quinta-feira, 4 de setembro de 2025
Editorial: As máfias dos combustíveis.
A Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba realiza os ajustes finais para dá início aos trabalhos de apuração e investigações sobre uma suposta máfia dos combustíveis com atuação naquele estado. Parece haver divergências sobre o assunto entre os parlamentares, o que está adiando a indicação de nomes para compor o colegiado. No último domingo, o programa Fantástico, da Rede Globo, repercutiu o trabalho de agentes públicos que cumpriram mandados de buscas e apreensões em empresas, prisões de pessoas ligadas ao crime organizado, algumas dessas operações realizadas em endereços nobres, como a Faria Lima. A operação foi denominada de Carbono Oculto, uma vez que há suspeita de adulteração de combustíveis; sonegação de bilhões aos cofres públicos; além de lavagem escandalosa de dinheiro ilegal.
Aqui em Pernambuco, até recentemente, em atividade ilícita semelhante, os agentes públicos envolvidos estavam recebendo propinas até em galões de combustíveis. Agora suspeita-se de um outro fato que vem apenas engrossar as maracutaias com recursos públicos envolvendo operações com combustíveis, integrada a participação de agentes públicos, parentes ou laranjas. Assuntos envolvendo operações policiais e o crime organizado não tratamos mais por aqui, mas isso não quer dizer que deixamos de acompanhar esses movimentos. Duas grandes apreensões de pessoas portando grandes quantidades de barras de ouro na região Norte do país, num trabalho exitoso da PRF, indica uma nova rota de contrabando dessa "especiaria", sempre se utilizando do mesmo modus operandi, ou seja, insuspeitas famílias passeando com seus filhos em caminhonetes.
Num estado vizinho, somente este ano, a PF destruiu grandes plantações de maconha, algumas delas envolvendo ex-agentes públicos, como ex-prefeitos de alguns municípios. Isso deixa de ser uma circunstância furtuita para se constituir num indicador de uma nova rota de cultivo da substância. Acompanho com preocupação o que ocorre no município do Conde, Litoral Sul da Paraíba, que, em razão do pool turístico de João Pessoa, está se transformando num desses balneários controlado por facções, a exemplo de Porto de Galinhas, Pipa, Canoa Quebrada, Jericoacoara, Caucaia, entre outros. Caucaia já entra na lista das 10 cidades mais violentas do país. Uma pena mesmo. Fomos muito felizes em Cumbuco, que tem o melhor passeio de buggy do nosso litoral.
quarta-feira, 3 de setembro de 2025
Editorial: Oficialmente, União Brasil e PP decidem desembarcar do Governo Lula.
A rigor, eles já não se empenhavam mesmo na estabilidade da governabilidade do Governo Lula 3. Portanto, o desembarque é apenas um ato de mera formalidade. O União Brasil, por exemplo, com dois ministros na Esplanada dos Ministérios, é o partido mais infiel da base de sustentação do Governo, de acordo com um levantamento realizado pelo jornal Folha de São Paulo. O problema, conforme já enfatizamos por aqui numa outra ocasião, são as benesses, a capilaridade, os proventos dos DAS's. Não há consenso sobre o assunto. Outro dia ouvimos um dos ministros desses partidos no Governo afirmar que não estaria descartada completamente a eventualidade do apoio ao projeto de reeleição de Lula.
Um dia depois do "desembarque", nos bastidores se confirmam as eventuais dificuldades em largar a boquinha. O mais grave é que o Planalto não reúne as condições ideais de oferecer uma resposta objetiva que se contraponha a esta postura, ou seja, demitir os titulares e apaniguados indicados em todos os cargos no Governo. Vamos fazer a gráfica do DO funcionar a todo vapor. Infelizmente, Lula tem feito este jogo do apaziguamento desde o início, possivelmente em razão dessas dificuldades orgânicas de governabilidade. Em determinados projetos, até o PT vota contra o interesses do Governo. Agora, por ocasião, da perda de controle sobre o comando e relatoria da CPMI do INSS, a base mostrou corpo mole, segundo dizem, de forma deliberada. É num ambiente assim que líderes partidários costuram espaços na máquina, em acordos de coxias, que fogem às narrativas e bravatas públicas.
