nomes ligados ao aparato de segurança do Estado, como se observou nas últimas eleições, caso se considere, por exemplo, o expressivo número de parlamentares ligados às Forças Armadas ou às polícias federais e estaduais.
Neste sentido, vejam a composição da Bancada da Bala, formada pro delegados e policiais civis, policiais federais, policiais militares e representantes das Forças Armadas. O fenômeno é tão curioso que em Goiás dizem alguns internautas, a liderança da deputada federal Adriana Accorsi para a prefeitura de Goiania se dá não apenas pelo prestígio do PT naquela praça, mas, sobretudo por ela ser uma ex-delegada da Polícia Civil do Estado.
Esta questão veio à tona em razão da confirmação do nome do coronel Mello Araújo, Ex-Rota, como candidato a vice na chapa de reeleição do prefeito Ricardo Nunes. Há quem assegure que ele não tem voto, pois nunca foi experimentado nas urnas, mas tudo isso é muito relativo, uma vez que sua entrada na chapa pode consolidar o eventual apoio do eleitorado bolsonarista mais radical paulista ao projeto de reeleição do prefeito.
Tudo ainda é muito recente para se tirar conclusões mais precisas sobre o que pode representar, de fato, em termos de benefícios eleitorais, a entrada do coronel na chapa. Candidatos como Guilherme Boulos, por exemplo, podem explorar o perfil de extrema-direita da composição. Mello, inclusive, não era o nome da preferência de Ricardo Nunes, que preferia uma composição menos radicalizada. É curioso como a entrada do coach Pablo Marçal no páreo está produzindo um verdadeiro rebuliço na disputa.
Para o aprofundamento dessas e outras questões envolvendo a política nacional, aconselhamos assinar e acompanhar as nossas postagens pelo perfil da plataforma Privacy, através do link.
Editorial: A preocupação com a segurança de Ronnie Lessa.
Assim como Adriano da Nóbrega, que morreu num confronto com policiais no interior da Bahia, Ronnie Lessa, acusado de ser o executor da morte da ex-vereadora Marielle Franco, tornou-se um arquivo vivo sobre as engrenagens que moem a atuação das milícias no Rio de Janeiro. Sua segurança, neste caso, passou a preocupar as autoridades, que já teriam a informação de que ele poderia ser alvo do crime organizado. Ex-policial, Lessa era conhecido entre os companheiros pela forma contundente sobre como atuava, angariando admiração na corporação e, consequentemente, desafetos do outro lado.
Os próprios advogados de Ronnie Lessa, consoante o acordo de delação premiada celebrado com a Polícia Federal, pleitearam sua transferência para o complexo penitenciário de Tremembé, que seria o desejo do seu constituído, uma vez que ficaria mais próximo dos familiares. Assim que a notícia foi divulgada, autoridades do próprio sistema prisional comunicaram que o complexo de Tremembé não seria o local mais adequado para abrigar um preso com o perfil de Ronnie Lessa.
Faz sentido toda essa preocupação, até porque ela está ancorada em informações obtidas pelos serviços de inteligência da Polícia Penal. Uma dessas grandes facções do crime organizado poderia está tramando a morte do ex-policial. Lessa encontra-se em cela isolada, sem qualquer contato com outros presos, mas, mesmo assim, não se pode menosprezar a capacidade desses grupos organizados de atingirem seus intentos. O Ministro Alexandre de Moraes, do STF, requisitou que a Polícia Federal investigue essas denúncias.
sexta-feira, 21 de junho de 2024
Editorial: Coronel Mello, ex-Rota, será confirmado como vice de Nunes.
Finalmente, o martelo foi batido sobre o nome que deverá ocupar a vice na chapa de reeleição do prefeito Ricardo Nunes. Ainda existem algumas arestas envolvendo o assunto, mas num jantar que está sendo convocado pelo time de caciques que apoiam o prefeito - que deverá contar com a presença de integrantes dos 11 partidos que compõem a frente ampla - o nome do coronel Mello será sacramentado como vice. Como já havíamos discutido numa de nossas postagem, a entrada do coach Paulo Marçal na disputa, atraindo a atenção de atores políticos identificados com o espectro conservador ou ultraconservador, deu o empurrão necessário para a definição do nome do coronel Mello Araújo.
