pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO.
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quarta-feira, 24 de julho de 2024

Editorial: Nova pesquisa confirma liderança de Paes no Rio. Ramagem ainda não ameaça.



Convém sempre tomar alguns cuidados quando se analisa as tendências de intenção de voto do eleitorado carioca. Em passado recente, tivemos algumas surpresas que impõem essas precauções. No momento, o prefeito Eduardo Paes(PSD-RJ) lidera, com folga, todas as pesquisas de intenções de voto. Paes reúne a seu favor uma séries de fatores: Pilota a máquina, tem uma boa aprovação junto à população e, não menos importante, celebra alianças ousadas, digamos assim, sem as amarras impostas pelas clivagens ideológicas. Assim, habilmente, ele vai costurando a sua liderança em todas as pesquisas até este momento, até mesmo com possibilidade de vencer as eleições ainda no primeiro turno. 

Já discutimos por aqui que o eleitorado, neste momento, demonstra uma tendência em votar em candidatos que já exercem o cargo, desde que bem avaliados. A última pesquisa do Instituto Quaest, divulgada no dia de ontem, 23, indica que 49% do eleitorado carioca sufragariam o nome de Eduardo Paes, enquanto 13% preferem o candidato do bolsonarismo, Alexandre Ramagem, do PL. Não se pode associar o bom posicionamento de Paes a este momento difícil enfrentado pelo candidato Alexandre Ramagem. Paes já vem bem desde o inicio da largada.  

O que se poderia supor é se tais encrencas não estariam interditando o avanço do candidato bolsonarista nas pesquisas de intenção de voto. Em meio ao tsunami produzido pelos áudios da Abin paralela - ou ignorando completamente tais fatos -  ambos intensificaram a campanha nas últimas semanas.  Em artigo recente, uma analista político considera a possibilidade de o ex-presidente apostar exatamente no tribunal das ruas para se contrapor aos embaraços jurídicos que está enfrentando. Isso explica, ao menos, a intensificação dessas movimentações de rua. 

Editorial: O frisson diplomático entre Brasil e Venezuela.



O presidente Lula já carrega um fardo bastante pesado, junto a setores da oposição, em razão dessa aproximação com o Governo da Venezuela. Mais recentemente, passou a se indispor com o próprio Nicolás Maduro, depois de declarações sobre as eleições naquele país. O que está ocorrendo na Venezuela, de fato, é algo para ser duramente criticado e repelido, pois fere de morte o respeito à democracia e suas instituições. Ao ameaçar com um banho de sangue caso venha a perder as eleições, o presidente Nicolás Maduro deu uma demonstração de que só acatará o resultado das urnas se ele for o vencedor. 

Como presidente do país, ele jogou na lata de lixo a incerteza inerente ao processo democrático. Neste jogo, parafraseando o cientista politico polonês Adam Przeworski, quem não ama a incerteza não é um democrata. O chá de camomila aqui é o de menos. O presidente foi mais além ao levantar suspeição sobre o processo eleitoral no Brasil, algo inadmissível, alegando, sem conhecimento de causa, que as nossas eleições não são auditáveis. Vamos ser sinceros por aqui. Maduro passou a ser uma péssima companhia para o presidente Lula. Lula já se perdeu na defesa do processo democrático naquele país, tendo que pedir desculpas posteriores à candidata da oposição.  Assim como se perde agora, ao criticar as declarações de Maduro, mesmo num contexto de posicionamento correto.  

Até recentemente, o presidente da Argentina, Javier Milei, cometeu alguns deslizes verbais contra o presidente Lula. Na realidade, diplomaticamente, usamos o termo "deslizes", mas, na realidade, poderíamos traduzi-los como ofensas. Estranhamento, Lula amorteceu a pelota e tirou de letras, como se diz no jargão esportivo. Milei até veio ao país para participar de um encontro da direita em Santa Catarina. Pelo andar da carruagem das relações diplomáticas, sugere-se que o incidente com Maduro possa assumir outras proporções. O resumo da ópera é que Maduro é uma daquelas amizades que devem ser evitadas. 

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira via Folha de São Paulo

 


terça-feira, 23 de julho de 2024

Editorial: Datena ainda demonstra desconforto no ninho tucano.



Depois de longas negociações, finalmente, no dia de ontem, 22, o MDB fechou um acordo com o União Brasil, onde o apoio deste partido ao candidato Ricardo Nunes, aparentemente, está sacramentado. As negociações, segundo foi divulgado, envolvem até mesmo uma costura política nacional, ou seja, em troca o MDB apoiaria o nome do deputado federal baiano, Elmar Nascimento  para a Presidência da Câmara Federal. A relação entre as duas legendas chegou a um estágio de "péssima", conforme as palavras de Milton Leite, mandachuva do União Brasil no município. Em princípio, a expectativa é que o deputado federal Kim Kataguiri(UB-SP), retire a sua candidatura. É o que se imagina pelo andar da carruagem política. 

Naquela quadra - talvez possamos generalizar tais conclusões - os tucanos enfrentam grandes dilemas. Os vereadores do partido desejavam apoiar o nome do prefeito Ricardo Nunes, com o que os dirigentes do partido não concordaram. Ainda negociaram uma vice, mas Nunes não aceitou. As negociações com Tabata Amaral(PSB-SP) também não foram bem-sucedidas. Era desejo da candidata que o apresentador José Luiz Datena integrasse a sua chapa na condição de vice. Pesquisas de intenção de voto, no entanto, animaram bastante os tucanos, que resolveram lançar o apresentador como candidato à prefeitura da cidade. 

