Sinceramente? eu até que gostaria de estar presente nesse jantar oferecido pela senadora Kátia Abreu(PMDB-TO) aos morubixabas do PMDB. Não pelas companhias convidados pela senadora - pelo simples fato de que escolho meus amigos pelos princípios - mas em razão do cardápio oferecido: fritada de aratu, um crustáceo de cor avermelhada, cuja carne é saborosíssima. Sua captura envolve uns rituais curiosíssimos, ensinados a este editor por José do Nascimento, o Homem Caranguejo, em nossas andanças com o alunado pelos manguezais de São Lourenço, aqui em Goiana, Pernambuco. Saudades daqueles tempos, Jipe! As tardes na colonia de pescadores de Ponta de Pedras, saboreando aquela tradicional linguiça de peixe com os pescadores; os caldinhos de sururus e patolas de azulões - hoje proibidas - com aquelas cervejas geladas, na palhoça de Dona Irene; o dedo de prosa com a professora Carminha e Serginho da Burra. Vai, Serginho! Sem querer fui me lembrar daquelas tardes, como diria o Tavito.
Voltando à realidade política nacional, faça-se o registro que a cúpula do PMDB se reuniu para tratar da relação um tanto quanto complicada com o Governo Michel Temer. Complicadíssima, diríamos, uma vez que o senador Renan Calheiros se refere ao líder do Governo no Congresso, André Moura(PSC-SE) como homicida, numa referência a uma acusação de homicídio que pesa contra ele. A rebeldia dos caciques do PMDB é emblemática, conforme enfatizamos, ontem, em editorial, por se tratar da adoção de medidas - como a Reforma da Previdência, por exemplo - que não se coadunam com uma agenda democrática. Como bem definiu o sociólogo Sérgio Pinheiro(USP), assim que este governo tomou posse como interino, a sua agenda é absolutamente incompatível com o pleno funcionamento de um regime democrático, onde os candidatos teriam que disputar o voto dos eleitores, em palanques, numa espécie de prestação de contas. Trata-se de uma agenda inegociável com o eleitorado. Os morubixabas peemedebistas que precisam continuar na vida pública, disputando o voto do eleitorado, se deram conta da necessidade de tirar o pé do acelerador dessa agenda neoliberal - pelo menos por enquanto - para preservarem os seus mandatos, garantindo o foro privilegiado. Nenhum deles deseja ser ouvido diretamente pelo juiz Sérgio Moro, arrolado que a maioria está, no curso das investigações da Operação Lava Jato. Renan, por exemplo, responde a 12 inquéritos, 09 dos quais relacionados à Lava Jato.
O senador Renan Calheiros chegou insinuar que o presidente Michel Temer não tem saída. A saída seria a proposta de uma Reforma da Previdência, assim, não tão radical, com um ônus menos pesado a ser pago pelos parlamentares nas eleições de outubro de 2018. Renan, então, encrencado até a medula em inquéritos da Lava Jato, tentará a reeleição ao Senado Federal e pretende manter o poder no seu Estado natal, com a reeleição de Renan Filho(PMDB), ao Governo do Estado de Alagoas. Como bem observou o jornalista Josias de Souza em seu blog, em outras ocasiões, esses caciques se reuniam no Palácio Jaburu, possivelmente com a presença de Michel Temer, para tratarem da inabilidade política da ex-presidente Dilma Rousseff. O que dizer de Temer, tido como um grande articulador político, hoje às voltas com um grande embaraço a ser equacionado com a sua base de sustentação parlamentar?
Analisar o nosso sistema político nos dá um mal-estar danado. Não se enxerga aquela luz no fim do túnel ou mesmo uma saída a curto prazo. Diante da crise do Governo Dilma, a solução encontrada por esses senhores, representantes ilustres do nosso poder Legislativo, não foi a construção de uma agenda, um consenso que garantisse a governabilidade e a saúde de nossas instituições democráticas, já tão fragilizadas. Ao contrário, aproveitaram-se de sua vulnerabilidade para golpeá-la, afastando-a da Presidência da República. Hoje o país está metido em impasses gigantescos, mergulhado numa recessão e com padrões de desemprego estratosférico, com as finanças públicas em frangalhos em todos os níveis, seja no plano federal, no plano estadual e municipal. o Estado do Rio de Janeiro não tem dinheiro nem para manter as viaturas da polícia nas ruas, em suas rondas regulares, o que vem contribuindo para um aumento assustador dos índices de violência. Quando falávamos que essas marchas da insensatez iriam jogar o país nesse atoleiro, ninguém nos dava ouvido.
P.S.: Serginho da Burra é um colega que sempre nos acompanha em nossas incursões na cidade de Goiana, aqui em Pernambuco, quando levamos os alunos para conhecerem a comunidade remanescente de quilombos, no distrito de São Lourenço. José do Nascimento, o seu Jipe, de fato, ficaria conhecido nacionalmente como o "Homem Caranguejo", depois de uma longa matéria publicada numa revista de circulação nacional, por ocasião do relançamento das principais obras do sociólogo Josué de Castro, no primeiro Governo Lula. Perdão por não lembrar o nome de Serginho da Burra no momento, mas até ele mesmo já se esqueceu do sobrenome, conforme confidenciou em seu perfil da rede Facebook. Serginho é uma espécie de "Embaixador" cultural da cidade e a referência "da Burra" diz respeito a uma burrinha que sempre o acompanha nos festejos da cidade.
P.S.: Serginho da Burra é um colega que sempre nos acompanha em nossas incursões na cidade de Goiana, aqui em Pernambuco, quando levamos os alunos para conhecerem a comunidade remanescente de quilombos, no distrito de São Lourenço. José do Nascimento, o seu Jipe, de fato, ficaria conhecido nacionalmente como o "Homem Caranguejo", depois de uma longa matéria publicada numa revista de circulação nacional, por ocasião do relançamento das principais obras do sociólogo Josué de Castro, no primeiro Governo Lula. Perdão por não lembrar o nome de Serginho da Burra no momento, mas até ele mesmo já se esqueceu do sobrenome, conforme confidenciou em seu perfil da rede Facebook. Serginho é uma espécie de "Embaixador" cultural da cidade e a referência "da Burra" diz respeito a uma burrinha que sempre o acompanha nos festejos da cidade.
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