Marçal chegou a flertar com um eventual apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro. A entrada de Pablo Marçal no jogo atirou Nunes nas cordas da extrema-direita, algo que ele procurava, a todo custo evitar, preferindo uma posição mais centralizada. Não seria improvável que possamos identificar alguns outros rearranjos na disputa, em virtude da entrada de Marçal no jogo. Na última pesquisa de intenção de votos divulgadas sobre aquele pleito, ele já conta com mais de 12% das intenções de voto, um escore nada desprezível para quem entrou na disputa recentemente.
Entre os partidos ainda reticentes, o Solidariedade, o Progressistas e o União Brasil. Ciro Nogueira, Presidente Nacional do PP, já afirmou que estará integrado ao projeto de reeleição do prefeito em qualquer circunstância. Não se esperava outra atitude. Até por osmose ele estaria com Nunes. Por outro lado, os tucanos agora possuem um candidato para chamar de seu, o apresentador José Luiz Datena. Não deixa de ser curioso, no entanto, a ausência de sintonia entre as direções partidárias e seus representantes no Legislativo. Até recentemente os vereadores tucanos preferiam apoiar o nome de Nunes. O mesmo fenômeno ocorre com o União Brasil que, em tese, também teria um candidato próprio, mas fecham com Nunes.
Editorial: Governo pode perder batalha para evitar a CPI do Arrozão.
Sem base parlamentar consistente e desarticulado, o Governo Lula 3 está enfrentado um momento de grandes derrotas políticas. Agora, por ocasião das articulações da Oposição no sentido de recolher assinaturas com o propósito de viabilizar uma eventual CPI do Arrozão, o Governo recorre ao expediente de reter a liberação de emendas parlamentares, assim como recorrer, imaginem, ao União Brasil para tentar barrar o processo. Até candidatos à presidência da Casa estariam fazendo o jogo do governo no sentido de evitar a obtenção do número de assinaturas que viabilizariam a proposta.
Diríamos para vocês que é um jogo perigoso. Tanto é assim que os escaninhos da política na capital federal assinalam que as assinaturas só aumentam desde então, hoje perfazendo um total de 138 assinaturas. O jogo é pesado. Tem gente considerando a possibilidade de o Neri Geller está sendo usado como bode expiatório, assim como apostam numa posição favorável do presidente da Casa, Arthur Lira. Se tal CPI vier a ser viabilizada, isso significará um desgaste enorme para o Governo.
Os equívocos cometidos nesse leilão atabalhoado são evidentes. Os erros são de um primarismo absurdo até mesmo se considerarmos apenas os aspectos técnicos do processo, sem entrarmos na seara política. Embora tenha sido exonerado do cargo que ocupava, Neri Geller insiste que os responsáveis pela decisão de realizar o leilão são outros figurões do Governo. Uma CPI ajudaria a esclarecer alguns fatos importantes. Ainda considerando aqui apenas os aspectos técnicos, como foi possível o cometimento de tantos equívocos.
Editorial: Lula reunirá entes federados para tratar da questão da violência.
O aumento da violência no país é um dois maiores problemas que o Governo Lula 3 enfrenta neste momento. Na realidade, o Governo Lula 3 enfrenta inúmeros problemas, sendo difícil eleger aqui aquele com maior potencial de afetar sua popularidade, criando condições políticas ainda mais adversas para o mandatário do país. Estamos diante de uma tempestade perfeita. Possivelmente o econômico seria o maior deles, embora a questão da segurança pública mereça a atenção necessária. Há algo aqui totalmente fora de controle em alguns entes federados, onde o crime organizado passou a dar as cartas, ignorando completamente as autoridades legalmente constituídas.
Conforme comentamos no dia de ontem por aqui, de cada 10 mortes letais intencionas, segundo o Atlas da Violência, 7 delas podem ser atribuídas às ações desses grupos, que estão migrando dos grandes centros urbanos para regiões como a Norte e Nordeste, principalmente em zonas periféricas e interioranas. Louvável e urgente que o Governo apresente algum plano para enfrentar tal problema. É o que se espera, para os próximos dias, de uma reunião entre o Governo Lula e todos os entes federados, com a presença do Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.