Principalmente o PP, um dos partidos mais identificados com o chamado Centrão, se aproxima cada vez mais de uma candidatura de oposição ao Planalto, hoje capitaneada principalmente pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que, segundo dizem, pode mudar de partido a qualquer momento. E, por falar em Tarcísio, o Planalto acompanha com atenção seus movimentos em torno do projeto de anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro. A leitura é que seus movimentos estão contribuindo para emprestar ao projeto de anistia uma celeridade que não seria nada interessante neste momento. Recentemente ele afirmou - talvez se arrependa depois - que o seu primeiro ato como eventual Presidente da República seria assinar o indulto do ex-presidente. Dependente do humor dos brasileiros, tal confissão, inclusive, pode prejudicar seus projetos.
terça-feira, 2 de setembro de 2025
Editorial: Começa o julgamento de Bolsonaro. Uma prova de fogo para a nossa frágil democracia.
Um amigo professor costuma brincar com coisa séria ao indagar-me porque a Argentina conseguiu a proeza de colocar no banco dos réus e condenar contumazes violadores dos direitos humanos e nós nunca conseguimos fazer isso no Brasil. Na realidade, o país andino aplicou punições a 83 ex-militares, alguns deles com patente de generais. O Chile, que talvez tenha enfrentado a ditadura mais sanguinária do continente, é outro exemplo da capacidade de suas instituições ajustarem as contas com o passado autoritário. Aqui no Brasil, mesmo no atual momento, o Exército emitiu um documento onde se mostra reticente em fornecer informações sobre os militares que estiveram envolvidos no assassinato do ex-deputado Rubens Paiva, uma das vítimas mais emblemáticas dos estertores do golpe Civil-Militar de 1964.
A referência ao atual momento é bastante sintomática porque, em tese, fatos desta natureza não seriam mais aceitáveis. Fatos assim apenas evidenciam os cuidados que devemos tomar ao tratar nossa experiência democrática como algo consolidado. O julgamento de hoje é uma prova desses avanços, mas, por outro lado, pleitear não enviar informações sobre eventos ocorridos em décadas passadas sugere algum problema. Hoje, 02, começa o julgamento do núcleo crucial da tentativa de golpe de Estado do 08 de janeiro. Há uma grande expectativa no país sobre qual seria o desfecho, mas a probabilidade maior é de uma condenação dos envolvidos neste grupo, assim como já vem ocorrendo no julgamento daqueles atores que estiveram participando do badernaço em Brasília. Um percentual expressivo deles estão condenados e cumprindo suas penas.
Ontem, 01, durante os trabalhos da CPMI do INSS, o relator, o deputado federal Alfredo Gaspar(PL-AL), decidiu que os nomes dos atores que estão diretamente envolvidos nas maracutaias com o roubo dos proventos dos aposentados serão encaminhados ao Ministro do Supremo Tribunal Federal, André Mendonça, com pedido de prisão preventiva. São 22 nomes, todos já devidamente identificados pela PF durante as investigações. Os trabalhos estão sendo conduzidos com bastante seriedade, o que é algo muito positivo. A experiência de Alfredo Gaspar como promotor público tem ajudado bastante.
P.S.: Do Contexto Político: Na realidade, o Exército não pediu para encaminhar as fichas funcionais dos militares envolvidos no episódio do assassinato do ex-deputado Rubens Paiva. Argumentou, no entanto, bom base na Lei de Acesso à Informação, que tais documentos poderiam ser enquadrados entre os protegidos. No entanto, a CGU, com base nos fatos que se passaram, envolvendo inclusive tortura, refutou a argumentação da entidade, exigindo o envio dos documentos solicitados.
segunda-feira, 1 de setembro de 2025
Editorial: Nilvan Ferreira é demitido da TV Arapuan.
Acompanhamos de perto o que ocorre na política paraibana, mas checamos com nossas fontes se, de fato, havia uma confirmação da demissão do apresentador Nilvan Ferreira, da TV Arapuan. A informação está confirmada. De fato, o apresentador foi demitido, após a emissora tomar conhecimento que o seu nome está numa lista da Polícia Federal, onde constam os nomes de uma corrente de transmissão atribuída ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Nilvan Ferreira tem uma trajetória de vida marcada pela superação. Negro, pobre, nascido em Cajazeiras, exerceu muitos ofícios simples antes se tornar um dos maiores comunicadores do estado.
Com o capital político obtido na condição de apresentador de TV, resolveu enveredar pela política, onde já foi candidato ao Governo do Estado e à Prefeitura de Santa Rita, na Região Metropolitana de João Pessoa. Não foi bem-sucedido em nenhuma dessas empreitadas, mas tornou-se um dos mais ferrenhos defensores do presidente Jair Bolsonaro entre os políticos conservadores paraibanos. Daí a surpresa, por ocasião da última eleição municipal, quando o seu nome não figurava na lista de candidatos da direita à Prefeitura de João Pessoa. Nilvan, na realidade, foi vítima de uma rasteira, algo relativamente comum no meio político.
