pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Eduardo Campos confirma que está no péreo presidencial de 2014
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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Eduardo Campos confirma que está no péreo presidencial de 2014



 



O XADREZ POLÍTICO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS DE 2014 – No caso de Eduardo Campos, Dilma, peça as asas.

José Luiz Gomes escreve

                                   Comenta-se que um cidadão, reiteradas vezes, escrevia para o consultor gastronômico de uma publicação especializada, com o objetivo de esclarecer uma dúvida que o atormentava. Nos almoços de domingo, na casa da sogra – que, por sinal, não gostava muito dele – era servida carne de coelho sob o disfarce de carne de galinha. Ele não gostava de coelho e, segundo ele por pirraça, a sogra o enganava sempre.
                                   Tivemos a oportunidade de experimentar a carne de coelho no hotel fazenda Alvorada, em Garanhuns, a terrinha da garoa. De fato, lembra um pouco o sabor da carne de galinha, sobretudo para quem não possui um paladar tão apurado. O consultor da publicação, esmerava-se em suas explicações, divagando sobre as principais diferenças entre ambas as carnes, mas não convencia o cidadão. Por fim, já exausto das explicações técnicas, em sua última resposta, foi curto e grosso: “peça as asas”.
                                   Esse episódio nos veio à tona após ler – e também conceder algumas entrevistas – abordando o mesmo tema: a candidatura ou não do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, ao pleito presidencial de 2014. Muita tinta já foi gasta sobre o assunto. Sua última entrevista, concedida à revista Época foi esmiuçada pelo jornalista Josias de Souza, do Portal UOL, num feliz exercício de análise de discurso, onde ele chegou a conclusão sobre a construção de um discurso marcado por uma profunda ambiguidade do chefe do Executivo do Estado. Como já afirmamos em inúmeras postagens pelo blog, Eduardo Campos vem adotando uma estratégia que inquieta, mas paralisa o PT.
                                   Publicamente, faz juras de amor eterno a Dilma, mas protege a retaguarda como ninguém. Assegura que está lendo Machado de Assis, mas desconfiamos que o seu livro de cabeceira é mesmo “O Príncipe”, de Maquiavel. Como ensinava o mestre florentino, melhor ser temido do que ser amado. Vem se consolidando como uma “opção real de poder” para os próximos pleitos presidenciais. As circunstâncias políticas e econômicas serão determinantes, mas o seu “aquecimento” o colocaria em campo – mesmo que apenas para se apresentar ao estádio – assim que for “convocado”. Mais prudente seria, como já sugeriu o empresário Jorge Gerdau, o seu homem de confiança no mundo corporativo, em 2018, mas política, como antecipou uma raposa mineira, muda como as nuvens. Embora  se recomende tirar o sapato quando se estar próximo ao rio, por outro lado, como ensinava nossa mãe, oriunda da região do Cariri paraibano, boi ronceiro bebe a lama.  
                                   Embora aliado do PT, não dispensa os mimos do DEM. Articula-se com todas as forças políticas, embora o PSDB, no momento, dispense uma atenção maior, sugerindo-se, inclusive, uma dobradinha dos “netos”, aquela que, no passado, já teria sido a chapa dos sonhos de Luiz Inácio Lula da Silva. A possibilidade existe, embora sua construção exija um contorcionismo político complexo. Todas as possibilidades estão sendo exaustivamente analisadas pelos estrategistas do Palácio do Campo das Princesas, sobretudo por entender as ranhuras de sua relação com o Partido dos Trabalhadores.
                                   Por falar em ranhuras, num gesto de grande desprendimento, a presidente Dilma Rousseff, que se encontra de férias na base militar de Aratu, na Bahia, convidou o governador para um almoço. Assim como nos negócios, em política almoços também não saem de graça. Um privilégio concedido a poucos, sobretudo pelo fato de que a presidente estava descansando. O almoço – regado à pescada amarela, pelo que nos informaram – teve uma sobremesa política das mais contundentes. Dilma, certamente, não arrancou nenhum compromisso formal de Eduardo Campo sobre 2014. Afinal, 2014 está muito distante. Vamos ajudá-la a ganhar 2013, colocar a casa em ordem, superar as dificuldades econômicas, fazer o país voltar a crescer – de preferência nos níveis do Estado de Pernambuco. Esse é o discurso. A mensagem subliminar é que ele “é o cara” capaz de fazer o país voltar a crescer, repactuar o Pacto Federativo, implantar a reforma fiscal e tributária etc. Há, subjacentemente, uma plataforma política em gestação.
                                   Encostado na parede, ao velho estilo do avô, Eduardo Campos pigarreou, fingindo engasgar-se com uma espinha da pescada, merecendo umas tapinhas na costa do governador Jaques Wagner, que, dizem, teria sido escalado por Dilma para conter o avanço do PSB no Nordeste, justo ele que não consegue tomar conta do próprio quintal. Um copo de suco de araçá e tudo voltou à normalidade.  
                                   Algumas leituras precipitadas do encontro concluíram que, com o gesto de distensão e demonstração de carinho, Dilma teria equilibrado o jogo em torno de um possível apoio do governador a seu projeto de reeleição. Não vemos assim. Antes do encontro, segundo o painel da Folha de São Paulo, Eduardo teria conversado com Luciano Ducci e determinado a ele uma missão: fazer o PSB crescer na região Sul do país, o que reforça a tese da estratégia que ele vem adotando desde o momento em que foi picado pela mosca azul, ou seja, equilibra-se instavelmente na canoa do Palácio do Planalto, ao tempo em que consolida-se como uma alternativa real de poder, aglutinando, inclusive, forças políticas que hoje fazem oposição do Governo.
                                   Assim como aquele leitor da publicação citada, o Planalto desconfia da carne que está sendo servida pelo governador de Pernambuco, mas ainda não teve coragem de pedir as asas. Nos bons tempos, quando vinha a Pernambuco e era convidada para saborear um camarão a moranga ou uma costela de cordeiro, Dilma não apenas tinha certeza sobre a genuinidade da cozinha, como ainda tinha direito às tiradas do escritor Ariano Suassuna de sobremesa. Bons tempos aqueles.
                                    Antes de ser amado, o “Moleque” dos jardins da Fundação Joaquim Nabuco, prefere mesmo ser temido. Com a projeção e a capilaridade política conquistadas, tornou-se um aliado ameaçador ao projeto hegemônico do PT, mas um ator político estratégico, fundamental para a manutenção desse mesmo projeto. Não raro, o PT faz algumas sinalizações interessantes, como uma última declaração do ministro Gilberto Carvalho, de que ele poderia ter o apoio do partido numa cabeça de chapa em 2018.
                                   Há ainda quem o aponte como um líder provinciano, inflado por alguns setores da imprensa, mas vale a ressalva de que o caboclo trabalha incansavelmente para superar suas dificuldades e já começa a aparecer nas sondagens de possíveis nomes ao Palácio do Planalto. Além de equilibrar o jogo no Estado, uma das preocupações de sua assessoria seria exatamente fortalecê-lo em regiões estratégicas, onde o seu nome ainda é desconhecido.
                                   As circunstâncias políticas e o comportamento da economia em 2013 serão determinantes para a definição do cenário presidencial de 2014. Ele sabe que Dilma precisa cruzar esse rubicão para habilitar-se à reeleição. Tudo indica que será um ano difícil, dada a conjuntura internacional. Alguns aspectos da política econômica adotada pelo Governo estão sendo bastante criticados, inclusive pelo governador de Pernambuco, atingindo Dilma em seus pontos mais vulneráveis, o que já provocou algumas rusgas nessa relação.
                                   Em sua última matéria para o Jornal do Commércio, o jornalista Sérgio Montenegro Filho aborda este assunto. Em certo momento, sobretudo a partir dos comentários de um cientista político, tem-se a impressão de que o nome de Geraldo Julio surgiu no momento em que Eduardo Campos havia perdido a paciência com o PT. Não advogamos essa tese. A estratégia de retirar do PT o comando do Palácio Antonio Farias foi algo bastante planejado, ancorado numa série de variáveis que, no seu conjunto, afirmavam tratar-se de uma ação estratégica, inclusive no sentido de dar suporte, visibilidade e reforçar o nome do governador no cenário nacional.
                                   A estratégia foi tão bem urdida que engoliu o PT no Estado. Em Pernambuco, o partido tornou-se eduardodependente. Agora, por ocasião da decisão sobre se o partido deveria compor a base de sustentação de Geraldo Julio, o senador Humberto Costa, assim como João Batista, ficou pregando no deserto. Para completar o enredo, setores da agremiação alinhavados com o Campo das Princesas, caso de João da Costa, que, ao apagar das luzes do ano de 2012, convocou uma reunião de emergência do CDU e conseguiu aprovar o polêmico projeto Novo Recife, sobre o qual o atual gestor nunca havia assumido uma posição mais firme. Nos bastidores, se descobriu que a principal construtora interessada no projeto havia doado 500 mil reais à campanha do PSB em 2012.
                                    