Um dos gargalos aqui é a maneira de se enfrentar esse problema, pois, como se sabe, há aqui uma séria questão de agenda entre Governo e Oposição. Difícil encontrar alguns pontos de convergência entre eles, pois a oposição parece apostar no quanto pior melhor, pois torcem pelo desgaste do Governo, inclusive fazendo questão de politizar esse drama, em alguns casos - como no uso das câmaras nos uniformes policiais - adotando procedimentos que se contrapõem às diretrizes governamentais.
Editorial: A polêmica em torno da criminalização do porte e consumo de drogas.
Nos anos sombrios da ditatura militar, precisamente em 1968, quando foi instituído o Ato Institucional número 5, mais conhecido como AI-5, estabeleceu-se um diálogo bastante emblemático entre um autoridade militar e o Deputado Federal da ARENA, Pedro Aleixo, que, embora integrando o partido que dava sustentação política aos militares, se colocou contra as medidas restritivas das liberdades individuais e coletivas, que passariam a vigorar no país, permitindo que o Governo Militar agisse sem freios contra seus opositores.
Quando questionado se não confiava no Governo, Pedro Aleixo afirmaria, naquela ocasião, que não confiava mesmo era no guarda da esquina. Embora os ímpetos autoritários tenham sido relativamente contidos, o país passa por um momento delicado, caracterizado por uma agenda de retrocessos civilizatórios que, de algum modo, a oposição bolsonarista tenta impor de goela abaixo à sociedade brasileira, mesmo sob os auspícios de uma gestão de corte progressista, referendada pelo voto popular.
Tais retrocessos diz respeito às drogas, ao aborto, às saidinhas dos presos do sistema prisional. É preciso muita sensibilidade e bom-senso ao tratar desses temas, sob pena de se incorrer em aberrações gravíssimas, de consequências ainda piores para a sociedade. É preciso, inclusive, se ter uma noção sobre o ambiente onde se operam essas leis, em alguns casos, draconianas. Um bom exemplo é se perguntar quem é a nossa polícia? como é formada a nossa polícia? como age a nossa policia?
Pesquisas de instituições respeitadas apontam quem os critérios cromático e geográfico influenciam decisivamente na condução desses policiais em operação, quando terão que decidir o que significa porte para consumo pessoal ou para o tráfico. A cor do indivíduo é determinante, assim como a geografia igualmente. A abordagem é no Leblon ou no Rio das Pedras? Inevitavelmente, vamos ter muitos problemas por aqui. A começar pelas injustiças que poderão ser cometidas, remetendo mais jovens a um sistema prisional falido, que já concentra a terceira população carcerária do mundo.
quinta-feira, 20 de junho de 2024
Editorial: Parlamento ou ringue de luta livre?
Frequentemente acompanhamos as transmissões da TV Senado e da TV Câmara. Por vezes são reuniões burocráticas, técnicas, o que depende muito das comissões. Mesmo assim, os temas debatidos ali dizem respeito direto ao cidadão brasileiro, sendo, portanto, de bom alvitre acompanhar tais debates. Esta última legislatura, no entanto, tem sido caracterizada pelo acirramento de ânimos, pelos embates entre Governo e Oposição.
Não sabemos sequer se dá para fazer essa clivagem tão precisa, uma vez que ultimamente membros da própria oposição passaram a se estranhar, como foi o caso do deputado federal Gilvan da Federal e do senador Marcos Do Val, aquele que se apresenta como instrutor da SWAT americana. Por muito pouco eles não resolvem as suas diferenças no braço, salvos que foram pela intervenção dos colegas de parlamento.
Tem sido muito deselegante e desrespeitoso esse tipo de comportamento. Quando do embate entre André Janones e Nikolas Ferreira, a TV Câmara precisou editar as imagens, cortando as cenas mais desagradáveis. Existe uma proposta de suspender os deputados que possam se excederem em seus posicionamentos. Pelo andar da carruagem política, se a medida realmente vier a ser adotada, faltará quórum para muitas das sessões.