Nilvan tem o radialismo na veia, daí a notícia de que não mais poderá usar o microfone da emissora deve ter produzido um dano considerável ao rapaz. A demissão ocorreu num domingo, sem que ele tivesse a oportunidade, sequer, de se despedir dos seus diletos telespectadores. Logo ele deve estar de volta aos microfones e telas de alguma emissora de TV do estado.
Editorial: O país do tapinha nas costas, das conveniências.
Assim como ao sociólogo Gilberto Freyre, nada mais nos surpreenderia neste país. Há vários integrantes da máfia dos combustíveis foragidos, o que levanta a suspeita de vazamento da operação Carbono Oculto, desencadeada recentemente pela Polícia Federal em várias praças do país, inclusive no coração financeiro de São Paulo, a Faria Lima. Isso não seria surpresa, principalmente em São Paulo, onde pseudos agentes públicos estão sendo indiciados por conluio com o crime organizado; Suspeita-se de um apartamento avaliado em R$ 5 milhões supostamente adquirido pela bagatela de R$ 125 mil, no papel, por um parlamentar que ocupa espaço de relevo na política nacional; Mas, o mais interessante para tratarmos neste início de semana - depois, claro, do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro - é o arranjo que está se estabelecendo entre as federações partidárias que estão se formando - em sua maioria no sentido de construir uma alternativa presidencial a Lula - e os acordos para manterem os cargos no Governo Lula 3.
Soube ontem que um dos principais líderes do PP deseja manter os seus indicados na direção da Caixa Econômica Federal, assim como o senador Davi Alcolumbre, do União Brasil, que permanece com os seus indicados no Governo - não demonstrando nenhum interesse em desembarcar neste momento - quando o partido prepara uma resolução definitiva sobre o assunto, indicando deixar a base de sustentação política do Governo. Até recentemente, de público - porque o que ocorre nos bastidores pode ser diferente - afirmou que seria de bom alvitre que quem estivesse cargos na máquina defendesse o Governo. A reivindicação é justa. É preciso mantermos um mínimo de coerência, embora se saiba que os proventos e as conveniências corroam a ideologia.
Amanhã, dia 2, inicia-se o tão aguardado julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros integrantes do núcleo crucial da tentativa de golpe de Estado do 08 de janeiro. Escrevemos até um livro tratando deste assunto, porque, pela primeira vez na História deste país as instituições democráticas farão uma ajuste de contas contra aqueles que tentaram solapá-la. Diluir o ímpeto desses sabotadores não é algo muito simples. Isto está muito relacionado à formação, onde se incute determinados valores. Não surpreende que um desses implicados, segundo os áudios que foram divulgados, tenha usado a expressão: democracia uma porra, numa demonstração clara de que não lhes ensinaram nada sobre o assunto. Serenidade e firmeza à Primeira Turma do STF, que conduzirá o julgamento.
domingo, 31 de agosto de 2025
Crônicas do cotidiano: Um trio da "pesada".
Os livros do escritor gaúcho Érico Veríssimo animaram nossas leituras de adolescente, ao lado do paraibano José Lins do Rego. Fazemos aqui o registro de que não são todos os livros de Érico. Há uma fase em que ele envereda por livros de cunho espiritualistas, os quais já não líamos com o mesmo prazer dos seus romances históricos. Curioso que Érico Veríssimo trabalhada numa farmácia e escrevia nas horas vagas. Seu filho, Luis Fernando Veríssimo, preferia as narrativas curtas, como os contos e crônicas, gêneros nos quais se tornou um dos grandes nomes da literatura brasileira. Um bom escritor precisa ter, entre outras qualidades, uma sensibilidade aguçada sobre o mundo e as pessoas, algo que Luis Fernando Veríssimo desenvolveu tão bem, se tomarmos como referência as Comédias da Vida Privada, que a Rede Globo transformou em minissérie, com o desempenho impagável dos atores Marco Nanini, Diego Vilela, Pedro Cardoso, das atrizes Giulia Gam, Andréa Beltrão e a premiada Fernanda Torres.