                                   E, assim, Eduardo Campos segue sua trajetória rumo ao Palácio do Planalto, comendo o mingau quente pelas beiradas. Além de Dilma, que já ocupa aquele espaço, é, entre os possíveis candidatos, aquele que mais se movimenta. Como uma raposa, calcula o momento certo de dar o bote. O futuro dura muito tempo e em 2018 ele pode não encontrar as mesmas oportunidades de 2014, embora ainda seja uma liderança jovem. Sobretudo em política, promessas não podem ser levadas muito a sério. Fossem algumas dessas promessas cumpridas, possivelmente João Braga poderia ter ocupado o Palácio Antonio Farias com o apoio do então prefeito Jarbas Vasconcelos, ou, o hoje vereador, Raul Jungmann, pelo menos, um potencial candidato a prefeito nas últimas eleições, apoiado pelo PSDB. A hipótese de ele apoiar a reeleição de Dilma em 2014 sob a possibilidade de Lula o apoiá-lo em 2018 são apenas especulações. Salvo algumas ressalvas, no nosso entendimento, sua estratégia é correta. Constrói, em torno de si, uma alternativa real de poder, independentemente dos humores de “A” ou “B”. Se será bem-sucedido, é outra história que deveremos tratar nos próximos artigos. Por enquanto, o editor blog sai de férias por alguns dias, para saborear um autêntico bode ao molho de tomate servido num restaurante de comida regional de Jacumã, PB. Até breve.                              

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