Hoje surgiram novas informação sobre um certo desconforto do apresentador no ninho tucano. O partido estaria entabulando conversas sobre as quais ele não teria conhecimento. É como se o apresentador pedisse transparências sobre essas entabulações. No final, talvez brincando, ele afirmou que uma desistência não estaria completamente fora dos propósitos. Afinal, se até o Biden renunciou...

Editorial: As boas perspectivas eleitorais do União Brasil para as próximas eleições municipais.

 


A despeito das contendas internas, o União Brasil costura um projeto de poder bastante ambicioso, o que inclui, naturalmente, as próximas eleições municipais de outubro. Levantamento recente, publicado pelo site Poder360, aponta que o partido desponta como franco favorito em formar o maior contingente de prefeitos em cidades com um perfil superior a 200 mil eleitores. Hoje o partido tem candidato competitivo disputando o Senado Federal e a Câmara dos Deputados. Como aspirante à Presidência da República a grande estrela da legenda é o governador Ronaldo Caiado, de Goiás. 

É curioso como ele se apresenta como um candidato em potencial, com o respaldo dos caciques da legenda. Num momento em que a segurança pública aparece entre as maiores preocupação dos eleitores, o lema do combate à violência no estado governado por Ronaldo Caiado é: ali bandido não se cria. Ele se esgueira num eleitorado de perfil conservador, de centro- direita e até extrema-direita, embora o bolsonarismo mais radical tenha outras alternativas neste momento. Por alguma razão, ele prefere flertar com cautela em relação ao eleitorado bolsonarista mais radical. 

Segundo levantamento publicado pela revista Veja, hoje há uma tendência eleitoral favorável à candidatos do centro para a direita do espectro ideológico, o que explica, em parte, o bom momento vivido pelos candidatos do União Brasil. Até recentemente eles fecharam uma aliança com o candidato do MDB à prefeitura de São Paulo, Ricardo Nunes, um dos favoritos na corrida eleitoral dessas eleições municipais. Se deixarem, o partido poderá fazer barba, cabelo e bigode. Apesar das brigas internas. 

Artigo: A grande ilusão

 




Disse o psicanalista Jacques Lacan que o amor é uma fricção entre dois corpos, mediado por uma fantasia. E que nós amamos uma projeção de nós mesmos no outro, que necessariamente não corresponde à realidade do outro. De toda maneira, é muito difícil amar, se apaixonar por alguém sem uma fantasia. Faz parte da vida amorosa e emocional - sobretudo no começo de uma relação- se apegar a uma idealização do objeto do desejo ou do amor. Há sempre um atrativo, um aspecto, uma qualidade que chama atenção e propicia a aproximação entre duas pessoas. A depender do gosto, pode ser o dote físico ou estético, a capacidade intelectual, o caráter terno e gentil ou mesmo a fortuna, os bens materiais.

Esse elemento impulsiona, move, torna possível a paixão. 0corre que nenhuma fantasia é igual á realidade, senão não seria fantasia. 0 tempo se encarrega de esmaecer, borrar a fantasia original e tornar a companhia mais real e verdadeira. Aqui, ao contrário da tese que diz ser o tempo o meio de poetizar a existência nos mais velhos, o tempo se encarrega de retirar a fantasia e impor a dura realidade, a dor, o sofrimento, o desamor, a doença, a decadência física e mental é até as posses materiais. Amar, apaixonar-se, desejar o outro, depois dessa epifania da vida cotidiana é o grande desafio para a vida amorosa.

Amar o jovem, belo, rico, inteligente, saudável e afortunado é mais fácil do que se apegar ao velho, doente, pobre e desconhecido. Parece haver uma atração natural pelos mais bem sucedidos e saudáveis. Poucos ou ninguém amam os perdedores, esquecidos e despossuídos. Essa condição afasta as pessoas. Elas querem o reflexo do sucesso e da sorte, não o anátema da senectude e decadência . É o mal da nossa civilização performática e excitada uma corrida incansável para o pódio, estar ao lado dos vencedores, ser como eles, compartilhar sua glória. Lógica de difícil reversão essa. Sociedade da aparência, do simulacro, onde o que menos importa é a relação de alteridade.


Michel Zaidan Filho é filósofo, historiador, cientista político e professor titular da Universidade Federal de Pernambuco.

Editorial: A autocrítica do PT pernambucano.

 


Não deixa de ser interessante, sobretudo em razão do que isso possa representar, alguns comentários de atores políticos relevantes do PT local acerca da força eleitoral da agremiação na quadra política pernambucana. Isto ocorreu exatamente quando se estava em jogo a decisão do prefeito João Campos(PSB-PE) acerca da definição do nome do seu assessor, Victor Marques(PCdoB-PE) para compor sua chapa de reeleição, na condição de candidato a vice-prefeito. O movimento, além de inútil como se verificou, sugere-se que teria sido um recado no sentido de assegurar o espaço do partido no conjunto de forças que apoiam o atual gestor do Recife. 

É sempre arriscado fazermos aqui quaisquer projeções para as eleições estaduais de 2026, mas a principal liderança do partido no estado, o senador Humberto Costa, precisará renovar seu mandato. Pelo capilaridade política assumida pelo senador, o Planalto jamais deixaria de endossar seus projetos aqui na província. Desde a época da eduardolização da política pernambucana sempre se afirmou que o PT perdeu uma ótima oportunidade de se constituir numa força política relevante no tabuleiro da política pernambucana. Talvez até um pouco antes desse projeto hegemônico do ex-governador, guiado por um pragmatismo político avassalador, capaz de integrar, até mesmo grandes desafetos do passado, a exemplo do ex-governador Jarbas Vasconcelos. 