Quando estávamos de viagem ao estado do Ceará, mais precisamente em sua região de serras e Mata Atlântica preservadas, no Maciço do Baturité, na cidade de Redenção - a primeira cidade a libertar seus escravos no país - líamos uma de suas crônicas durante os intervalos. A crônica tinha como título Tudo que vicia começa com "c", onde ele fazia uma relação dos vícios que começam com "c", a exemplo do cigarro, da canabis, da cachaça, da cocaína, entre outros. Aproveitamos o ensejo e escrevemos uma Tudo que vicia começa com "c" II, com base nos atrativos da terra cearense, como a castanha de caju, a cajuína, carne de sol, Canoa Quebrada, Crato, entre outros "Cs".
No primeiro dia que ingressávamos na UFPE, eis que quase esbarramos, quando subíamos as escadarias do CAC, com uma figura esguia, passos largos, trajando indefectíveis roupas em tom caqui, que seria a sua marca registrada, segundo dizem confeccionada por uma costureira de sua confiança, a quem ele delegou, inclusive, a costura de seu fardão para a posse na Academia Brasileira de Letras. Era o paraibano Ariano Suassuna em pessoa, que ministrava a cadeira de Estética naquela instituição de ensino, depois que havia optado pelo magistério, decepcionado com a carreira jurídica. O encontro está registrado no nosso terceiro romance, Tramas do Silêncio. Pouco tempo depois estávamos dando grandes gargalhadas em suas aulas espetáculos.
Millôr Fernandes, como o Millôr escrito assim, como ele mesmo explica, por falha do escrevente do cartório, era um artista múltiplo, com uma inteligência privilegiada. A primeira página que abríamos na antiga Veja impressa, onde ele passava seus regados, carregados de ironia, todas as semanas. Sabe-se que se trata de uma limitação tratar os seus textos apenas como textos carregados de ironias, uma figura de linguagem que não dá conta do seu raro talento. Havia uma lâmina aguda, cortante em seus petardos contra o sistema, contra os opressores, contra os violadores dos direitos humanos, algo que deixou marcas indeléveis tanto na direita, quanto na dita esquerda, quando ele perguntou, por exemplo, se a luta armada seria ideologia ou "investimento". Os três aparecem assim, num dia ensolarado, curtindo as delícias do balneário de Porto de Galinhas.
Editorial: O destino político de Cícero Lucena.
A política paraibana está uma confusão dos diabos. À medida em que se aproxima as eleições estaduais de 2026, as placas tectônicas da política local se movimentam numa velocidade incomum. Se o indivíduo não estiver atento, pode perder o bonde da corrida pelo Palácio Redenção. Na base governista, de concreto mesmo apenas a candidatura do atual governador, João Azevedo, do PSB, ao Senado Federal. Como estamos tratando aqui de uma base de apoio heterogênea, tudo é possível, inclusive nada. Um dos grupos mais forte desta base de apoio está enredado em problemas. No estado também se percebe as dificuldades de ajustes entre acordos partidários celebrados em Brasília, que geralmente, entram em contradição com a dinâmica política local.
Uma outra certeza é que o atual prefeito da capital, Cícero Lucena(PP-PB), será candidato ao Governo do Estado, em 2026. Como se trata de um dos políticos mais "manhosos" da política paraibana, sobre ele não pesa as clivagens ideológicas, sendo possível construir uma candidatura tanto com a base governista, quanto com a oposição. Recentemente ele declarou que estaria em breve definindo seu futuro partidário e que os eleitores poderão ter alguma surpresa por aqui. Curioso é que ele teria aberto um diálogo recente com Marcelo Queiroga, ex-Ministro da Saúde do Governo Bolsonaro, que será candidato ao Senado Federal. O interessante aqui é que o PL de Queiroga já teria fechado um acordo com o União Brasil do senador Efraim de Moraes, que é pré-candidato ao Governo do Estado.
A campanha de 2024 foi uma das mais acirradas no estado, suscitando debates acalorados entre Cícero e Queiroga à época, mas Cícero encara os fatos como naturais. Outro lance dessas placas é um encontro recente entre Cícero e integrantes do clã Cunha Lima, por ocasião do lançamento de um filme baseado num poema de Ronaldo Cunha Lima, numa clara demonstração de que o prefeito se movimenta bastante à vontade no tabuleiro da política local. Será que o prefeito vai se tornar "socialista", para atender ao critério primário estabelecido por João Azevedo, ou seja, o apoio ao projeto de reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Tudo é possível.
sábado, 30 de agosto de 2025
Drops Político: Gestos de civilidade na política são bem-vindos.
