Faz algum tempo, sem parar, publicamos um editorial por dia aqui pelo blog. É sempre uma decisão difícil escolher um tema a cada dia, mesmo diante de tantas possibilidades. Por vezes, já num processo bastante adiantada, desistimos de publicar algum texto, contingenciado pelos fatores mais diversos. Acabamos de "desistir" de mais um texto sobre o Ministério da Educação que, no ritmo em que se encontra, deve ser "privatizado" até o final dessa interinidade, que esperamos que seja breve. Mais um dono de faculdade privada foi nomeado para compor o CNE - Conselho Nacional de Educação - reproduzindo uma tendência naquele órgão.
Ainda em razão do governo interino e ilegítimo, não poderia deixar de compartilhar com vocês uma reflexão do professor titular da Universidade do Rio Grande do Norte, Durval Muniz, sobre as perspectivas sombrias que nos aguardam neste interinidade: Um país sem educação, sem petróleo, sem bolsa de estudos, sem SUS, com 80 horas semanais de trabalho, com aposentadoria aos 75 anos, um país capacho das vontades americanas, um país governado por uma quadrilha corrupta, reacionária e hipócrita, servindo de bandeja a um empresariado e a uma elites que ainda sentem saudades da escravidão.Claro que algo precisa ser feito para que essas previsões do professor Durval Muniz não se materializam.
Uma outra questão que suscita nossos comentários no dia de hoje é o possível apoio do PT à candidatura do Deputado Federal pelo Rio de Janeiro, Rodrigo Maia (DEM) para a Presidência da Câmara dos Deputados. As negociações contariam com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Do ponto de vista ideológico e programático, há quem veja nisso uma grande contradição, uma vez que o Deputado e o seu partido, o DEM, além de adversário histórico do petismo, formaram um dos núcleos mais entusiasmado pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. É isso mesmo, sob este aspecto, não há aqui qualquer reparo. Há, aqui, uma contradição clara.
O que está em jogo, porém, é uma análise sobre a correlação de forças. E, nesta correlação de forças impostas pela realpolitik, com toda a desgraça, melhor seria um Rodrigo Maia(DEM), do que permitir que o senhor Eduardo Cunha(PMDB) continue ditando os rumos daquela Casa, como uma espécie de eminência parda, mesmo afastado, que é o que parece que ele pretende. O Centrão, que orbita em torno de uma candidatura que conta com o aval dele, deve somar algo em torno de 270 parlamentares, que foram decisivos no processo de impeachment que afastou temporariamente a presidente Dilma Rousseff da Presidência da República.
Numa conjuntura como esta, mesmo que a posição de Lula possa ser questionada sob alguns aspectos, por outro lado, não restam alternativas às forças políticas que ainda resistem às urdiduras de caráter golpistas, às quais o senhor Eduardo Cunha(PMDB) sempre esteve ligado. Sua renúncia da presidência daquela Casa, num ato recente, não passou de um dramalhão muito bem ensaiado pelos atores políticos que ainda tentam protegê-lo, conforme afirmamos ontem aqui pelo blog.
A charge que ilustra este editorial é do chargista e músico Renato Aroeira.
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