Vejo muita gente atuando como incendiário e poucos como bombeiros
nessa crise que se instalou entre os irmãos Ferreira Gomes e o governador de
Pernambuco, Eduardo Campos. Cuidadoso com o verbo, sobretudo nesse momento
crucial de uma possível definição de candidatura – para muitos já dada como certa –
Eduardo se coloca no coletivo das afirmações do cearense, evitando
individualizar o debate. Ele sabe, porém, quem Ciro o alvejou com suas
afirmações. É ele mesmo o alvo. Para apimentar ainda mais a discussão, numa outra declaração mais
recente, Ciro usou dois substantivos antigos, onde alfineta Eduardo: faltam ao governador pernambucano
“projeto” e “estrada”, numa referência direta a Eduardo. Ciro critica, ainda, a atitude
do governador, que se mantém na base governista – com dois ministérios – mas ensaia uma candidatura presidencial. Além da metralhadora giratória de Ciro –
dizem que acionada pelo Planalto – o que tem preocupado os caciques do PSB são
as manobras urdidas pelo casal presidencial com o objetivo de cindir o partido
socialista. Não é de hoje que esse assunto é discutido. Recentemente Dilma
recebeu o governador Cid Gomes e, comenta-se que Lula tem agendado uma conversa
com Ciro Gomes, pretensamente com o objetivo de apoiar suas posições dentro do
PSB, contrárias à candidatura de Eduardo Campos, ampliando ainda mais a cisão entre ambos. Lideranças do partido procuram
minimizar a importância do cisma dos Ferreira Gomes para o PSB. São apenas dois votos na
convenção da agremiação. Em última análise, eles poderiam até serem expulsos ou saírem da
agremiação socialista, conforme já vem se esboçando. Essa oposição interna pode ser apontada como o primeiro
reflexo negativo do lançamento da candidatura do pernambucano à Presidência da
República. A presidente Dilma vem cobrindo de mimos os Ferreira Gomes. Há investimentos federais previstos, já prometeu presença em eventos importantes no Estado. A emenda 595 foi apenas um aperitivo. Beto Albuquerque(PSB-RS), líder do partido, é um dos mais ativos defensores do governador pernambucano. Faz ameças veladas aos que insistem em dividir a agremiação. Mesmo sabendo que seriam voto vencido numa convenção com o objetivo de homologar uma candidatura da legenda, os Ferreira Gomes clamam por mais democracia.A candidatura de Eduardo Campos ainda precisa ser decifrada. Lula andou cogitando em ceder a cabeça de chapa ao PMDB, em São Paulo, em troca de uma renúncia à vice na chapa de Dilma. O convite para ocupar a vaga seria feito a Eduardo Campos. Alguns afirmam que ele teria ficado chateado com a manobra e até decidido a insistir na candidatura. Outros advogam que, se Dilma formalizasse o convite, ele aceitaria na hora. Sua candidatura pode ser um blefe. Uma hipótese pouco provável. A única certeza é que foram criados todos os argumentos para a agudeza da crise entre os Ferreira Gomes e o neto do Dr. Miguel Arraes.
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