Repercute bastante na política local uma fala do ex-governador do Estado de Pernambuco, João Lyra Neto, pai da atual governadora Raquel Lyra(PSD-PE). Indagado sobre a gestão do prefeito João Campos(PSB-PE), João Lyra afirmou que o prefeito faz uma bom trabalho no Recife. João Campos, muito provavelmente, será o principal oponente ao projeto de reeleição da governadora, nas eleições de 2026. Um gesto de civilidade política, característico da estipe da família Lyra, de longa tradição republicana na política pernambucana. Talvez a expectativa fosse o contrário, ou seja, que o pai da governadora aproveitasse a ocasião para tecer críticas à gestão do socialista.
Há bem pouco tempo, presenciamos uma cena curiosa da filha governadora em ação no interior do estado, durante um evento, onde ela sobe numa plataforma para discursar para a plateia de ouvintes no que sugere ser uma quadra esportiva. A governadoras em pé, com a vice-governadora, Priscila Krause, ao seu lado, preocupadíssima, segurando suas pernas com receio de que ela pudesse despencar da arquibancada. Raquel está nas ruas, conversando com a população, entregando obras, superando adversidades, respondendo às críticas com trabalho e tocando o seu governo com uma disposição incomum.
Editorial: Governadores do Nordeste reagem aos insultos de Romeu Zema.
Essas questões levantadas pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema, acerca dos problemas inerentes a programas como o Bolsa Família não são novas e, a rigor, hoje até o Governo Lula 3 entende que é preciso criar mecanismos de melhor gerenciamento do programa no que concerne à sua concepção e objetivos, possibilitando a condição de o segurado ou segurada migrar do programa para uma situação mais autônoma, menos dependente do aparelho de Estado. Já existem algumas iniciativas neste sentido, sobretudo em razão das dificuldades que se criam para o beneficiário entrar num emprego formal. O problema aqui é como se dizem certas coisas, sobretudo quando se é pré-candidato à Presidência da República, condição que hoje Romeu Zema ostenta. Um simples pronunciamento já arrancou a ira e a solidariedade dos governadores da região Nordeste. São muitos votos, senhor Zema.
Realmente se trata de um contingente expressivo de segurados mantidos pelo aparelho de Estado, improdutivos do ponto de vista econômico, que não se preocupam em desenvolver alternativas, uma vez que seriam desligados automaticamente do programa. Em vários estados do país este contingente chega a ser superior ao número de pessoas com empregos formais. O que Zema questiona - não sem alguma razão - é que se trata de pessoas que poderiam estar inseridas no processo produtivo. A pré-candidatura de Zema é um balão de ensaio. Uma espécie de acordo entre os postulantes da direita sobre aquele que alcança a melhor performance nesta fase de pré-campanha. O funil deve levar ao nome de Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo.
Aos poucos, tangida pelas circunstâncias que se impõem com o inferno astral enfrentado pela sua principal liderança, O ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado a isso os prazos ditados pelo capital, a direita ajusta os passos para a definição de um nome competitivo para o pleito presidencial de 2026. No dia de ontem ficamos sabendo que até o PL sonha em ter o governador paulista em seus quadros. A despeito do tratamento respeitoso de Valdemar da Costa Neto para com Jair Bolsonaro - que deve indicar o nome que receberá seu apoio como candidato - aqui e ali o PL procura se imiscuir das encrencas criadas pelo clã Bolsonaro.
sexta-feira, 29 de agosto de 2025
Editorial: Lula determina aplicação da Lei da Reciprocidade em relação às tarifas impostas pelos Estados Unidos.
| Crédito da Foto: Cristiano Mariz\O Globo. |
No dia de ontem, 28, passamos o tempo todo praticamente acompanhado os trabalhos da CPMI da INSS. Em princípio, os trabalhos estão sendo muito bem conduzidos, embora especule-se acerca de um acordão nos bastidores, entre governistas e oposição, que visa blindar alguns nomes que deveriam ser convocados aos depoimentos para subsidiar os trabalhos. No momento, estamos crentes de que isso não ocorrerá, mas sabe-se nas coxias que o Governo Lula move moinhos para evitar danos de imagem oriundos das conclusões dos trabalhos desta comissão. A recuperação da imagem do Governo Lula 3 ainda é lenta, tênue, insegura, de acordo com os levantamentos realizados pelo próprio Planalto.
Não deixa de ser curioso nesses engendramentos a liberação de emendas, em montante elevados, atingindo, inclusive, parlamentares de oposição. Pelo andar da carruagem política, a conclusão é que o Governo não reúne as melhores condições de blindar quem quer que seja, como ocorreu durante os trabalhos da CPMI do Golpe. No dia de ontem, em audiência reservada, um delegado da Polícia Federal por pouco não recebeu ordem de prisão, quando inquiridos acerca das instituições ou entidades investigadas. Tanto o Presidente quanto o relator da CPMI do INSS estão conduzindo os trabalhos com bastante seriedade e isso é muito bom.
