pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Chefes de Estado estarão ausentes da abertura das olimpíadas.
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domingo, 24 de julho de 2016

Editorial: Chefes de Estado estarão ausentes da abertura das olimpíadas.





Todos os dias surgem novas informações de hostilidades contra as autoridades públicas de algum modo identificadas com as urdiduras que afastaram a presidente Dilma Rousseff da Presidência da República. Depois das hostilidades sofridas pelo governador Paulo Câmara(PSB-PE) durante a abertura do 26º Festiva de Inverno de Garanhuns, a cantora Elza Soares, que se apresentou durante o festival, puxou um "Fora, Temer" com a galera, quando de sua apresentação, o que significa dizer que a temperatura política está quente por aquelas bandas, apesar do friozinho que faz por ali nessa época do ano. No contexto internacional, a imagem de um Brasil sob um governo interino ilegítimo também vai de mal a pior. 

Em termos da presença de autoridades estrangeiras durante a abertura oficial das olimpíadas, tudo leva a crer que seremos um fiasco. Apenas dois chefes de Estado estão confirmados até o momento: François Hollande, da França, e Peter Cosgrove, da Austrália. Segue-se um pelotão de ministros de esportes, presidentes de comitês olímpicos e coisas do gênero. Há várias explicações para isso. O Brasil enfrenta uma fase de transição política. Dilma Rousseff ainda não foi afastada em definitivo, o que deverá ocorrer - se ocorrer - apenas depois da realização das olimpíadas. O governo interino não goza de "legitimidade" perante a comunidade internacional, posto que chegou ao poder através de um expediente bastante questionável. Afastar um presidente eleito sem que fique configurado o elemento jurídico do crime de responsabilidade - previsto nas melhores democracias - por menos que eles gostem de ouvir isso, é golpe. 

Melhorar essa imagem do Brasil no exterior não será um tarefa muito simples. Não raro, a emenda sai pior do que o soneto. Essa última medida "espetacular" do Ministério da Justiça no que concerne à prisão de perigosos terroristas do Estado Islâmico que estariam planejando ataques no Brasil, é um bom exemplo do que estamos falando. O que ficou disso tudo? as autoridades batendo cabeça - ministro da Justiça, o juiz que decretou a prisão e o ministro da Defesa -; o entendimento de que houve um certo exagero - um dos "terroristas" era criador de galinhas -; no final, talvez um lance de marketing institucional mal-sucedido ou a "justificativa" para medidas de endurecimento do regime. Em ambos os casos, uma "jogada". 

Li que o senhor Michel Temer escreveu um longo artigo na edição francesa do Le Monde. Nenhum problema por aqui, não fosse por dois motivos. Ele se refere às conquistas sociais obtidas pelo país nos últimos anos, além de termos atingido o estágio de uma democracia consolidada. Como bem observou o jornalista Paulo Henrique Amorim, ele pega uma espécie de "carona" ou "surfa na onda" do êxito das políticas de inclusão social que foi a "marca" do governo que ele conspirou para depor. Depois, pelos últimos acontecimentos políticos do país, não nos parece assim que ele seja um ator político dos mais confiáveis para falar de consolidação democrática no Brasil. Infelizmente, o país deverá interromper um ciclo virtuoso no combate às desigualdades sociais.

Democracia, sobretudo nesses tempos bicudos de Estado de Exceção Permanente, é uma grande utopia. Quem poderia imaginar o que o correu no Brasil ou na Turquia há alguns anos atrás. Sempre faço referência ao filósofo Gabriel Cohn: dormimos um sono político profundo e acordamos sob um pesadelo. Aqui no Brasil o golpe institucional atingiu a espinha dorsal das instituições que, constitucionalmente, teriam a obrigação de proteger a democracia. Agora serão necessárias muitas noites em claro para reverter este quadro de instabilidade política.   






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