pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO: Editorial: Deputado pede anulação da votação contra Cunha no Conselho de Ética.
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quarta-feira, 6 de julho de 2016

Editorial: Deputado pede anulação da votação contra Cunha no Conselho de Ética.








O Brasil tem umas coisas engraçadas e trágicas ao mesmo tempo. Os chargistas, possivelmente, são os profissionais que melhor traduzem essa nossa realidade, através dos seus traços. Já publicamos por aqui algumas charges fantásticas sobre os conselhos e comissões de ética formados no Brasil, não raro, constituídos por atores pinçados de um universo naturalmente comprometido, com um currículo mais sujo do que pau de galinheiro. Depois, em função das contingências, exige-se o improvável desses atores: que eles ajam consoante princípios éticos, movidos pela isenção de julgamento e pautados pelo espírito público. Que nos perdoem os leitores, mas estamos aqui diante de uma missão impossível. 

No dia de hoje, havíamos programado tratar da accountability de um determinado partido que governa o Estado de Pernambuco e que já estamos enojados de acompanhar, quase que diariamente, denúncias de malversação de recursos públicos por parte dos seus membros. É algo que impressiona a engrenagem montada por essa agremiação política com o propósito de gerir o bem público com objetivos de auferir vantagens pessoais para os seus membros. A imoralidade salta aos olhos. Como é que um gestor público pode ser sócio de uma empresa que tem negócios com a máquina pública? Como é possível que os órgãos de fiscalização permitam uma excrescência dessas? Outros tantos, através de emendas parlamentares, realizam shows particulares em suas fazendas com recursos da EMPETUR? Vejam o estágio a que chegamos aqui na província. Não faltarão oportunidade de voltarmos a tratar deste assunto.

Por enquanto, vocês foram salvos pelo Eduardo Cunha. Agradeçam a ele. Por falar em salvação, parece ser esta a missão dos companheiros do deputado na Câmara Federal ou, mais precisamente, a dos seus operadores no Conselho de Ética daquela Casa. Desta vez a manobra é no sentido de anular a votação que pede o afastamento do Deputado Federal Eduardo Cunha(PMDB), sob o argumento de que o ilustre parlamentar teria sido "traído" por aliados. É um dos argumentos mais estapafúrdios que já ouvi. Demonstra um absoluto desprezo pelas "regras do jogo", o que não seria surpresa quando se trata dessa trupe que o acompanha. Já se disse aqui que o Eduardo Cunha já teria cumprido o seu papel nessa engrenagem do golpe institucional estando, portanto, na condição de "descarte".

O problema é como descartá-lo, posto que se trata de um ator com informações privilegiadíssimas sobre toda a engrenagem e os atores envolvidos. O medo ao cara é tanto que até as portas do Palácio Jaburu foram abertas para recebê-lo secretamente, altas horas da noite. Logo em seguida, manobras na Câmara dos Deputados deram a entender que o establishment ainda tentaria salvar seu pescoço, temendo por sua reação quando se encontrasse abandonado. Volto a fazer uma pergunta que já fiz aqui pelo blog: não sei como eles vão se "ajeitar" com o Deputado Eduardo Cunha. Trata-se um ator político com um padrão de rejeição popular tão acentuado que não interessa nem aos golpistas, mas sabe muito e pode criar vários problemas para o núcleo duro da engrenagem. 

Há uma forte reação dos parlamentares em não aceitar mais essa manobra perpetrada com o propósito de protelar, mais uma vez, o afastamento do senhor Eduardo Cunha do parlamento. Vamos torcer que, nesta correlação de forças, os parlamentares que se opõem às manobras possam reverter mais este ardil. 
  

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