Editorial: 7 em cada 10 mortes violentas intencionais estão relacionadas à atuação das facções do crime organizado.
Nos últimos anos, as facções do crime organizado tiveram um avanço exponencial no país. Hoje, estima-se que 7 em cada 10 mortes violentas intencionais, de alguma forma, é resultado das ações desses grupos, que já conseguiram até a proeza de mudar, substantivamente, a geografia da violência no país, tornando Estados como Bahia, Ceará e Pernambuco como os mais violentos na atualidade. Geralmente, Estados como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais encabeçavam essas listas. Esses grupos se deslocam para regiões como o Norte e o Nordeste, assim como da capital para o interior.
Se formularmos um gráfico comparativo, não seria surpresa, portanto, a constatação de que a violência ascendeu entre esses entes federados na mesma proporção em que a atuação desses grupos também foi ampliada. Não temos dados precisos sobre quais dessas facções atuam no Estado de Pernambuco, mas apenas na Bahia já existem 14 delas em plena operação, em alguns casos, estabelecendo entre eles uma luta fratricida pelo controle de territórios.
Naquele Estado, a Ilha de Itaparica tornou-se um palco de guerra entre esses grupos, assim como a cidade de Caucaia, no Ceará, onde fica localizada a paradisíaca praia de Cumbuco. Aqui em Pernambuco, talvez pudéssemos citar o caso recente da Ilha de Itamaracá, onde foram registrados confrontos entre grupos rivais que disputam o tráfico de drogas na região, com a ocorrência de morte até de criança. O momento é delicado e as perspectivas de enfrentamento efetivo deste problema tornam-se insuficientes quando observamos um país literalmente cindido entre Governo e Oposição, cada lado com agendas diametralmente opostas sobre o melhor encaminhamento de medidas para enfrentar o crime organizado.
quarta-feira, 19 de junho de 2024
Editorial: Lula entre monstros e "monstros."
Até um certo ponto, o Governo Lula manteve o distanciamento protocolar sobre essa questão polêmica do PL antiaborto. Hoje fomos informados que, diante da pressão das ruas e da sociedade civil, o próprio presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, considera a necessidade de analisar essa questão apenas no segundo semestre. Embora o proponente, o deputado Sóstenes Cavalcante[PL-RJ] não admita, ocorreu, na realidade, um recuou estratégico. Há muitas aberrações nesse PL, representando um grande retrocesso sobre o assunto, inclusive sobre conquistas femininas já previstas constitucionalmente. O danado é que a única coisa que ele admite rever diz respeito à pena do estuprador - que poderia aumentar - mas o cerne continua.
As manifestações de rua surpreenderam muita gente, inclusive por se saber que foram mobilizações encetadas por segmentos progressistas, mas à esquerda do espectro político, que se supunham adormecidos e paralisados. Curiosamente, no início, apenas o Ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, fez uma declaração pública sobre o tema. Posteriormente a essa fala, a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, também comentou o assunto, assumindo uma postura contra a PL 1904/24.
Durante a última campanha presidencial, em vários momentos, o presidente Lula foi instigado a se pronunciar sobre o assunto. Quando o fez, nos pareceu de forma infeliz. Numa sociedade extremamente polarizada, entende-se a situação delicada de se pronunciar sobre um assunto tão polêmico, sobretudo para quem ocupa um cargo público. Neste introito, usou-se muito o termo monstro das ruas, numa alusão a forma como um ex-Presidente da República, Juscelino Kubitschek, se referia à manifestações de ruas. Causou polêmica uma entrevista recente do presidente Lula, onde supõe-se que ele teria se referido aos filhos gerados pelo estupro como "monstros". Como este editor não acompanhou o vídeo, não podemos confirmar. Se ele afirmou isso, mas uma vez foi infeliz e a fala já está sendo solenemente explorada pelas hordas extremadas.
Editorial: Governo se mobiliza para evitar a CPI do Arrozão.
