Outro dia, em razão da produção de um texto, pesquisamos aqui pela internet algum instrumento de tortura de escravos que se iniciasse com a letra "B". Quem nos instigou foram os comentários do sociólogo Sérgio Pinheiro(USP), acerca da bancada dos bancos, da Bíblia, da bala, dos bois, da bola que estiveram dando suporte às urdiduras golpistas que afastaram temporariamente a presidente Dilma Rousseff da Presidência da República. Logo depois descobriríamos, através de um longo texto, publicado no portal Carta Maior, sobre uma tal bancada de "escravocratas", ou seja, parlamentares que mantinham, em suas propriedades, trabalhadores em condições de trabalho sub-humanas e que lutavam pelo afrouxamento da legislação que trata do assunto no Legislativo Federal. Encontramos um instrumento bastante utilizado na idade média, a berlinda, ou seja, o "B" que faltava para identificá-los. Esses parlamentares também estiveram dando apoio ao golpe institucional.
Feita essa digressão, reservo o editorial de hoje a uma espécie de "cobrança do butim" ou os benefícios auferidos por aqueles que estiveram diretamente envolvidos nesse conjunto de forças sociais e políticas que engendraram a derrubada temporária da presidente Dilma Rousseff. O cientista político Michel Zaidan, em artigo publicado aqui no blog, também comenta o assunto, enfatizando a voracidade com que esses senhores estão desmontando as políticas sociais no país.Um dos grupos sociais mais relevantes entre esses aproveitadores de ocasião é representado pela bancada da Bíblia, um conjunto de pastores e parlamentares que deram apoio integral às urdiduras inconstitucionais ora em curso.
A lista é extensa, mas, emblematicamente, citaria aqui o nome do pastor R.R.Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, que, logo após José Serra assumir o Ministério das Relações Exteriores, concedeu para ele um passaporte diplomático. Antes, já havia concedido um outro passaporte diplomático para o também pastor da Igreja Assembleia de Deus, Samuel Ferreira e sua esposa, Keila. Samuel Ferreira é investigado sob suspeita de lavar dinheiro de propina para Eduardo Cunha.
A lista é extensa, mas, emblematicamente, citaria aqui o nome do pastor R.R.Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, que, logo após José Serra assumir o Ministério das Relações Exteriores, concedeu para ele um passaporte diplomático. Antes, já havia concedido um outro passaporte diplomático para o também pastor da Igreja Assembleia de Deus, Samuel Ferreira e sua esposa, Keila. Samuel Ferreira é investigado sob suspeita de lavar dinheiro de propina para Eduardo Cunha.
O mais curioso disso tudo são as justificativas apresentadas pelo Itamarati - leia-se José Serra - para a concessão desses passaportes diplomáticos, onde se observa uma inconcebível confusão entre Estado e religião. Reproduzo aqui o despacho do juiz que analisou a ação: " Na ordem constitucional vigente, o Estado é laico, há separação plena entre Estado e Igreja, de forma que é efetivamente incompatível com a Constituição que líder religioso nesta condição e no interesse de sua instituição religiosa, seja representante dos interesses estatais brasileiros no exterior".
A gestão de José Serra no Itamarati tem sido bastante criticada, muito embora essas críticas sejam inócuos se ele se propuser - como se propôs - a dar aquela guinada prevista no rumo das nossas políticas exteriores consoante a nova nucleação de poder formada pelos operadores do golpe institucional que contou, inclusive, com apoio de setores da "banca internacional". Mais um "b". Há queixas pontuais, como seus hábitos de vampiro, que atrapalham bastante o fluxo de trabalho naquela pasta, notadamente em função dos fusos horários. Ele também é criticado por ter apresentado absoluta falta de conhecimento sobre assuntos básicos das relações internacionais, pagando micos em encontros no exterior. Mas, como disse, isso pouco importa para o Jaburu, se ele fizer o serviço que se espera daquela pasta. E olha que ele vem se esforçando.
Uma outra consideração diz respeito aos projetos políticos de José Serra(PSDB). Será que ele ainda deseja ser presidente da República? Há quem jure que sim, que, no caso dele, trata-se de uma ideia fixa. E, como diria Machado e Assis, Deus te livre de uma ideia fixa, caro leitor. Alguns analistas sugerem que ele estaria preparando o mesmo caminho trilhado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ou seja, depois do Itamarati, quem sabe um cargo na área econômica e, de volta, o olho no Palácio do Planalto, o que poderia ser sua última cartada, em razão da idade já avançada. Se está tudo muito turno neste universo político, ao menos esta decisão judicial pode inibir novas concessões descabidas desses passaportes diplomáticos.
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