A questão é simples. O partido passou a adotar um procedimento mais individual do que coletivo, conduzido por setores burocráticos\oligárquicos, muito mais preocupados com seus projetos pessoais. Foi exatamente este grupo que alinhavou alianças com os socialistas, barrou as aspirações dos grupos mais orgânicos, satisfazendo seus interesses ao ocupar espaços na burocracia estadual, num primeiro momento, e na máquina municipal mais recentemente. É essa tendência que decide os rumos do partido no Estado. Nesta última aliança com João Campos, procede, por exemplo, a preocupação sobre como a militância autêntica da agremiação irá se comportar em relação ao candidato que a burocracia da agremiação resolveu apoiar. 

Até a assessoria do prefeito já fez este cálculo político, entendendo que tais eleitores possam  migrar para a candidatura de Dani Portela, do PSOL. Caso a fatura não seja liquidada ainda no primeiro turno, como se presume,  a princípio se prevê que tanto a candidata quanto os seus eleitores acompanhem a reeleição de João Campos. O espaço aqui é insuficiente para fazermos toda uma avaliação dessa autocrítica do PT pernambucano. Mas, gradativamente, vamos deixando nossos comentários por aqui. 

Editorial: União Brasil fecha acordo no plano nacional para apoiar Nunes em São Paulo.



No dia de ontem, 22, o jornal O Globo chamou uma matéria para tratar deste assunto, considerando inusitado um acordo fechado entre o MDB e o União Brasil, em São Paulo, mas costurado com acordos nacionais. O União Brasil apoia o projeto de reeleição de Ricardo Nunes(MDB-SP) e o MDB apoiará o projeto de eleição de Elmar Nascimento, do União Brasil da Bahia, para a Presidência da Câmara dos Deputados. Não sabemos se era bem isso o que estava nos planos do vereador Milton Leite, o comandante do União Brasil no município de São Paulo, mas, em todo o caso, ele foi dobrado pelo acordo fechado no plano nacional. 

Segundo estimativas divulgadas na coluna do jornalista Cláudio Humberto, são 44 votos de parlamentares emedebistas que podem ajudar bastante no sentido de o União Brasil viabilizar o seu postulante como presidente da Câmara Federal. Elmar Nascimento é o nome da preferência do atual Presidente da Casa, o deputado federal alagoano, Arthur Lira. O Planalto cerca-se de todos os cuidados possíveis para não parecer que pode estar criando algum embaraço para impedir que Lira faça o seu sucessor. Conhece as consequências. Lira, por outro lado, também não entrega todo o jogo. Trabalha nos bastidores para fazer o sucessor, mas, até o momento, oficialmente, não declarou quem seria o seu candidato. Oficialmente, registre-se.  

No plano municipal, segundo especula-se nos bastidores, o União Brasil teria requisitado duas secretarias num eventual futuro governo Nunes. O outro impasse diz respeito a uma eventual candidatura do deputado federal Kim Kataguiri(UB-SP), que não decola e, a partir de agora, com o acordo fechado no plano nacional, tornar-se ainda mais complicada mantê-la. 

Charge Banett via Folha de São Paulo

 


segunda-feira, 22 de julho de 2024

Editorial: Victor Marques oficializado como vice de João Campos.

Crédito da Foto: Blog do Magno Martins. 


Grandes nomes da federação que dá sustentação política ao prefeito do Recife, João Campos, já se encontra no local onde será confirmado o nome de Victor Marques, ex-chefe-de-gabinete da Prefeitura do Recife, que será anunciado como o candidato a vice na chapa de reeleição do socialista. Em texto recente, este editor talvez tenha cometido uma impropriedade. Enfatizamos  muito o aspecto técnico da escolha, quando, na realidade, Victor Marques, sempre ocupou um cargo eminentemente político ao lado do prefeito. Este mesmo cargo foi ocupado por João Campos na gestão de Paulo Câmara, quando estava em processo sua inserção no mundo político, como herdeiro do espólio político\eleitoral da família Campos\Arraes. 

É curioso como nos últimos textos da imprensa nacional abordando a condição segura de João Campos nas pesquisas de intenção de voto passou-se a dar ênfase nessa linhagem política familiar do prefeito, apresentando-a, quiçá, como um dos fatores de alavancagem de sua popularidade. É o tipo da coisa difícil de mensurar, uma vez que isso também apresenta um aspecto negativo, o da reprodutibilidade dessas oligarquias políticas no Estado. Determinante mesmo para essa performance do prefeito são as entregas. João Campos está entregando e, conforme enfatizamos mais cedo, este é um fator crucial na avaliação do eleitor.  

Existem algumas insatisfações no PT, mas, a rigor, João Campos costurou essa decisão com as alas que realmente controlam a agremiação hoje, seja em Pernambuco, seja no plano nacional. Por mais  que se afaste de sua essência, o PT sempre terá esses grupos mais autênticos e ideologicamente orientados. É a forma como as cartas foram jogadas em 10 de fevereiro de 1980, na famosa reunião do colégio Sion. 

Editorial: PT tenta uma reaproximação com os evangélicos através de uma agenda social e econômica.

Crédito da Foto: Thiago Coelho\PT


Pelo menos isso o PT entendeu. A identificação dos evangélicos com o o bolsonarismo se dá, sobretudo, através da agenda de costumes. Por aqui o PT jamais construiria uma ponte de reaproximação como esses grupos neopentecostais. A adoção de uma agenda de políticas públicas na área social e econômica, por outro lado, poderia, sim, quebrar, em parte, a resistência desses grupos em relação ao partido. Jamais apostaríamos aqui numa nova lua de mel, como já se verificou num passado distante. A última pesquisa de avaliação do Governo Lula 3, por outro lado, realizada pelo Instituto Quaest\Genial, sugere que as resistências estão sendo quebradas. 