Diante das circunstâncias políticas sensivelmente adversas, pois estamos há quatro meses das próximas eleições municipais, o Planalto resolveu entrar em campo ara evitar a instauração de uma CPI do Arrozão. Os problemas são evidentes com este leilão cancelado e, por via das dúvidas, o mais prudente neste momento seria evitar que eles sejam expostos em praça pública, desgastando ainda mais o Governo Lula 3. Este talvez não seja o encaminhamento mais republicano, mas estamos lidando com uma oposição renhida, disposta a criar as condições políticas de vulnerabilidade irreversível para o Governo.
O ambiente não é de normalidade, onde os amortecedores institucionais suportariam até mesmo alguns cortes na pele. Definitivamente não é este o momento. Em entrevista recente, o morubixaba petista fez referência às características da oposição que enfrentamos neste momento, argumentando que eles possuem um modus operandi bem típico, possivelmente sem precedente no país, recusando a negociar com o Governo e especializando-se no pragmatismo das fake news.
Na realidade, esta observação do presidente Lula pode ser remetida ao mesmo modus operandi de antes da eleição que conduziu o ex-presidente Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto. Eles desejavam consolidar um agenda ou uma pauta política que querem impor ao Governo do PT, desconsiderando o fato de que a sociedade brasileira fez uma opção pela agenda petista. Outra questão preocupante é que o equilíbrio de forças na sociedade é muito frágil. Bolsonaro atingiu quase 50% do eleitorado e o bolsonarismo, direta ou indiretamente, elegeu a maioria congressual.
terça-feira, 18 de junho de 2024
Editorial: STF decide hoje se torna réus os acusados de tramarem a morte de Marielle Franco.
Os ministros do Supremo Tribunal Federal começam a decidir hoje, dia 18, se tornam réus os acusados de tramarem a morte da ex-vereadora Marielle Franco. O relator é o Ministro Alexandre de Moraes. Pelo andar da carruagem política - e jurídica, para ser mais preciso - o mais provável é que a denúncia da PGR, com base nas investigações conduzidas pela Polícia Federal, seja aceita. No dia de ontem, 17, alguns comentaristas políticos comentavam que seria um bom momento para se checar como seriam aceitas pelos ministros da Suprema Corte as tais delações premiadas, uma vez que são escassas ou inexistentes as provas materiais que comprometem os réus.
Trata-se de uma delação das mais consistentes, celebrada entre a Polícia Federal e o autor dos disparos que matou a ex-vereadora, o ex-militar Ronnie Lessa, que já cumpre pena pelo crime. Ronnie Lessa ofereceu à Polícia Federal, os detalhes escabrosos que estiveram envolvidos na trama do assassinato da ex-vereadora e o seu motorista, Anderson Gomes. Já informamos em outros momentos que o ex-militar não precisaria ser submetido ao detector de mentiras ou a um psiquiatra forense para sabermos que ele está dizendo a verdade.
Cumprindo suas funções, inclusive as constitucionais, os advogados dos réus movem moinhos de vento para defenderem os seus constituintes. Salvo melhor juízo, chegaram a solicitar o impedimento do ex-ministro da Justiça, hoje ministro da Corte, Flávio Dino. É curioso como ninguém se conhece neste momento, embora frequentem juntos os mesmos ambientes sociais, como uma tal clínica de um dentista, em Rio das Pedras, que reunia a nata dos milicianos locais e até um delegado de polícia.
Editorial: Indicação de vice em São Paulo virou "caso" de polícia.
A reação em contrário veio justamente de apoiadores de Nunes que possuem vínculos com a Polícia Civil do Estado. Em todo o país existem rusgas entre as polícias Militar e Civil. O ideal seria que eles trabalhassem em conjunto, em prol da segurança da sociedade. Infelizmente, tal ideal continua utópico. No caso de São Paulo, ingredientes novos contribuíram para acirrar ainda mais o ânimo entre as duas corporações policiais.
