Nos últimos dias, foi intensa a movimentação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT) aqui na província. Diríamos mesmo que foram movimentações de quem é candidato às eleições presidenciais de 2018. Aqui pelo blog, no dia de ontem, fizemos alguns comentários a esse respeito, apontando as dificuldades de o PT viabilizar uma candidatura competitiva ao pleito presidencial de 2018, mesmo que este nome seja de Luiz Inácio Lula da Silva, que já exerceu a presidência da República por dois mandatos, possuindo um recall nada desprezível. Essa confissão deixa os petistas em polvorosa, mas é preciso que seja dita.
A retomada do poder pelo campo progressista não é uma missão impossível, mas se apresenta, hoje, com algumas dificuldades inerentes. Quando entrevistado pelo Programa Roda Vida, da TV Cultura, de São Paulo, o cientista político Antonio Lavareda jogou uma ducha de água fria na pesquisa da CNI que dava uma ligeira dianteira de Lula sobre candidatos como Marina Silva(Rede) e Aécio Neves(PSDB). Dizem que Lavareda nutre uma certa simpatia pelos tucanos, mas seus argumentos foram bastante consistente ao tratar desta questão, até mesmo se remetendo a exemplos.
O PT descolou-se dos movimentos sociais, burocratizou-se, oligarquizou-se, assumiu, em parte, um perfil de partido de "quadros", aliou-se às forças retrógradas e conservadoras da política nacional, chegou ao poder e depois foi traído por essas mesmas forças. Qual o caminho a trilhar agora para a retomada do poder? Talvez não estejamos aqui diante de uma equação política muito simples. Não será surpresa se o PT enfrentá um longo período de "hibernação política" que, em última análise, poderá até lhe fazer muito bem.
Em todo caso, como a política muda como as nuvens e o governo interino enfrenta grandes adversidades neste momento inicial, melhor semear a semente para 2018. Em seu périplo por Pernambuco, Lula foi a Petrolina, Caruaru, Carpina e o Recife. Em Petrolina, fechou acordos envolvendo a candidatura do petista Odacy Amorim e, no Recife, deu aval à aliança entre o seu partido e o PTB do senador Armando Monteiro. Pelo acordo, João Paulo(PT) continuaria como cabeça de chapa e a vice caberia ao Deputado Estadual Sílvio Costa Filho, do PRB.
A aproximação entre as duas candidaturas era evidente, com a possibilidade, até mesmo, de o PT apoiar o filho do deputado Federal Sílvio Costa, um nome que tem muito crédito político na agremiação, em razão da defesa que fez da presidente afastada Dilma Rousseff, durante o processo de votação do impeachment. Mas esta era uma equação mais simples de resolver, posto que o cacique do grupo, Armando Monteiro(PTB) deve disputar o Governo do Estado nas eleições de 2018 e contará com o concurso do PT. Pesou igualmente, segundo alguns observadores, uma análise sobre as perspectiva do que poderá ocorrer na votação do Senado Federal, selando de vez o destino da presidente Dilma Rousseff.
Num primeiro teste, quando apresentado à militância petista, o deputado Sílvio Costa Filho foi bastante aplaudido. Não teria sido vítima, ainda, clivagem de idoneidade ideológica, no passado tão cobrada pelos militantes. Sílvio Costa Filho vinha atuando como um parlamentar rigorosamente de oposição ao PSB no Estado. Em razão das contingências - é Deputado Estadual - atirava mais na gestão de Paulo Câmara, mas atingia, por tabela, o prefeito Geraldo Júlio. Nos últimos meses, sua atuação contundente abriu diversas frentes de arestas com o Governo Estadual. Agia como quem, de fato, desejava encabeçar uma chapa para disputar o Palácio Antonio Farias.
Mas a vice também lhe cai bem, sobretudo se considerarmos as "entrelinhas" desse acordo, na eventualidade de uma vitória de João Paulo. Na última pesquisa de intenção de voto para a Prefeitura da Cidade do Recife, realizada pelo IPESPE, a pedido do jornal Folha de Pernambuco, o candidato do PT aparece praticamente empatado com Geraldo Júlio, do PSB, o que parece ter injetado um sangue novo às hostes petistas no Estado. Mas, se por um lado o projeto de reeleição de Geraldo Júlio enfrenta algumas "turbulências", é preciso deixar claro o desgaste de imagem que enfrenta o PT neste momento, vítima maior da investida da cruzada "anti-corrupção" - que embalou a conspiração de golpe parlamentar - que o atingiu muito mais do que qualquer outra agremiação.
As manifestações populares que pedem o "Fora Temer" por outro lado, não necessariamente, mantém vínculos orgânicos com o PT.Esse movimento, como disse aqui em editorial, está preocupado, isto sim, com a normalidade da democracia no país e a ameaça que este governo interino possa representar para a sua estabilidade.Trata-se de uma rejeição "não petista" ao governo interino do senhor Michel Temer. Se, mesmo diante das dificuldades, o PT conseguir integrar essa "onda democrática", que envolve uma juventude aguerrida e bastante consciente politicamente, talvez possamos estar diante de um cenário de contra-hegemonia anti-golpe muito importante para o país.
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