Chegando à conclusão da impossibilidade de algum consenso mínimo entre o Governo brasileiro e o Governo dos Estados Unidos no tocante às tarifas impostas para os produtos de exportação brasileiros, Lula determinou que seja aplicada a Lei da Reciprocidade, ou seja, os produtos americanos importados pelo Brasil serão sobretaxados. À medida em que se aproxima o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas se acirra as animosidades entre o Governo Trump e o Governo Lula 3.
Editorial: A solidez da democracia brasileira na capa da The Economist.
Alguns formadores de opinião sugerem que não estamos passando por um momento que se possa chamar de plenitude democrática. Ao contrário, o país estaria caminhando para um processo de venezualização, sobretudo depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contingenciado pela política externa americana, passou a estreitar os laços com os vizinhos amazônicos, de governos que não são considerados de democracias consolidadas. Os olhares dos analistas internacionais, no entanto, sugere-se que tenha uma acuidade maior, ou seja, contemplam o processo de mais uma tentativa de golpe de Estado frustrada no país e, sobretudo, a nossa capacidade - inusitada e singular até então - de enquadrar e punir aqueles atores que estiveram no epicentro do projeto autoritário.
Julgamento que, aliás, começa na próxima semana. Diante das circunstâncias de culpabilidade dos réus envolvidos, ontem ocorreram algumas especulações em torno do destino daqueles que forem condenados, ou seja, onde eles cumpririam suas penas. Isso é o de menos, mas a Papuda recai, até simbolicamente, na preferência das autoridades do judiciário. Segundo o semanário britânico, o país dá um bom exemplo de como devem ser tratados aqueles que tramaram contra as suas instituições democráticas, diferentemente do que ocorreu nos Estados Unidos, que, aliás, tenta interferir num processo de julgamento do réus envolvidos na tentativa de golpe de Estado do 08 de janeiro, principalmente o amigo Jair Bolsonaro.
Aliás, nos últimos meses, o país ocupou bastante espaço nos órgãos de imprensa internacional. The Wall Street Journal, The Washington Post, entre outros. Esta já é a segunda ou terceira matéria que a revista britânica dedica ao país, trazendo sempre temas polêmicos, como uma ponderação crítica à atuação do nosso Judiciário. Nesta matéria mais recente este aspecto não foi negligenciado, mas o bom exemplo de as nossas instituições reunirem as condições efetivas em julgar e punir os responsáveis pela tentativa de golpe se sobressai. Não deixa de ser um bom exemplo, como reconhece o semanário conservador britânico.
quinta-feira, 28 de agosto de 2025
quarta-feira, 27 de agosto de 2025
Editorial: Os gestos de Raquel para o PT.
Depois que o Ministro da Casa Civil, Rui Costa, esteve aqui no estado e a tratou como uma aliada, muita água correu no rio da política e pelo canal de Fragoso. Neste intervalo, o prefeito João Campos foi eleito Presidente Nacional do PSB, manteve um diálogo mais estreito com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e praticamente fechou as partas do Campo das Princesas para as articulações com o partido a nível nacional. Aqui no estado ainda há um grupo que se alinha com a gestão de Raquel Lyra, liderado pelo deputado estadual João Paulo. Não sabemos se podemos afirmar se João lidera este grupo, mas ele é o principal incentivador desta parceria entre o PSD e o PT no estado.
Há mais de um ano das eleições de 2026, já não se fala noutra coisa. O Centrão tenta articular-se com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas; Ciro já se movimento nas redes sociais como candidato potencial, embora não se saiba até o momento qual o espaço político que ele deseja disputar; aqui em Pernambuco, depois de um determinado momento, tudo passou a girar em torno das eleições estaduais de 2026. Os movimentos do prefeito João Campos, assim como os movimentos da governadora sinalizam claramente nesta direção. Com as portas praticamente fechadas para as conversas com o dito campo progressista, Raquel Lyra, estreita seus laços com a direita.
Editorial: Tarcísio anda costeando o alambrado do Centrão.