Tarcísio de Freitas nomeou o capitão Guilherme Derrite para o comando da segurança pública do Estado, que, por sua vez, recentemente entrou numa grande polêmica ao abrir espaço de polícia judiciária para a polícia militar, que não possui tais atribuições. Isso significou mexer num vespeiro corporativo e ele, por sua experiência como homem público, já deveria esperar tal reação. Parlamentares que representam a Polícia Civil na ALESP, delegados filiados ao Progressistas, já teriam indicado um nome do grupo para compor a chapa na condição de vice de Nunes. A indicação do vice, nesta caso, literalmente, tornou-se um caso de polícia, mas um ingrediente entre tantos abacaxis que o prefeito precisa descascar para definir este nome.
segunda-feira, 17 de junho de 2024
Editorial: Bolsonaro impõe a Rota a Nunes?
Até recentemente, o ex-presidente Jair Bolsonaro manteve uma reunião com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, onde teria ficado ajustado que o capitão Mello Araújo, ex-Rota, finalmente, seria confirmado como o candidato a vice na chapa de reeleição do prefeito Ricardo Nunes. Ricardo analisou, o quanto foi possível, todas as variáveis que estão envolvidas nesta indicação, trabalhando sempre com a possibilidade de ela possa vir a agregar algum capital político ao seu projeto de reeleição, seja no que concerne às forças que compõem a frente ampla, seja no que concerne ao eleitorado.
Ao longo dessas negociações, alguns nomes foram descartados exatamente por não atender a tais requisitos. Tratou-se de uma postura prudente e racional do gestor. A frente ampla que o apoia, por exemplo, estabelece que seria bastante interessante que ele assumisse uma postura de centro, equidistante do radicalismo de extrema-direita do espectro político. Nunes mostrou-se reticente ao capitão Mello, exatamente por sua identificação com um bolsonarismo de perfil mais radical.
Não se sabe exatamente o que mudou desde o início da campanha, mas o fato é que depois dessa reunião entre Tarcísio e Bolsonaro, o nome do capitão Mello ficou bastante fortalecido como candidato a vice na chapa de Nunes. O que nos parece perceptível é que, definitivamente, com a entrada no jogo eleitoral de nomes como Pablo Marçal e José Luiz Datena, não haveria como Nunes deixar de ser atirado nas cordas da extrema-direita.
Editorial: O "monstro" da ruas acordou e assusta os proponentes do PL do Aborto.
Insuflada por motivações políticas, a oposição radical ao Governo Lula parece ter perdido o bom-senso - e tornou-se igualmente inconsequente - propondo um conjunto de medidas que não ecoaram bem junto a segmentos expressivos de nossa sociedade. Enquanto avolumam-se graves problemas no país, alguns integrantes dessa oposição apresentam propostas para atender a demandas específicas - como esta PEC do Aborto, que se coaduna com o segmentos evangélicos - sem considerar suas implicações sociais, políticas e jurídicas mais amplas. O resultado é que o monstro das ruas acordou, produzindo um, barulho infernal, tendo, como consequência, manobras de recuo acachapante.
A sociedade brasileira enfrenta um grave problema de agenda. Praticamente não existem pontos de convergências entre Governo e oposição, principalmente aquela oposição organicamente identificada com o bolsonarismo. Fala-se muito que Lula poderia fazer um esforço maior para construir alguma ponte, um governo de conciliação, ampliando ainda mais os padrões de concessões. Não há condições políticas para se fazer um governo de convicções. Não sabemos mais onde ele poderia ceder, uma vez que a agenda progressista já está irremediavelmente comprometida diante de tal ambiente político adverso.
A conversa que a outra parte está querendo com Lula é derrubá-lo. Infelizmente, nós já entramos no modo 2015, ou seja, daqueles dias sombrios que iriam culminar, algum tempo depois, no afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff, num processo sabidamente ardiloso, sem uma motivação jurídica que o justificasse. Lula 3 é um Governo que envelheceu precocemente, encurralado pela derrota de narrativas muito bem elaboradas e disseminadas pela extrema-direita. Contra isso ele pouco pode fazer sem o apoio das ruas. O recuo da PEC do Aborto não é obra de ações do Governo - que, aliás, pouco se pronunciou em relação ao assunto - mas da mobilização da sociedade civil. Daqui para a frente tais mobilizações vão se tornarem cada vez mais necessárias.