Trata-se de um mingau quente que precisa ser comido pelas beiradas e talvez só fique mesmo nas beiradas. A extrema direita sugere oferecer melhores condições políticas para esses grupos neopentecostais. É como se estivéssemos tratando aqui de um alinhamento natural. Um projeto de poder que não se coaduna-se com o Partido dos Trabalhadores, mas casa como uma luva com o ideário da extrema direita. Daí se entender que tal reconciliação absoluta seria algo impensável.   Até uma pessoa com grande expertise na área, pois é evangélica, a deputada federal Benedita da Silva, desde as últimas eleições, deu este conselho aos dirigentes da legenda. 

Do ponto de vista da área econômica, a trincheira tem sido o Banco Central, apontado pelos líderes da legenda como um órgão que atravanca, deliberadamente, os projetos do partido. Campos Neto deve deixar o cargo, mas já existe quem esteja sugerindo uma devassa da devassa no órgão. Do contrário o partido continuará sofrendo refregas, como esta última do Copom, onde até indicados pela legenda votaram contra as resoluções do Planalto. 


Editorial: As duas tendências eleitorais já verificadas para as eleições municipais de 2024.



O site da revista Veja traz uma matéria bastante interessante sobre a tendência eleitoral das próximas eleições municipais de 2024. Nesta matéria, muito bem elaborada por sinal, inclusive contando a com consulta a especialistas da área de Ciência Política, aponta-se duas tendências de voto já verificadas neste momento. A primeira delas diz respeito a uma provável reeleição de alguns prefeitos que já conduzem a máquina, como é o caso de João Campos(PSB-PE), em Recife, Bruno Reis(UB-BA), em Salvador, Eduardo Paes(PSD-RJ), no Rio de Janeiro, João Henrique Caldas(PL-AL),em Maceió. Trata-se, neste caso, de uma tendência motivada muito mais por uma questão de avaliação de gestão, independentemente de ideologia, o que significa dizer que a renitente polarização política no plano nacional talvez não seja assim um fator indutor do voto do eleitor. De alguma forma, as eleições municipais sempre guardam alguma reserva em relação às contendas da capital federal. 

Esta característica, aliás, é um dos fatores determinantes nas eleições municipais, onde o eleitor vota a partir de uma experiência cotidiana, ou seja, até que ponto a gestão do prefeito esta contribuindo para a melhoria das condições de infraestrutura do seu bairro, da opção de lazer dos rebentos, de como ele está chegando ao trabalho. Dizem que saúde e segurança também passaram a integrar essa pauta, mas são políticas públicas em relação às quais o gestor municipal não conta com absoluta autonomia. Mesmo assim, dito pelo não dito, os principais concorrentes à Prefeitura do Recife já assumiram o compromisso de armar a guarda municipal. 

A outra tendência de voto diz respeito à opção do eleitorado por candidatos de centro-direita do espectro político. Isso ainda poderia preocupar partidos como o PSOL ou PSTU. Para o PT, por exemplo, isso já não seria mais um problema porque o partido já se encontra à direita de nossa esquerda. Essa premissa vale aqui para o Recife, onde o partido apoia a reeleição do atual gestor, João Campos. Essa conformação ideológica é tão interessante que há quem diga que os petistas mais - ou ainda - orientados ideologicamente talvez optem em votar na candidata do PSOL, Dani Portela. 

A ala mais pragmática e burocrática já entrou de sola na bacia semântica, como diria Gilbert Durand. E, por falar em PT, dizem que a estratégia que está sendo priorizada nessas eleições municipais, já de olho no cenário politico de 2026, seria a de formar um exército de vereadores, que interferem diretamente na formação de uma boa bancada de deputados, o que poderia facilitar a conjuntura de governabilidade num eventual quarto mandato de Lula. É a mesma estratégia que está sendo pensada pelos estrategistas do PL, de Waldemar da Costa Neto. O propósito é o de eleger mais de mil prefeitos, um batalhão de vereadores, sempre com o propósito de eleger um número expressivo de senadores e tomar a Bastilha do Senador Federal, de onde poderiam enfrentar o Poder Judiciário e criar as condições de uma anistia para o capitão. 

Charge! João Montanaro via Folha de São Paulo

 


domingo, 21 de julho de 2024

Editorial: As narrativas sobre a violência contra as mulheres.



Nas décadas de 20\30 do século passado, o escritor alagoano Graciliano Ramos, muito tempo antes de consolidar-se como um dos grandes escritores regionalistas brasileiro, dedicava-se ao ofício de publicar suas crônicas em jornais do Estado. Posteriormente, essas crônicas foram reunidas no livro Linhas Tortas, que traz, mesmo que ainda incipientemente, algumas observações e conselhos do alagoano sobre o hábito de escrever. O texto chegou a ser utilizado pelo escritor pernambucano, Raimundo Carrero em uma de suas oficinas de escrita criativa. O livro deve ter sido publicado depois da morte de Graciliano. Em vida, exigente como ele era com a escrita, jamais permitiria que o texto fosse publicado. 

Graciliano morreu sem nunca ter aceito o seu primeiro romance, Caetés, que ele considerava uma obra muito aquém do seu talento, a despeito da boa receptividade da crítica literária, inclusive do insuspeito Antonio Candido. Haveria um outra razão para o escritor rejeitar Linhas Tortas. Numa dessas crônicas, Graciliano, num momento de infelicidade, externa um comportamento de caráter misógino ou machista, ao afirmar que O Quinze, da amiga Rachel de Queiroz não poderia ter sido escrito por uma mulher. Ambos participavam de um círculo literário que se reunia no Bar Central, em Maceió, ao lado de Jorge Amado, Gilberto Freyre, José Lins do Rego, Gilberto Amado, Olívio Montenegro, Aurélio Buarque de Holanda. 