Como gaúcho autêntico, o ex-governador Leonel Brizola cunhou uma expressão que ficaria famosa para identificar aqueles atores políticos que estavam costeando o alambrado, na iminência de pular a cerca. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, já se movimenta politicamente com uma desenvoltura que passou a preocupar a família de Jair Bolsonaro. Da parte de Tarcísio, os laços afetivos com o ex-presidente ainda são perenes, uma vez que o governador deve a ele seu ingresso no campo da política. Não se pode dizer que Tarcísio seja uma pessoa ingrata, mas, pelo andar da carruagem política, este adjetivo já não o define para os filhos do presidente Bolsonaro. A questão é simples. Jair Bolsonaro está encrencado até a medula, completamente inviável politicamente, na iminência de ser condenado pela tentativa de golpe de Estado do 08 de janeiro.
Apostar na tese de anistia e de uma improvável candidatura soa estranha neste momento. Assim, diante da orfandade de Bolsonaro, amplos setores da direita estão se movimentando, alguns deles gravitando em torno do Centrão. Somente Valdemar da Costa Neto ainda aguarda o sinal verde do capitão, a quem ele comparou recentemente ao guerrilheiro argentino\cubano Ernesto Che Guevara, algo que rendeu muito memes nas redes sociais. O Centrão sempre navega com um pé numa jangada e o outro pé na outra, aguardando o momento certo para pular fora. Por enquanto, eles trabalham contra o Governo Lula 3 no Congresso e nas ruas, mas, enquanto puderem assegurar os contracheques dos DAS's eles se seguram no Governo.
O Centrão anda costeando o alambrado do governador paulista. Surpreendentemente cogita-se, inclusive, o nome do ex-governador cearense, Ciro Gomes, nessas conversações. Já vamos antecipando que, a despeito do respeito que temos por ele, Ciro Gomes não tem temperamento para vice. Sua ansiedade para ditar o rumo da gestão poderão produzir grandes complicadores para o governante de turno. Melhor seria um ministério de peso ou mesmo voltar a governar o seu estado, o Ceará, onde trava uma batalha campal contra o PT.
terça-feira, 26 de agosto de 2025
Editorial: Começa a CPMI do INSS.
Acompanhamos de perto, pela manhã, a abertura dos trabalhos da CPMI do INSS. Ouvimos o presidente dos trabalhos, o senador mineiro Carlos Viana(PO-MG), e o relator, o deputado federal pelo estado de Alagoas, Alfredo Gaspar (União-AL). Promotor Público experiente, Alfredo estabeleceu as diretrizes que devem orientar os seus trabalhos na comissão, que deve atingir os corruptos de todas as matizes ideológicas, ou seja, se o caboclo meteu a mão no minguado dinheirinho dos aposentados será alcançado, independentemente de ser simpático ao petismo ou ao bolsonarismo. Alfredo Gaspar se coloca como um político assumidamente de direita, mas adverte que a inclinação ideológica não interferirá na sua condução dos trabalhos, tampouco na confecção do relatório final.
Conforme suspeitávamos, a direita mais radical, no entanto, estabeleceu uma expectativa bem robusta sobre os trabalhos da comissão, algo que deve ir além da punição dos atores e entidades responsáveis direitos pelas fraudes, ou seja, atingindo os governantes de turno. Faz todo o sentido as preocupações do Planalto sobre os rumos que poderão tomar esta comissão. Estamos tratando aqui de um processo de corrupção sistêmica - até o nome de Jorgina de Freitas, maior fraudadora do INSS, foi lembrado durante os trabalhos - algo que remete a um cuidado com as narrativas que estão sendo construída pelo Governo Lula 3 sobre o assunto. Desde o início esta narrativa se apresentou bastante frágil, sem consistência alguma. O próprio ex-Ministro da Previdência, Carlos Lupi, admitiu que sabia dos problemas e tomou medidas "tardias" ou insuficientes para estancar os danos aos aposentados.
Uma das conduções mais criticadas neste primeiro dia dos trabalhos foi a fórmula como o Governo Lula 3 administra essa questão, sob a clivagem jurídica, com as medidas junto ao STF, assim como em relação ao aporte de recursos que estão sendo utilizados para ressarcir os aposentados, que são recursos do tesouro, ou seja, somos nós que pagamos esta conta. Vamos aguardar os rumos dos trabalhos daqui para frente, mas podemos concluir que tivemos uma arrancada inicial bastante promissora.
O xadrez político das eleições estaduais de 2026 em Pernambuco: Raquel nos braços da direita em definitivo?
Mike Tyson era um boxeador quase imbatível. Geralmente nocauteava seus adversários no primeiro round. Alguns deles não resistiam ao primeiro golpe. Foi assim durante algum tempo, até que um técnico experiente observou que ele tinha grandes dificuldades em recuar no ringue, algo possivelmente relativo à coordenação. Conhecedor dessa fragilidade, o técnico preparou um adversário para enfrentá-lo com uma estratégia que consistia em atacá-lo de forma a que ele precisasse recuar, ou seja, o sujeito precisava tomar a iniciativa, evitar o nocaute no início da luta, e, assim, reunir as condições ideais para derrotá-lo. Mike Tyson teve a sua primeira derrota.
