pub-5238575981085443 CONTEXTO POLÍTICO. : O xadrez politico da eleição para o Governo do Estado de Pernambuco, em 2018: 74% dos pernambucanos rejeitam Paulo Câmara, de acordo com o IPMN.
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sábado, 1 de abril de 2017

O xadrez politico da eleição para o Governo do Estado de Pernambuco, em 2018: 74% dos pernambucanos rejeitam Paulo Câmara, de acordo com o IPMN.



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José Luiz Gomes 
Cientista Político

Recentemente, foi divulgada nas redes sociais uma suposta reunião entre os socialistas locais, onde todos estavam bastante sorridentes, experimentando uma deliciosa caninha. Nada contra as caninhas, nada contra as festas, nada contra a vida social das pessoas, que são livres para viverem-na assim como o desejarem. Embora não seja um apreciador, a cachaça é uma bebida tipicamente brasileira, nascida nas senzalas, com os negros do eito. Logo se tornaria uma das bebidas mas apreciadas, contribuindo, inclusive, para o prolongamento do comércio de escravos trazidos do continente africano. Eles eram trocados pela bebida. Contraditoriamente, porém, as principais insurreições libertárias do país foram blindadas com a cachaça, como a Inconfidência Mineira e a Revolução Republicana de 1817, que completou 200 anos. Não se sabe muito bem o que comemoravam os socialistas tupiniquins, fazendo-se a ressalva de que na foto aparece alguns nomes conhecidos, mas alguns outros estão ausentes.

Já havia prometido que não abordaria mais esses assuntos por aqui, pela simples razão da ausência, aqui na província, de uma agenda mais consequente de debates. Outro dia, por exemplo, se perdeu um tempo enorme sobre a paternidade do Pacto pela Vida. As observações críticas são encaradas como forma de desancar ou desmerecer o trabalho deste ou daquele agente público, que, por sua vez, se defende atacando seus opositores, numa luta infindável, onde os problemas permanecem. Apesar do freio de arrumação realizado na cúpula de segurança pública do Estado, os altos índices de violência continuam assustando a sociedade pernambucana, num crescente sem paralelo, desde que o PPV foi criado, nos idos de 2007, quando o ex-governador Eduardo Campos iniciou o seu primeiro mandato. O PPV foi um projeto coletivo, do qual o sociólogo José Luiz Ratton foi uma espécie de sistematizador dos inúmeros seminários realizados para a sua materialização. 

Com segurança pública não se brinca. Todos somos vítimas em potencial, embora sempre existam aqueles extratos sociais mais vulneráveis que outros. O que ocorreu com o pedreiro Amarildo, na UPP da Rocinha, dificilmente ocorreria com um cidadão branco, de formação superior, de classe média-alta,bem-empregado, residente num bairro como Boa Viagem, aqui no Recife, por exemplo. Em todo caso, em maior ou menor proporção, todos temos o nosso grau de vulnerabilidade. Como afirmo sempre, nossa torcida aqui é que os entes públicos e privados possam juntos encontrar as saídas mais adequadas para o problema. Outro dia, a prefeita eleita de Caruaru, Raquel Lyra, convidou o chefe da Polícia Civil, delegado Joselito Kherle, para uma conversa em seu gabinete. Caruaru, como se sabe, em pouco tempo, tornou-se uma das cidades mais violentas do Estado, registrando, hoje, uma média de um assassinato por dia. São várias as razões apontadas para esse incremento da violência na capital do agreste, uma delas diz respeito ao tráfico de drogas que traz no seu bojo, como consequência natural, o aumento dos índices de violência. Como uma das maiores cidades do Estado, Caruaru vive o drama de cidades grandes, como rebeliões e mortes em suas unidades prisionais e coisas do gênero. 

Até bem pouco tempo, toda uma família foi dizimada naquela cidade, num crime de latrocínio. O pai, a mãe e uma jovem morreram na hora e um rapaz encontra-se internado num hospital do Recife. A polícia parece ter chegado aos suspeitos de praticarem este crime. Ontem, circulando pelas redes sociais, porém, me deparei com alguns dados preocupantes, como a ocorrência de 67 assassinatos apenas neste último final de semana. Nos 87 dias deste ano, nada menos do que 1.404 pessoas foram vítimas de crimes violentos, os chamados CVLI, o principal indicador de violência aferido pelas estatísticas do PPV. Creio que isso já era previsto, uma vez que os bons resultados no quesito segurança pública não são colhidos do dia para a noite. Devo ter escrito um dos primeiros artigos sobre os primeiros bons resultados no combate à violência, obtidos pelo PPV. O artigo foi publicado no site de uma instituição federal de pesquisa com sede no Estado. Chamava a atenção para os "urubus voando de costas", numa referência àqueles que não acreditavam no êxito daquela política de segurança pública. Portanto, sinto-me à vontade de também criticá-lo.  