É preciso tomar muito cuidado com as falas neste sentido.  Na escrita, então, até alguns verbos estão sendo abolidos, como é o caso de "Esclarecer", tido como racista. Preocupa esse radicalismo proposto pelo identitarismo neoliberal, mas não se pode negligenciar suas implicações, sobretudo quando se considera os lugares de fala. O nosso presidente, por exemplo, foi muito infeliz ao perdoar os corinthianos recentemente, quando se referiu à violência contra as mulheres. Nesses tempos bicudos de lacrações pelas redes sociais, todo o cuidado ainda é insuficiente. 

Charge! Jean Galvçao via Folha de São Paulo

 


Editorial: Ciro Gomes bolsonarista?



A militância petista tem uma grande indisposição com o ex-ministro Ciro Gomes. Daí não ser surpresa que ele esteja sendo malhado como Judas neste domingo, depois de aparecer ao lado do bolsonarista Carmelo Neto, na convenção que apoia a reeleição de Gleidson Bezerra para prefeito de Juazeiro do Norte. Apesar de polêmico, Ciro tem algumas características que são raras nos homens públicos brasileiros, como espírito público e honestidade na condução dos negócios de Estado. Não se conhece maracutaias de Ciro Gomes nos diversos cargos públicos que o cearense ocupou. Ciro sempre fez o dever de casa. Nesta última campanha presidencial era o postulante mais bem-preparado entre todos que disputavam a vaga ao Palácio do Planalto. Possivelmente o único que preparou um programa de governo consistente para enfrentar as enormes dificuldades que o país apresenta em diversas áreas. 

Atuou numa raia que se tornou inviável na política brasileira, tentando, inutilmente, cavar um espaço ali pelo centro, em contraponto a Lula e Bolsonaro. Continua ativo, emitindo suas opiniões sobre a política brasileira, mas já afirmou que não mais pretende concorrer novamente a algum cargo público. Muitos dos problemas que o Governo Lula 3 enfrenta neste momento foram antecipados por Ciro muito antes, numa demonstração de clarividência política ímpar. A questão do Ceará, conforme já antecipamos por aqui em inúmeras ocasiões, tornou-se bastante complicada. O racha no campo das forças progressistas, inevitavelmente fortalece as forças de direita que atuam naquela quadra. 

Aliás, o campo conservador sempre foi muito forte naquele Estado. Elmano de Freitas(PT-CE) foi eleito governador  com o apoio decisivo de Camilo Santana, hoje no Ministério da Educação, que concorreu à época ao Senado Federal. Há dúvidas sobre se ele conseguiria a mesma performance na capital Fortaleza, onde o candidato do PT, Evandro Leitão, não aparece bem nas primeiras pesquisas de intenção de voto. Naquela quadra, aliás, a direita também está dividida. Capitão Wagner(UB-CE), que lidera a disputa neste momento, também não se bica com o deputado federal André Fernandes(PL-CE). Brigado com o PT, as movimentações políticas de Ciro Gomes no Estado, inevitavelmente, o contingenciaria às alianças táticas com forças políticas que se contrapõem ao projeto hegemônico do PT. É o que está ocorrendo. Isso não significa dizer que ele se tornou bolsonarista. Perguntem ao Bolsonaro.     

sábado, 20 de julho de 2024

O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife - Amanhã pode chover, João?



O nome para compor a chapa de reeleição do prefeito João Campos(PSB-PE) à Prefeitura da Cidade do Recife nas eleições municipais de 2024 já está definido. Trata-se do seu atual Chefe-de-Gabinete, Victor Marques, talvez um ilustre desconhecido no meio político. Os jornais de hoje trazem uma série de matérias sobre o assunto, especulando em torno da figura do jovem ungido para gerir os destinos dos recifenses a partir do momento, como se presume, da desincompatibilização de João Campos, uma vez reeleito prefeito do Recife em 2024, quando se habilitará a concorrer ao Palácio do Campo das Princesas. 

Inútil as especulações ou buscas em torno do currículo do jovem Victor Marques. Assim como João, o rapaz é formado em Engenharia Civil pela UFPE, é filho de família com atividades políticas no interior do Estado. Trata-se de alguém da absoluta confiança do gestor, o que, nesses momentos de trapaças recorrentes já é de bom tamanho. Coube ao assessor manter a situação sob controle no Palácio Capibaribe, enquanto João Campos saia às ruas, realizando um conjunto de obras que o credenciariam a continuar gerindo os destino dos recifenses, a julgar pela aprovação da gestão e à expectativa de reeleição que se apresenta neste momento, quando atinge o escore de 75% da preferência dos eleitores. 

Victor Marques é mais técnico do que político, embora a função ocupada de chefe-de-gabinete seja uma imersão no campo político. Victor não é um militante tradicional, a julgar pela própria filiação recente ao PCdoB, tão somente para viabilizar-se como herdeiro do espólio político do prefeito João Campos. Foi uma filiação circunstancial. Isso sugere que o prefeito adotou a mesma estratégia do pai, Eduardo Campos, quando optou por um técnico para substituí-lo como governador do Estado. Em meio a essas reações e especulações em torno do assunto, uma observação interessante, segundo dizem de um militante socialista local, argumentando que, diferentemente do pai, o ex-governador Eduardo Campos, João Campos nunca passou pela experiência de uma refrega eleitoral.  Não teve a experiência de perder uma eleição.  