Lembramos desta lição quando observamos a estratégia que está sendo utilizada pelo prefeito João Campos(PSB-PE) aqui no estado, já de olho na disputa que deverá travar com a governadora Raquel Lyra, em 2026. João Campos estabelece uma relação cada vez mais próxima do PT pernambucano, praticamente fechando as portas das alianças à esquerda da governadora Raquel Lyra. Numa entrevista publicada no dia de hoje, 26, no Jornal do Commércio, o ministro Sílvio Costa Filho, do Republicanos, advoga que seria importante a reeleição da maior liderança do PT no estado, o senador Humberto Costa, talvez até ajustando a composição da chapa que disputará o Palácio do Campo das Princesas, em 2026.
Resta saber o que João Campos, neste caso, reservaria aos Coelhos, clã de grande musculatura política no Sertão do São Francisco, com o qual o prefeito estabelece uma relação bastante civilizada. A recíproca também é verdadeira. Um dos representes da família, o deputado federal Fernando Coelho Filho, afirmou que continuará apoiando o projeto político do prefeito mesmo que a sua federação, a União Progressista, siga um outro rumo. E, por falar em União Progressista, a nível nacional, é quase certo que eles não apoiem o projeto de reeleição de Lula e, aqui na província, o filho do deputado federal Lula da Fonte, filho de Eduardo da Fonte, que deverá comandar a União Progressista no estado, no dia de ontem, 25, considerou que a federação deve apoiar o projeto de reeleição da governadora.
É sabido que um percentual expressivo da direita votou na governadora nas eleições de 2022. Bolsonaristas inclusive, em razão do apoio do ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira, que se reaproximou do Campo das Princesas depois de um divórcio meio que litigioso. Eduardo da Fonte, inclusive, candidatíssimo ao Senado Federal, seria o patrocinador dessa reaproximação. As manobras de João deixaram a governadora sem as condições efetivas de formar uma composição política que diluísse um pouco essa identificação com a direita.
segunda-feira, 25 de agosto de 2025
Editorial: O PT está aberto às alianças com João Campos e com Raquel Lyra.
Como o PT em Pernambuco encontra-se literalmente cindido, este é o tipo de resolução aprovada com o propósito de atender às duas alas da legenda no estado, ou seja, o grupo que já está na gestão da Prefeitura do Recife e apoia o projeto do prefeito João Campos para as eleições de 2026, e o grupo que se afina com a gestão da governadora Raquel Lyra. Conforme discutíamos ontem por aqui, a tendência mais razoável hoje é que o PT encampe o projeto socialista, uma vez que, estrategicamente, João Campos percebeu a importância de consolidar a aliança com o Planalto, tirando o espaço de manobra da governadora pelo campo de esquerda. Ou seja, João Campos está tentando "isolar" Raquel Lyra, deixando-a com a única alternativa de se arranjar com a centro-direita.
João Campos está tão afinado com o Planalto que, numa pesquisa recente, onde aparecem como favoritos candidatos de esquerda, João é aquele que, apesar de filiado ao PSB, sugere-se o mais "perecido" com o PT. João já venceu eleição em Pernambuco mantendo uma distância regulamentar do PT, mas a bússola política no momento talvez indique que tal afinidade seja conveniente. Esse "feeling" pode estar orientado por pesquisas qualitativas. O pai, Eduardo Campos, salvo melhor juízo, tinha um cientista político argentino que orientava todos os seus passos através de pesquisas qualitativas.
A última pesquisa do Instituto Genial\Quaest - como este Instituto realiza pesquisas - para o Governo do Estado, aponta a força da direita em Pernambuco. 10% do eleitorado está dividido entre um candidato do PL, Gilson Machado, e o vereador Eduardo Moura, do Novo, bastante atuante no estado, que crava 4% das intenções de voto. Gilson Machado já concorreu ao Senado Federal, sendo muito bem votado. É o homem de Bolsonaro em Pernambuco, embora o PL esteja sob controle da família Ferreira, o que dificulta suas aspirações. Gilson, portanto, tem recall. A novidade mesmo é Eduardo Moura, o que, em princípio, pode identificar uma tendência de voto dos recifenses no vereador. Mesmo assim, os escores não deixam de ser alvissareiros.
