A edição da revista Veja desta semana traz uma matéria tratando da rede de intrigas palacianas, ou, mais precisamente, sobre as indisposições entre membros da Polícia Federal, Abin, GSI e Casa Civil. Fazemos aqui a ressalva de personalizar tais indisposições para não incorrermos em generalizações. O Governo Lula 3 herdou uma herança maldita dos estertores da chamada comunidade de inteligência e informações. Não fazemos ideia sobre o nível das influências nefastas - ou aparelhamento, se preferirem - em relação a essas instituições, ocorridas no governo anterior.
Membros dessas próprias organizações, no entanto, já admitiram que o grau de comprometimento é sensível, daí a necessidade de um cuidado enorme na aplicação de medidas republicanas saneadoras, conforme, reiteradamente, insistimos por aqui. Por alguma razão desconhecida as medidas tomadas foram tímidas até este momento. A matéria da revista sugere que estão sendo produzidos dossiês contra o atual diretor da Polícia Federal, delegado Andrei Rodrigues, em razão, muito provavelmente, dos trabalhos realizados pelo órgão.
Não chega a ser uma surpresa que isso ocorra com um cidadão que ocupa um cargo desta dimensão, tendo que proceder investigações que envolvem atores do ancien régime e o governo atual, onde até ministros de Estado estão sendo indiciados, o que dá a dimensão do trabalho sério conduzido pelo órgão. O problema era se houvesse alguma blindagem das autoridades. Agrava esta situação o fato de convivermos ainda com um processo de instabilidade institucional renitente, onde quase nada se consolidou até este momento, à exceção da polarização política. É como se estivéssemos num barco à deriva, em mar revolto. O delegado Andrei Rodrigues vai precisar de muitos amortecedores e resiliência para dar continuidade ao seu trabalho, importante para a sociedade brasileira, em meio a tais turbulências, inerentes ao momento político que o país atravessa.
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