A observação sugere que o rapaz possa estar de salto alto em alguns momentos, contando com a certeza absoluta de uma carreira política sem obstáculos pela frente. Na prática, se tal raciocínio procede, isso seria um problema porque este terreno é repleto de altos e baixos. As lições das adversidades fariam bem ao prefeito. As adversidades costumam formar pessoas de espírito elevado, o que se constitui num traço de personalidade importante no trato dos negócios públicos. Essa avenida política que se apresenta ou se imagina para o prefeito da capital, por outro lado, está sendo alicerçada numa grande capacidade de trabalho e autoconfiança. Amanhã pode chover, João? 

Editorial: Rede de intrigas palacianas.



A edição da revista Veja desta semana traz uma matéria tratando da rede de intrigas palacianas, ou, mais precisamente, sobre as indisposições entre membros da Polícia Federal, Abin, GSI e Casa Civil. Fazemos aqui a ressalva de personalizar tais indisposições para não incorrermos em generalizações. O Governo Lula 3 herdou uma herança maldita dos estertores da chamada comunidade de inteligência e informações. Não fazemos ideia sobre o nível das influências nefastas - ou aparelhamento, se preferirem - em relação a essas instituições, ocorridas no governo anterior.

Membros dessas próprias organizações, no entanto, já admitiram que o grau de comprometimento é sensível, daí a necessidade de um cuidado enorme na aplicação de medidas republicanas saneadoras, conforme, reiteradamente, insistimos por aqui. Por alguma razão desconhecida as medidas tomadas foram tímidas até este momento. A matéria da revista sugere que estão sendo produzidos dossiês contra o atual diretor da Polícia Federal,  delegado Andrei Rodrigues, em razão, muito provavelmente, dos trabalhos realizados pelo órgão. 

Não chega a ser uma surpresa que isso ocorra com um cidadão que ocupa um cargo desta dimensão, tendo que proceder investigações que envolvem atores do ancien régime e o governo atual, onde até ministros de Estado estão sendo indiciados, o que dá a dimensão do trabalho sério conduzido pelo órgão.  O problema era se houvesse alguma blindagem das autoridades.  Agrava esta situação o fato de convivermos ainda com um processo de instabilidade institucional renitente, onde quase nada se consolidou até este momento, à exceção da polarização política. É como se estivéssemos num barco à deriva,  em mar revolto. O delegado Andrei Rodrigues vai precisar de muitos amortecedores e resiliência para dar continuidade ao seu trabalho, importante para a sociedade brasileira, em meio a tais turbulências, inerentes ao momento político que o país atravessa. 

Charge! Marília Marz via Folha de São Paulo

 


sexta-feira, 19 de julho de 2024

Editorial: Debates entre candidatos já começam no dia 08 de agosto.


Pelo menos em João Pessoa. É curioso como no Estado da Paraíba os debates políticos são recorrentes, contando com a presença de homens públicos que, geralmente, dão alguma satisfação à sociedade em relação à sua área de gestão. Há uma grade de programação nas TVs locais destinada a esta finalidade, algo incomum em boa parte do país. Neste aspecto os paraibanos estão de parabéns. A TV Aparuã\Band já comunicou que, no próximo dia 08 de agosto, a partir das 22:h, estará transmitindo um debate ao vivo com os principais concorrentes à Prefeitura de João Pessoa, nas eleições de 2024. Praticamente todos os candidatos já confirmaram presença neste primeiro debate. 

Como a Rede Bandeirante de Televisão dá sempre o pontapé inicial nesses debates, não seria improvável que esta data possa ser a arrancada desses encontros entre candidatos em todo o país. Não temos, porém, a confirmação dessa informação. Ao longo dos anos, esses debates perderam muito, em razão das mudanças introduzidas em seu formato, o que os tornou muito burocrático, comedido, impedindo que os candidatos possam se expressar de uma maneira mais espontânea. Perderam muito em termos de emoção. Em todo caso, são fundamentalmente importantes para que possamos escolher aquele candidato ou candidata que melhor possa gerir os destinos de nossas polis. 

Em João Pessoa a disputa promete ser bastante acirrada. Apesar de liderar as primeiras pesquisas de intenção de voto, não há uma distância considerável entre Cícero Lucena(PP-PB), que disputa a reeleição, e os demais concorrentes. Em política, realmente, é possível dá nó em água. Nilvan Ferreira, que concorre à Prefeitura de Santa Rita, um bolsonarista raiz no passado, hoje se vincula politicamente ao próprio Cicero Lucena, assim como ao socialista João Azevedo, governador do Estado. Nilvan é um poço até aqui de mágoa em relação aos bolsonaristas locais, pois foi traído, mas, mesmo assim, é difícil entender essas conversões. Depois, muito dificilmente, ele deixou de ter a admiração de sempre pelo seu guru político de outrora. 

O xadrez político das eleições municipais de 2024 no Recife - Enfim, o vice de João Campos é definido.



No próximo dia 04 de agosto, o prefeito do Recife, João Campos(PSB-PE), deve realizar a convenção da federação que apoia o seu projeto de reeleição, formada pelo PV, PT e PCdoB. Antes disso, ao lado do Presidente Nacional do PSB, Carlos Siqueira, Gleisi Hoffmann, Presidente Nacional do PT, e do morubixaba petista, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, João comunicou aos presentes que o nome do seu ex-chefe de gabinete, Victor Marques, hoje filiado ao PCdoB, deverá mesmo ser oficializado como vice em sua chapa. Havia alguns nomes que estavam na bolsa de apostas para tal escolha, mas, ao apagar das luzes do período de inaugurações de obras na capital, o nome de Victor Marques havia se consolidado. 