É preciso observar, no entanto, qual foi o prazo que o governo se deu para que essa curva ascendente de violência possa apresentar uma redução, independentemente dos fatores estruturais que possam estar contribuindo para elevar esses índices, como essa grave crise recessiva e este momento de instabilidade política que o país atravessa.Pontualmente, há algumas coisas que podem ser feitas para atenuar esse caos em que o Estado de Pernambuco se encontra. O caso de Itambé, governador, é um bom exemplo disso. Havia um protesto legítimo da população contra os altos índices de violência naquela cidade. Num único dia, segundo fui informado, foram registrados 16 assaltos. Na fronteira desses dois Estados, como é do conhecimento de todos, existem grupos estruturados de crimes de extermínio. 

O advogado Luiz Mattos foi assassinado por denunciar os crimes cometidos por esses grupos. À época, uma revista de circulação nacional realizou uma matéria na cidade e descobriu que uma vida podia ser "encomendada" por apenas R$ 50,00. Isso mesmo! cinquenta reais. Um dos jovens que participavam das mobilizações foi atingido por uma bala de borracha e se encontra internado num hospital de Paulista, em estado grave. Por muito pouco não morreu, porque a bala teria atingido a sua veia femural. Seu estado de saúde, que já esteve melhor, voltou a piorar mais recentemente. O que é mais grave é que está sendo denunciado que nem um boletim de ocorrência a família do garoto consegue fazer, numa absoluta prática que beira ao corporativismo policial. Eis aqui um bom exemplo daquilo que "pode ser feito". 

A pesquisa recente do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau apontando uma taxa de rejeição de 74% do governador Paulo Câmara(PSB), divulgada no dia de hoje, 01 de abril, por uma blog local, nos permitem várias observações. A primeira delas aponta o governador Paulo Câmara como o governador mais rejeitado de Pernambuco. Paulo Câmara quebrou todos os recordes de rejeição. Segurança pública, como já prevíamos, é um dos seus principais problemas, aliado ao desemprego, variável sobre a qual o seu controle é relativo. Apesar da enorme rejeição do governador, não surge no horizonte oposicionista um ator político que ocupe esse vácuo de liderança, tendo sido observado uma liderança "capenga" entre a oposição, como observou o responsável pela pesquisa. 

Sempre tive muito respeito pelas pesquisas de opinião ou intenções de voto, realizadas consoantes os mais rígidos critérios científicos. Naturalmente que há equívocos, distorções e erros cometidos por esses institutos. Alguns podem ser atribuídos às chamadas margem de erros, previsíveis e, em alguns casos, intenções políticas de favorecer este ou aquele candidato, num claro procedimento que depõe contra esses institutos, mas que todos sabem que podem ocorrer. No entanto, a tentativa da nota do presidente do Partido Socialista Brasileiro, Sileno Guedes, no sentido de "desacreditar" a pesquisa do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau, chega a ser estapafúrdia, por entendermos que este instituto não teria o menor interesse de prejudicar o establichment que ora ocupa o poder político no Estado, se é que vocês nos entendem. Por outro lado, como demonstrou o próprio IPMN, não foram poucas as ocasiões em que eles apontaram vitórias dos socialistas aqui na província. 

O governador Paulo Câmara é o resultado de um "acaso político". Ele surgiu na esteira do projeto presidencial do ex-governador Eduardo Campos. Foi o técnico escolhido por Eduardo Campos para cuidar do seu reduto político enquanto ele alçava voo para a capital federal. O ex-governador não confiava nas raposas políticas que o acompanhavam. Às vezes, os acasos políticos podem dar certo. Em outros casos, como neste, não deu. Falta a ele a habilidade política, a capacidade de liderança, a tesão ou empoderamento pelo execício do cargo. Apesar de termos que percorrer um longo percurso até as eleições de Outubro de 2018, vejo que há uma tendência maior de as oposições consolidaram uma liderança competitiva - já que os índices de Armando Monteiro e Mendonça Filho são baixos - do que propriamente o governador Paulo Câmara vir a superar esse quadro, que hoje se apresenta bastante desfavorável. Não apenas pelos dados apresentados pelo Instituto Maurício de Nassau, mas pelo pulso das ruas, que não suporta conviver com episódios como o que ocorreu em Itambé; com a morte de 67 pessoas em um único final de semana; tampouco com o registro de 1404 mortes em apenas 87 dias; altos índices de assaltos a coletivos; obras paralisadas; promessas de campanha não cumpridas; uma legião de servidores insatisfeitos. 

Esses dados podem animar bastante as pretensões de candidaturas na situação e na oposição. É natural que assim o seja, sobretudo se entendermos que nada está assim tão consolidado. Creio que nem mesmo o projeto de reeleição do governador Paulo Câmara. Se, por um lado, Paulo não aparece bem avaliado, por outro lado os nomes que se apresentam na oposição ainda não conseguiram empolgar o eleitorado. Embora ainda esteja muito distante das eleições de 2018, é um fato que os índices oposicionistas ainda são anêmicos. É bom que alguém tenha atiçado o meio de campo politico do Estado. Nós, por exemplo, apenas pretendíamos iniciar esta série de artigos sobre a conjuntura política local apenas em 2018, com o quadro político mais consolidado. 

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