Num desses momentos, João Campos se disse perfeitamente confiante em seu assessor, condição fundamental para os seus projetos políticos futuros. Segundo especula a imprensa, antes mesmo da convenção, o nome poderá ser anunciado. O presidente Lula, em particular, não demonstrou qualquer contrariedade em torno do assunto, embora a decisão possa não ter sido recebida da mesmo forma pelos petistas aqui da província. Há rumores de que os grandes acertas envolvem as eleições estaduais de 2026, quando haveria duas vagas de senadores disponíveis e o PT, no plano nacional, deseja preservar um espaço na chapa para o senador Humberto Costa, que precisa renovar o mandato. 

Somente no conjunto de forças que dão suporte à gestão de João Campos há uma penca de nomes que tentam se credenciarem à disputa.  São curiosas as narrativas da imprensa nacional em torno da decisão do prefeito, quase sempre em torno da tese de que João Campos havia dobrado o PT, quando, na realidade, consoante seu projeto político, João Campos jamais abriria mão do controle do Palácio Capibaribe para o partido. Com a máquina municipal sob seu controle, sabe-se lá como se comportaria partido depois do processo de desincompatibilização do gestor, se reeleito, quando poderá habilitar-se à disputa do Governo do Estado.    

Editorial: Saiu os dados do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.



Embora aponte alguns indicadores de queda nas taxas de homicídios no país nos últimos três anos, no mais, os dados do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados recentemente, não são animadores para o país. Na média dos índices de violência em escala global estamos muito mal e, pior, pelas informações apuradas até recentemente através de pesquisas, a questão da segurança pública é hoje um dos assuntos que mais preocupam os brasileiros. Mesmo numa eleição municipal, como a de 06 de outubro, o tema entrou na pauta dos candidatos em todo o país, principalmente nas grandes capitais. 

Aqui em Pernambuco, por exemplo, já existem propostas de armar a Guarda Municipal, agenda defendida pelos principais concorrentes ao Palácio Capibaribe. Para enfrentar este problema, exige-se desprendimento político, ou seja, a conjugação de forças entre Governo, Oposição e Sociedade Civil, algo que se tornou incongruente hoje no país, em razão do clima de acirramento político. O único consenso em torno do assunto diz respeito ao avanço do crime organizado como fator determinante para a ampliação desses índices de violência. Os fatos saltam aos olhos.  Nesses casos, registre-se, igualmente o aumento dos índices de letalidade em operações policiais. 

As mudanças na rota do tráfico, por exemplo, representou a incidência de maiores escores de violência em estados como o Amapá, Bahia, Pernambuco e Ceará, ou seja, estados localizados nas regiões Norte e Nordeste. Na Bahia e Ceará, por exemplo, há guerras abertas entre facções nacionais e estaduais. Essas facções estaduais que, em alguns casos disputam espaços com as facções nacionais, estão se multiplicando. Salvo melhor juízo, apenas na Bahia há quatorze delas em atuação. 

Por uma dessas ironias do destino, os estados que apresentam as maiores quedas das taxas de homicídios em 2023 são São Paulo e Santa Catarina, estados governados por bolsonaristas roxos, como Tarcísio de Freitas e Jorginho Mello.  A imagem acima mostra as cidades mais violentas do país. Sete delas se concentram em estados da região Nordeste.  

Charge! Cláudio Mor via Folha de São Paulo

 


quinta-feira, 18 de julho de 2024

Editorial: Todos os candidatos querem armar a Guarda Municipal do Recife.



Algumas candidaturas estão praticamente definidas na disputa pela Prefeitura da Cidade do Recife. Teremos as convenções, mas elas cumprem apenas as formalidade legais. Neste sentido, alguns candidatos, a exemplo do prefeito João Campos(PSB-PE), que tentará a reeleição, já sinalizam com algumas propostas de governo, como armar a guarda municipal, um tema que suscita grandes polêmicas. Inclusive os socialistas locais têm uma dificuldade série em lidar com este tema. Já mais experiente, praticamente com uma gestão do executivo municipal no currículo, João sinalizou que deseja abrir essa discussão, respaldado em alguma medidas que possam minimizar maiores complicações com a medida, como, por exemplo, o reforço das ações da corregedoria, certamente com o objetivo de se antecipar a eventuais abusos ou excessos cometidos pelos agentes. 

É curioso como, de repente, todo mundo deseja armar a guarda municipal. Não seria improvável que João tenha tomado a decisão antecipando-se às eventuais propostas neste sentido do candidato Gilson Manchado(PL_PE), representante do bolsonarismo na corrida pelo Palácio Capibaribe. Pois bem. Em entrevista recente, o candidato que representa os interesses do Palácio do Campo das Princesas nesta disputa, Daniel Coelho(PSD-PE), já afirmou que se trata de ponto pacificado em sua proposta de Governo. Não há nem o que pensar. Se eleito, vai não apenas armar a guarda municipal, mas realizar um concurso público para contratar novos agentes. 

Não ouvimos nenhum pronunciamento de Gilson Machado tratando deste assunto, mas, certamente, como bolsonarista raiz, dificilmente ele será contra a medida. A grande dúvida diz respeito à candidata do PSOL, Dani Portela.  Como será que a psolista se posicionará em torno deste assunto? Por outro lado, a princípio, nenhum candidato tem alguma informação privilegiada sobre o que pensa a população do Recife sobre este assunto. Muito provavelmente a população será a favor da medida, em razão do climão produzido sobre os índices de violência registrados no Estado.   

Charge! Aroeira via Facebook

 


Editorial: O depoimento de Ramagem à Polícia Federal.

Crédito da Foto: Pedro Kirilo\Estadão Conteúdo. 


Segundo informações divulgadas pela imprensa, foram 130 perguntas formuladas pela Polícia Federal ao deputado federal Alexandre Ramagem, ouvido em razão de áudios vazados, sugerindo a existência de uma Abin Paralela, ou seja, um suposto grupo de agentes públicos que estariam atuando de forma irregular, bisbilhotando, de forma ilegal, desafetos do ex-presidente Jair Bolsonaro nos Três Poderes. O depoimento de Ramagem teria durado mais de sete horas. Segundo se especula pela imprensa, o ex-homem forte da Abin teria negado qualquer participação nesta Abin Paralela, responsabilizando dois agentes que trabalharam na instituição. 

Deixamos aqui tudo no terreno das suposições, uma vez que compete tão somente à Policia Federal encaminhar as investigações e tirar as conclusões sobre o caso. Voltamos a insistir, no entanto, sobre a necessidade de o Governo Lula ouvir os servidores de carreira da Agência Brasileira de Informações, acatando suas sugestões acerca de uma assepsia institucional ou reestruturação do órgão, evitando, assim, generalizações de narrativas incorretas sobre o trabalho ali realizado pela agência. 

A Abin é um órgão de Estado, jamais uma agência de conveniência para governantes de turno. É preciso se tomar muito cuidado em relação a esses órgãos de segurança e inteligência do Estado. Lavrenti Beria, o todo poderoso chefe da KGB durante o período das trevas do Stalinismo, tinha tanta autoconfiança que morreu numa armação primária; 17 pessoas que tinham algum tipo de vinculação com a morte de Kennedy foram mortas e o caso nunca foi devidamente esclarecido; o maior artífice dos estertores da ditadura militar no país morreu depois de uma dose de Whisk.  

Editorial: Janja recomenda a Lula ler os discursos e não falar de improviso.



Algo sugere que Lula gosta mesmo é de falar de improviso. Ainda este ano, durante a cerimônia de anúncio da construção do Túnel do Guarujá, com a presença de autoridades públicas como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o presidente fez um longo discurso de improviso, lembrando, inclusive, o tempo em que o governador serviu ao Governo da ex-presidente Dilma Rousseff. O entusiasmo da plateia foi tanto, que alguém gritou, sugerindo que o governador, um bolsonarista convicto, voltasse ao PT.  Não é mais novidade para ninguém que o presidente Lula vem cometendo algumas derrapagens verbais, suscitando polêmicas que poderiam ser evitadas. 

Isso já ocorreu até mesmo quando ele lê o discurso, o que sugere que a sua equipe de ghost writers também é um pouco responsável por tais derrapagens.  Nessa época de identitarismo neoliberal todo o cuidado é pouco. Alguns palavras e expressões simplesmente não podem ser verbalizadas, muito menos ainda escritas, como é o caso de "esclarecer", "samba do crioulo doido", "meia tigela", "gordinho". Existe, salvo melhor juízo, até um index apontando as palavras e expressões proibidas. Isso tem gerado muitas polêmicas. Alguns consideram haver algum exagero por aqui. Hoje você não pode se referir a "escravos", mas "escravizados", tudo no sentido de ser correto com os descendentes da raça negra, nossos irmãos africanos.  

Pessoas portadoras de algum distúrbio mental ou físico é algo que precisa ser tratado com todo o cuidado possível, evitando as lacrações inevitáveis a até coisas mais graves. Quando estamos tratando do lugar de fala de um Presidente da República, então, o fato toma uma dimensão gigantesca.  Neste sentido, é perfeitamente compreensível que a primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja,  tenha recomendado ao presidente que, principalmente em tais ocasiões, leia o discurso, não fale de improviso, evitando eventuais derrapagens. 

Charge! Laerte via Folha de São Paulo

 


quarta-feira, 17 de julho de 2024

Editorial: Depois da ressaca dos "áudios da rachadinha", Bolsonaro e Ramagem aparecem juntos.

 


No Rio de Janeiro, este fato hoje parece-nos óbvio, não se faz mais política sem algum envolvimento com as milícias que atuam na área. Quem se contrapõe frontalmente aos interesses desses grupos no Estado, corre um risco maior de ser morto do que propriamente vencer uma eleição. Num futuro próximo, talvez possamos fazer apenas uma ligeira e tênue separação entre os grupos milicianos afinados com "L" ou afinados com "B".  Segundo estimativas, 60% do território da capital hoje é controlado por grupos milicianos. O aparelho de Estado, por outro lado, apresenta índices de contaminação somente observados em países como o México. O país já passa por um processo de "mexicanização". 

Em São Paulo, por exemplo, as polícias militar e civil travam uma verdadeira batalha para devolver a tranquilidade há alguns lugares, conflagrado na luta pela tomada de espaço desencadeada pelo PCC. Esses espaços haviam sido ocupados pelos grupos armados milicianos. O Rio de Janeiro é sempre apresentado como a área mais nevrálgica quando tratamos deste assunto, mas o problema vem ganhando dimensões preocupantes em todo o país, inclusive em Estados da região Nordeste, a exemplo da Bahia, Ceará e Pernambuco. 

Essa introdução é apenas para evidenciar o quanto tem sido complicado fazer política naquele Estado da Federação. Ainda no calor da ressaca produzida pelos áudios da rachadinha, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o candidato à Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Alexandre Ramagem, aparecem juntos, prometendo intensificar a campanha naquela praça.  A rigor, a amizade entre ambos não foi abalada pela divulgação dos áudios. Circulou a versão de que o ex-presidente Bolsonaro não sabia que estava sendo gravado, versão logo desmintida pelo próprio Ramagem. 

Charge! Leandro Assis e Triscila Oliveira